Mas enquanto no ano passado todos os olhares estavam fixados no custo como principal causa de pressão sobre o aprovisionamento, uma nova pesquisa sugere agora outras variantes.
O private label responde já por um em cada seis dólares despendidos nos Estados Unidos da América, representando 16,5% das compras mundiais, em todas as categorias de produto, de acordo com estimativas recentes. E um novo relatório sugere que a transformação das tendências de mercado deverá potenciar esse movimento ascendente.
Através de marcas próprias e exclusivas, os retalhistas criam uma alternativa mais económica às marcas nacionais e internacionais e ganham um maior controlo do produto e da sua direção.
Contudo, existem tendências de retalho mais vastas em ação, que irão fomentar o crescimento do private label, de acordo os dados divulgados pela Deloitte no seu recente “20152016 Private Label Sourcing Survey”.
Considerando, por exemplo, a capacidade de desenvolver ofertas exclusivas que se sobrepõem à concorrência online. Ou, por sua vez, a capacidade de alavancar dados avançados, adquirindo uma compreensão mais profunda dos clientes – e rapidamente antever e desenvolver novos produtos direcionados para as suas necessidades. A crescente transparência das cadeias de aprovisionamento do private label também confere aos retalhistas maior capacidade de resposta aos rigorosos requisitos legais, assim como um maior controlo das questões sociais e ambientais.
Pressões de sourcing
O estudo produzido pela Deloitte, que incluiu entrevistas a 388 retalhistas de vestuário e outros, identificou um conjunto diverso de pressões de sourcing relacionadas com o custo, a qualidade e a rapidez de lançamento de novos produtos no mercado. Isto contrasta com a pesquisa anterior, relativa ao ano passado, na qual os três principais problemas identificados se relacionavam com o custo.
Para os retalhistas de vestuário, as principais pressões prendem-se com o aumento e volatilidade dos preços das matérias-primas, a necessidade de aumentar a velocidade de lançamento de novos produtos no mercado, o aumento dos salários, a disponibilidade de instalações de produção e a evolução das tendências de produtos, que provocam mudanças na procura por parte do consumidor.
Em resposta, diz o relatório, os retalhistas estão a construir relações de colaboração mais próximas com os produtores. Porém, acrescenta que «apostar num número menor de produtores terá potenciais repercussões, que poderão afetar o atual panorama do aprovisionamento».
As respostas estratégicas a estes desafios contemplam a melhoraria dos programas de garantia de qualidade – incluindo uma seleção de fornecedores mais rigorosa, mais visitas a fábricas, o recurso a um número crescente de gestores de qualidade e aposta na formação dos trabalhadores –, investimento na inovação e design de produto, na investigação e desenvolvimento em colaboração com fornecedores e aplicação de um planeamento e programação avançados.
No entanto, numa perspetiva futura, os retalhistas afirmam que pretendem repatriar parte da produção em private label, entregando-a a fornecedores nacionais, alinhando métricas e sistemas de forma a promoverem a colaboração entre parceiros no seio da cadeia de aprovisionamento, e implementar a gestão da performance do fornecedor.
No entanto, apenas 50% dos retalhistas inquiridos afirmaram que os esforços efetuados até ao momento foram bem-sucedidos. As barreiras incluem um baixo retorno do investimento, falta de mão-de-obra devidamente qualificada e questões legais.
«Essas barreiras servem como um lembrete de que a decisão de repatriamento não pode ser tomada com ligeireza», aponta o relatório. «Deve ser assegurado um ecossistema – mão-de-obra qualificada, cadeias de aprovisionamento, infraestruturas e um regime legal navegável – de forma a facilitar o sucesso».
Mudança de base
Se, por um lado, os retalhistas estão constantemente a avaliar as fontes de aprovisionamento de forma a responderem às preferências dos clientes, equilibrando as pressões decorrentes das questões legais, custos e qualidade, no segmento do vestuário estas questões permanecem relativamente estáveis, com os inquiridos a afirmarem que a China e o Vietname permanecem as suas principais fontes de aprovisionamento.
Dentro de dois anos, os retalhistas, em todas as categorias, esperam alterar a sua presença, focando-se mais em países como o Vietname e menos em países como o Bangladesh e o Camboja.
A organização do sourcing está também a evoluir, sugere a pesquisa, com os retalhistas a efetuarem investimentos significativos em tecnologia avançada de gestão das suas funções de aprovisionamento, registando-se um aumento assinalável das soluções internas personalizadas e soluções integradas relativamente a ferramentas e modelos ad hoc, face à última pesquisa.