Preço do Índigo em Alta

[Textile Industry]

Os produtores indianos de denim estão a lidar melhor do que os relatórios alarmistas sugerem com o aumento de 25% no preço do corante índigo sintético importado da China. No entanto, alertaram que poderão tentar passar o aumento dos custos para jusante, na próxima estação de compras.
 

 Na sequência do aumento nos preços de corante índigo sintético na Índia, Srinivasan Aruchamy, diretor da Sree Balaji Denim, revela que «nos últimos meses, o preço do corante índigo [sintético] subiu de 7,3 para 9,1 dólares por quilo». A empresa localizada em Coimbatore dedica-se ao comércio de fios índigo.

Alguns analistas culpam o aumento pela depreciação da rupia indiana, mas Prabal Ranjan Roy, consultor independente para o sector de vestuário, discorda. Ele vê como principal razão a crescente procura por parte dos produtores de denim na Índia, Paquistão e Bangladesh. «O denim é um produto muito “quente”», diz Roy. «É o único produto de toda a gama têxtil que tem estado muito bem nos últimos dois anos», acrescenta.

A Índia produz 850 milhões de metros de denim por ano, dos quais 120 milhões proveem da Arvind Mills, o maior produtor de denim do país. «No curto prazo, não podemos aumentar o preço do produto, na medida em que já nos comprometemos com a atual produção», afirma Aamir Akhtar, CEO da Arvind Mills. Akhtar explica ainda que a empresa vai tentar repassar os aumentos de custos quando começar as negociações para a próxima temporada de compras, mas não está muito esperançoso de ser capaz de fazê-lo. «Como os mercados estão muito difíceis, teremos de falar com os nossos clientes e ver se será possível», sublinha o responsável.

É uma tarefa complicada: para além de comercializar a sua própria marca, a Arvind Mills fornece tecido denim para marcas internacionais como Levi’s, Lee e Wrangler, que competem em mercados sensíveis ao preço, alguns deles em recessão.

O índigo sempre foi importante para o fabrico de denim, sendo utilizado principalmente em forma de pó para tingir os fios. As empresas de vestuário indianas dependem há muito do corante chinês importado. «Quando a Índia começou a produção de denim na década de 1980, havia no mercado poucos produtos de vestuário baseados no índigo, de modo que não existia procura de corantes sintéticos», indica Roy. Por isso o corante sintético foi importado e a China tornou-se no único fornecedor para a indústria indiana, enquanto os fabricantes de corantes indianos encerraram ou optaram por não responder.

O índigo natural sempre foi uma alternativa e tem sido cultivado no subcontinente indiano desde o início da ocupação britânica. Sendo mais caro, o índigo natural é agora principalmente usado para pintar o cabelo ou em produtos denim exclusivos de alta qualidade. «O preço dos corantes naturais é 10 vezes maior do que o substituto sintético e muito poucos fabricantes de vestuário utilizam-no», revela Suresh Chellappan, CEO da NCC Agro Industries, uma empresa localizada em Villupuram, Tamil Nadu, que cultiva índigo e fabrica corante natural.

A NCC Agro também exporta par o: Japão, Coreia do Sul e Taiwan, onde o seu corante é usado na produção de denim. Chellapan coloca o preço internacional atual do extrato de índigo de qualidade superior, com 40-45% de conteúdo de tonalidade índigo, nos 55 dólares por quilo. O responsável refere que o custo do corante natural também aumentou recentemente, devido ao cultivo limitado da colheita deste ano. Trata-se de um produto sazonal, colhido em apenas três meses por ano.

Apesar dos aumentos de preços para os índigos sintéticos e naturais, a dependência das importações e a resistência no preço entre os compradores de vestuário, a indústria de jeans não precisa de entrar em pânico, já que não existe escassez de importações de corante da China, de acordo com Aruchamy. Em última análise, o corante índigo tem uma componente relativamente pequena no custo total de fabrico do denim, diz Akhtar, sem indicar uma proporção precisa.
 

Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/41515/xmview/...