Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A holding que controla grifes como Ellus, Richards e VR é colocada à venda por R$ 1,5 bilhão. O negócio poderia acelerar sua expansão e rejuvenescer suas marcas

Pioneiro: Alvarenga Filho, criador da Ellus e sócio da Inbrands, busca rejuvenescer as marcas do portfólio
Pioneiro: Alvarenga Filho, criador da Ellus e sócio da Inbrands, busca rejuvenescer as marcas do portfólio ( foto: Rafael Hupsel/Agência Istoé)

A placa “Vende-se” não está afixada na fachada do prédio de nº 151, na rua Coronel Luis Barros, no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Mas nem é necessário. Afinal, no mundo da moda já não é segredo que os controladores da Inbrands pretendem passar adiante a holding que reúne sete empresas e 11 marcas, capitaneadas por Ellus, Richards e Bob Store. No acumulado janeiro-setembro de 2014, este portfólio gerou uma receita líquida de R$ 671,7 milhões. A medida é consensual e é resultado da vontade do financista Gilberto Sayão da Silva, sócio do fundo Vinci Partners, de sair da Inbrands, conglomerado de moda idealizado por ele em 2008, com a aquisição da Ellus.

No entanto, de acordo com fontes do mercado, tudo está sendo feito com calma e com a participação ativa dos sócios Nelson Alvarenga Filho e Américo Rodrigues Breia, criadores da Ellus, que fixaram o preço em R$ 1,5 bilhão para a totalidade das ações. Silva e a dupla possuem 39,41% das ações, cada. “Normalmente um fundo de investimento não fica mais que quatro anos em um negócio desses”, afirma um banqueiro especialista no setor de moda. “A Vinci ficou até tempo demais.” A pedida é considerada elevada por alguns, pois equivale a cerca de 10 vezes o Ebitda (lucro antes de impostos, taxas, dívidas e amortizações), especialmente para uma empresa com um passivo de R$ 471,4 milhões.

Procurados, os sócios não quiseram conceder entrevista. No dia a dia da Inbrands, no entanto, nada mudou. Um exemplo disso pôde ser visto na quarta-feira 4, durante a convenção anual, realizada em São Paulo. “Foi um encontro destinado a alinhar as estratégias e reforçar o DNA de cada marca”, diz uma fonte com acesso à empresa. “O assunto venda não foi sequer mencionado.” O processo de venda da holding – com opção da busca de um novo sócio, uma vez que Alvarenga Filho e Breia a princípio topariam permanecer no negócio – inclui conversas com fundos de investimento e empresas de fora do Brasil.

Uma das que estariam no páreo é a australiana Tuffwear, que atua nos segmentos de moda e na fabricação de uniformes corporativos. Faz sentido, afinal, a forte desvalorização do real ajuda a tornar mais palatáveis os ativos locais para quem opera em euro ou em dólar. Com isso, a Inbrands, mais capitalizada, poderia retomar o ritmo agressivo de aquisições que marcou os primeiros anos da holding e rejuvenescer sua principais marcas. A última tacada foi a compra da Mandi, em novembro de 2011. Em entrevista no final de 2013, Michel Sarkis, CEO da Inbrands, havia anunciado a determinação de quebrar o jejum no ano seguinte. O que não aconteceu.

Segundo analistas, tanto Silva quanto a dupla Alvarenga Filho e Breia falharam no projeto de construir uma versão tropical da francesa LVMH, holding do magnata Bernard Arnault, que comanda potências como Givenchy, Dior e Louis Vuitton. “Faltou uma aposta mais firme no rejuvenescimento das marcas controladas pela Inbrands, que perderam seu caráter inovador”, afirma o consultor André Robic, sócio-fundador do Instituto Brasileiro de Moda (IBModa). “Isso aconteceu especialmente com a Ellus.” De fato. Com campanhas de marketing restritas ao universo de consumidores tradicionais, elas acabaram abrindo espaço para marcas emergentes como Reserva e Farm.

A decisão de vender a Inbrands começou a ser gestada ao longo de 2014. Um bom indicativo disso foi o intenso processo de reestruturação do portfólio e do número de pontos-de-venda, destinados a deixar a “noiva” mais vistosa. A mais afetada foi a Mandi, cujas vendas somaram R$ 17,54 milhões no acumulado janeiro-setembro, recuo de 39,1% em relação ao período anterior. É preciso levar em conta que foram fechadas quatro filiais e houve uma readequação dos canais multimarcas. Por sua vez, as vendas da Ellus e da Ellus 2nd Floor ficaram praticamente estagnadas, com ligeira alta de 2,3%. O destaque da temporada ficou com as roupas e acessórios da Richards e a Selaria Richards, cujas vendas avançaram 15,4%, totalizando R$ 242,3 milhões.

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