A Petit Bateau, marca francesa de roupas infantis, elegeu o Brasil como prioridade em seus projetos de expansão internacional. A empresa negocia com um fabricante brasileiro do setor têxtil, que também possui uma grande rede de lojas, a criação de uma joint-venture no país. O "pequeno barco" (tradução literal de Petit Bateau) está de vento em popa rumo ao Brasil, com o objetivo de abrir entre 20 e 25 lojas no prazo de dois a três anos, afirma o diretor-geral da grife fundada há 120 anos, Patrick Pergament.
"O Brasil é claramente um país onde queremos desenvolver nossas atividades", diz ele, que prefere não revelar o nome do eventual novo parceiro envolvido nas negociações. Pergament deverá chegar ao Brasil em março para avançar nas discussões, que ele espera concluir no prazo de três meses.
Atualmente, há apenas uma loja da Petit Bateau no mercado brasileiro, uma franquia em São Paulo. Ela registra um dos melhores resultados de vendas entre as 30 franquias da marca no mundo. A Petit Bateau tem sobretudo lojas próprias: são 418, a maioria na Europa. A França e a Itália são os maiores mercados da marca, seguidas pelo Japão.
Segundo o executivo, as futuras lojas no Brasil serão um "mix de butiques próprias e franquias". A fabricação de peças no país também está sendo estudada. Hoje, 45% das vendas da empresa, de cerca de € 300 milhões, são feitas no exterior. O objetivo é que as exportações representem 60% do faturamento até 2015. A Rússia e a China também estão no radar da Petit Bateau, em uma segunda etapa.
A marca "premium com várias faixas de preços" - que se diz líder na França em vestuário para bebê e moda íntima para crianças - passou por uma transformação nos últimos dois anos e meio, prazo que coincide com a chegada de Pergament ao comando da empresa. Ex-presidente na França da grife italiana de luxo Prada, ele reformulou a direção de estilo da Petit Bateau, injetou criatividade, sofisticação e cores aos modelos reputados sobretudo por seu aspecto prático, criando coleções com um visual mais de moda.
Além de uma linha mais elegante de roupas e acessórios para récem-nascidos (normalmente oferecidos como presentes), que passou a atrair a clientela de grifes de luxo como Baby Dior e Bonpoint, as coleções de roupas infantis foram ampliadas e ganharam vestidos, camisas e casacos. "Antes a Petit Bateau era conhecida apenas por suas camisetas e artigos de moda íntima infantil", diz Pergament, acrescentando que a imagem da marca hoje não se limita apenas a essas peças básicas.
A Petit Bateau também passou a fazer parcerias com costureiros e personalidades do mundo da moda - como os estilistas da Maison Kitsuné - para criar coleções em edição limitada que integram os consumidores mirins e o público adulto feminino e masculino, na faixa dos 18 a 35 anos, com vestidos, camisas polos e casacos.
Com o "sportswear chique" inspirado nos produtos básicos infantis, a ideia é atrair os consumidores de marcas como a Lacoste Live!, voltada para os jovens. Apesar de visar agora uma clientela mais ampla, Pergament ressalta que a Petit Bateau é "uma marca infantil que não será nunca uma grife de moda para adultos".
As vendas de roupas para adultos representam entre 20% e 30% do faturamento e são vendidas nas lojas da grife e em multimarcas. São sobretudo camisetas, que já haviam conquistado fama internacional entre as mulheres desde meados dos anos 90, quando o costureiro Karl Lagerfeld fez a ex-top Claudia Schiffer desfilar com uma camiseta da Petit Bateau e um tailleur da grife Chanel.
Quando foi criada, em 1893, a Petit Bateau era especializada em moda íntima e fabricava também um tipo de camiseta para usar por baixo da roupa. A empresa, inclusive, reivindica a invenção das calcinhas. A primeira mudança que fez foi utilizar algodão em vez da lã, considerada menos higiênica para a confecção dessas peças. A segunda foi cortar as pernas das ceroulas usadas até o fim do século XIX, criando a primeira versão dessa peça de lingerie.
Com as mudanças recentes nas coleções, a Petit Bateau - que foi comprada em 1988 pelo grupo cosmético Yves Rocher - vem conseguindo aumentar as vendas, apesar do declínio constante do setor de vestuário na França em razão da crise. No ano passado, as vendas da marca na França (que representa mais da metade do seu faturamento) cresceram 7%, enquanto o mercado caiu 2,1%.
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