O aumento da oferta de algodão no mundo força a queda dos preços, em um ano em que o Brasil está produzindo 20% a mais da pluma. As vendas no mercado interno seriam uma alternativa para sustentar os valores pagos ao cotonicultor, mas a indústria têxtil nacional não vai bem, com fechamento de fábricas, demissões e redução da produção.
A crise é causada pela diminuição do consumo e o aumento das importações da Ásia. Neste ano, deve ser batido o recorde de importação, com a compra de 130 mil toneladas de têxteis.
– Muitas indústrias acabaram dando férias coletivas, reduzindo turnos e algumas até chegando ao ponto de fechar. Então, está bem complicado – afirma Alexandre Kurre, coordenador de Algodão, da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit).
Dono de uma fiação no interior de São Paulo há mais de 30 anos, Mario Lisandro Bertoni, também tinha uma fábrica no Sergipe, mas a filial do Nordeste fechou as portas com a dispensa de 170 funcionários. Na fábrica paulista, o número de trabalhadores reduziu em 25% em dois anos. O empresário diz que para piorar a situação, o custo com energia elétrica triplicou neste ano. Ele também reclama dos altos impostos e da burocracia, que deixam o produto nacional sem competitividade. Para uma empresa que investiu R$ 50 milhões na compra de maquinários nos últimos cinco anos, o momento é de cautela.
– Hoje, nós estamos trabalhando defensivamente. Buscando a manutenção da vida da nossa empresa – relata Bertoni.
Na fábrica em Itatiba (SP), 40% do maquinário está parado e há o risco de mais demissões. Mesmo produzindo menos, os estoques estão cheios, porque a matéria prima está mais barata. O preço do algodão caiu mais de 20% do início do ano pra cá. E a perspectiva é de que o algodão fique ainda mais barato com o aumento da produção no Brasil, que neste ano deve ser de 1,7 milhão de toneladas. A produção e os estoques globais também estão maiores, mas para a indústria, algodão barato demais não é bom, porque desestimula o cotonicultor a produzir a pluma.
– A indústria vai estar bem quando o produtor estiver bem também. Os dois têm que sempre caminhar em conjunto. Neste momento, não que o produtor não queira caminhar junto com a indústria, ou vice versa, mas a situação de mercado não permite isso. Então, vai ser um ano difícil – diz Kurre.
A perspectiva do setor é de que aos poucos aconteça uma retomada do consumo. O movimento é lento, para uma indústria que vem diminuindo o ritmo ano após ano.
– Infelizmente, aqueles que fecharam dificilmente vão reabrir. Aqueles que estão rodando abaixo da sua capacidade não vão atingir os 100%, mas pelo menos que cheguem próximo disso, é o que a gente espera nos próximos 12 meses – planeja Kurre.
http://agricultura.ruralbr.com.br/noticia/2014/07/reducao-de-consum...
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