Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Por mais natural que seja usar roupas, há situações que a gente se perguntar porque o nu não é aceito socialmente. Do nascimento de um bebê, que é imediatamente coberto por panos, à fantasia de carnaval, que cobre sem necessariamente proteger, há uma infinidade de razões para algo ser aceito em uma cultura e outra não. Mas, por que usar roupas?

É importante considerar a Teoria da Motivação para o Uso das Roupas, desenvolvida por Flügel (1950) - trabalho originalmente escrito em 1930 -, que consiste na classificação das origens para o vestir em três motivações básicas: PROTEÇÃO, ENFEITE E PUDOR.

Segundo o conceito de Flügel (1950) sobre o por que usar roupas, um dos pontos destacados é a proteção do corpo contra desagradáveis sensações de frio e posteriormente, contra organismos estranhos e prejudiciais à saúde humana, o que justifica o aparecimento das peças. Concomitante ao desenvolvimento científico, onde os conceitos de higiene e de ameaças se tornam mais complexos, as roupas passaram a oferecer não somente a proteção física, mas também a psicológica.

A função original das roupas descrita por Flügel que se relaciona com o enfeitar tinha como propósito essencial promover a distinção de aparências físicas, provocando os olhares dos outros. Ampliando o conceito, o destaque visual proporcionado pelas roupas pode provocar encantamento, admiração, respeito, repúdio, etc.

Por último, a motivação atribuída por Flügel para o pudor, tendia a ocultar características físicas do corpo e atitudes comportamentais que afetasse a diluição de um indivíduo dentro de um determinado grupo. Considerando o processo civilizatório, o pudor usualmente está relacionado com a sexualidade do indivíduo e com os padrões morais de cada sociedade, e que determinam os padrões vestimentares de grupos sociais.

Carter (2003, p84), em um estudo relacionado com a teoria de Flügel sobre o por que usar roupas, identifica diferentes atitudes relacionadas com o vestir: “Alguns veem as roupas como o equivalente a camada mais externa de si e incorpora o seu uso no cotidiano com pouca dificuldade. Outros consideram suas roupas quase como algo relacionado ao ambiente externo, onde a roupa é um “outro”, distanciando-a do seu ser.”

De toda forma, as Motivações de Flügel, mesmo que conceituadas na primeira metade do século passado, ainda parecem ser válidas, embora outras variáveis tenham sido agregadas ao vestir contemporâneo. O estudo vestimentar é, por si só, complexo e pode ser interpretado pelas mais diversas correntes das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.


Por Maria Alice Rocha
Doutora (PhD) em Design de Moda


Para saber mais, consulte:
FLÜGEL, J. C. (1930). The Psychology of Clothes. London: Hogarth Press.
CARTER, M. J. C. (2003). Flügel and the Nude Future. Fashion Theory. Vol 7, n 1, pp. 79-102.

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Respostas a este tópico

Ótimo artigo! Claro, objetivo e direto. Uma síntese bem abrangente.

O estudo vestimentar é, por si só, complexo e pode ser interpretado pelas mais diversas correntes das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

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