De criações inspiradas na África e na cultura negra a joias energéticas e jeans de modelagem vintage, apresentamos novos talentos brasileiros.
Oano começou, não teve carnaval, mas nem tudo está perdido. Nomes novos, à frente de negócios independentes, estão renovando a safra de talentos autorais na moda brasileira. Aqui você conhece mais seis marcas que adoramos descobrir. Confira:
Formada pelos irmãos Júnior e Céu Rocha, a marca de Salvador nasceu em 2014 como uma camisaria masculina. "Sempre estivemos envolvidos com moda. Seja com experiências no varejo ou assinando produções e desenvolvendo roupas para amigos e família", diz Júnior, que atua como stylist há quase 20 anos. "É algo que nos chama a atenção e desperta interesse desde a adolescência", continua Céu, estilista formado em Design de Moda pela Unijorge. "Em nossa educação familiar, crescemos com a liberdade de escolher aquilo com o que nos identificamos, isso foi fundamental na nossa trajetória", completa Júnior.
A cultura negra é a principal inspiração da dupla e os tecidos africanos, sua principal base. Neles os irmãos fazem uma alfaiataria de alta qualidade, acessórios, vestidos de festa, moda praia e roupas infantis. "Nossa raça é de uma beleza inigualável e nossa ancestralidade carrega uma bagagem cultural poderosa", diz Júnior. "Buscamos novas tendências e possibilidades para as modelagens, além de estudar bem os tecidos antes de escolhê-los, pois o caimento perfeito é superimportante", reforça Céu.
Com duas coleções por ano (verão e inverno) e uma cápsula de Réveillon, a Meninos Rei já conquistou closets estrelados como o de Gilberto Gil, Carlinhos Brown, MV BILL, Margareth Menezes, Paula Lima, Fernanda Paes Leme, entre outros. As modelagens modernas, arrematadas por materiais vibrantes e coloridos também despertou o interesse da TV Globo, que convidou a dupla para assinar os looks dos participantes do Big Brother Brasil nas duas últimas edições.
"Em ambas ocasiões fomos chamados para atender pautas com algumas referências afro, o que confirma nossa identidade criada ao longo desses anos", diz Céu. "É um reconhecimento que tem acontecido de forma gradativa e natural. As pessoas, famosas ou não, conhecem o nosso trabalho, se conectam e se veem nele. E isso é o mais bacana", comenta Júnior.
A coleção mais recente, de verão 2021, foi inspirada no Guiné Bissau, um dos países mais pobres da África e que tem na expressão cultural de seu povo seu maior símbolo de luta e resistência. "Mergulhamos numa pesquisa minuciosa, estudando a moda das ruas e dos jovens de lá", conta Júnior. "Foi o que nos motivou a criar o que chamamos de 'No Gueto da Guiné'", completa ele. Por enquanto, as peças podem ser encomendadas através do Instagram, mas a grife já está desenvolvendo um e-commerce com previsão de lançamento ainda neste semestre.
Bem antes de se matricular na faculdade de moda e fundar a Mnisis, no final de 2019, Marina Costa já investia na área costurando roupas para suas bonecas, inspiradas no estilo de sua mãe. "Acho que a moda entrou na minha vida por influência dela", conta a jovem, nascida em Vargem Grande do Sul, interior da capital paulista.
Costa se mudou para São Paulo aos 18 anos para estudar Design de Moda na FAAP e, na sequência, engatou uma pós-graduação em Fashion Design & Marketing no Instituto Marangoni, em Florença. Suas primeiras experiências no mercado nacional foram com styling e produção de moda. "Trabalhei um ano com o João França, assim que voltei para o Brasil", diz. "Na época, ele era stylist da Luísa Sonza e da Pabllo Vittar. Foi um ótimo professor para mim."
A vontade de ter o próprio negócio vem desde a faculdade, mas Costa aguardou um tempinho até se sentir preparada para lançar a Mnisis – o nome vem de Anamnesis, a inspiração de algumas das teorias de Platão e estudos de Sócrates sobre o aprendizado através das recordações. "É um reflexo do que aprendi, aplicado de um jeito leve e nostálgico", explica. "A ideia é trabalhar com diversos materiais e temas complexos, de forma descomplicada e lúdica."
Os acessórios coloridos e divertidos, como os colares com pingentes de balinhas de urso (Gummy Bear), são um hit e provavelmente já passaram pelo seu feed do Instagram. Mas a Mnisis também faz roupas, beachwear e até alguns itens de decoração. "Nosso ponto forte é procurar novos materiais. Seja resina ou impressão 3D, estamos nessa busca constantemente", diz Costa. "Isso vai ficar ainda mais visível na próxima coleção que será lançada em março."
Para as curiosas, temos alguns spoilers: "Vamos falar sobre a cama, filosofar sobre a sua representação no contexto de pandemia e nos referir a ela como um refúgio e também um lugar de sonho". Haverá ainda uma pegada sustentável na coisa toda. "Vamos usar somente tecidos de reuso e incluir cada vez mais matérias primas brasileiras", antecipa a estilista.
"Me encontro quando estou criando, sempre tive mais facilidade em me comunicar dessa maneira. Por isso, amo moda, é uma das fontes de expressão mais poderosas, um mundo livre onde podemos nos reinventar e explorar", diz Ana Duque, sobre o motivo do lançamento de sua etiqueta homônima, em junho de 2020. Natural de Capelinha, no interior de Minas Gerais, a jovem de 24 anos cresceu observando o amor da mãe por moda e arte, e a maneira como a avó japonesa preservava a cultura oriental. "A marca floresceu com o incentivo da minha mãe, uma das minhas maiores inspirações, e do mix cultural da minha família sobre a riqueza da diversidade", diz.
Duque aprendeu o ofício na prática, testando e experimentando sem medo. "Tive a sorte de ter pessoas que me ajudaram e ainda me ajudam a entender e desenvolver toda parte técnica de confecção", conta. "Sinto que todo o processo, do desenho até a peça final, é um constante aprendizado e isso torna tudo mais prazeroso." Apaixonada pelos processos artesanais, ela aposta em criações atemporais, shapes oversized, tecidos de fibras naturais e reciclados. "Sempre estou à procura de novas texturas, cores e caimentos, num aperfeiçoamento contínuo das peças". Materiais inusitados, como o barro, também entram no jogo. "Criamos peças junto às artesãs do Coqueiro Buriti Peças de Barro e me surpreendi com as infinitas possibilidades."
Adepta do slow fashion, a Ana Duque+ prefere lançar coleções independentes do calendário oficial. "Produzimos peças eternas e atemporais que carregam histórias e amor", define a fundadora, que sempre busca enaltecer o seu time de colaboradores – daí o símbolo de mais que acompanha o nome da marca. "Preciso de muitas mãos para dar vida a uma peça, então gostaria que vissem o meu trabalho como um coletivo, uma marca formada pela essência de todos que estão comigo".
As propriedades energéticas dos cristais são a essência da marca de joias lançada em 2020 por Marcela Piza. Formada no IED (Instituto Europeo di Design), a paulistana de 25 anos começou a explorar os trabalhos manuais ainda na infância, por influência da mãe. "Ela é extremamente jeitosa com as mãos e sempre desenvolveu artesanato. Cresci ajudando a fazer porta-guardanapos, macramê, cortinas de miçanga..." conta ela. "Foi assim que comecei a criar acessórios, bijuteria pura, para venda no recreio da escola. Uma coisa levou a outra e decidi estudar moda."
Com passagens pela Lilly Sarti, Reinaldo Lourenço e Gloria Coelho, ela mergulhou de vez no universo da joalheria após uma experiência no time de Jack Vartanian, em 2019. "Já havia feito curso de ourivesaria antes de entrar lá, porém vivenciar a estrutura de uma fábrica, a logística de produção, o desenvolvimento de produto, a otimização do material, a demanda da cliente, é outra coisa. Absorvi muito."
Na Entropia, símbolos místicos são combinados com metais e cristais para criar o que a designer chama de joias-talismã. "A intenção vem da ideia do adorno como parte da potência de todo ser, onde a sinergia entre a peça e seu portador criam um portal que transcende a matéria", explica Piza, que também é estudante de cristaloterapia, física quântica, geometria sagrada e outras áreas que envolvem o misticismo. "O universo dos cristais é infinito, suas estruturas, propriedades e formas de ativação são inúmeras, nunca se pára de estuda-los". Com a coleção de estreia no ar, ela pretende lançar novos drops individuais aos poucos e também recebe encomendas sob medida.
Fundada por Luciane Sakon, a marca faz sucesso com criações minimalistas, modelagens oversized especialmente para as partes de cima, quase sempre pautadas por formas retas. "Trabalhamos muito com o algodão, buscamos também fibras ecológicas e já utilizamos outras recicladas, como as de garrafa pet", explica a paulista de 29 anos. Seus primeiros passos na moda foram aos 15, por meio de um curso de modelagem e costura para desenvolver seu vestido de formatura do jeito que queria.
Formada em Design de Moda pela Anhembi Morumbi, em 2013, Sakon trabalhou com vendas, visual merchandising e marketing em outras marcas antes de decidir ser sua própria chefe de estilo com a Haye, em meados de 2017. "Foi quando tive a ideia de tentar produzir algumas peças e vender pelo Instagram para ver como seria", conta. "Não tinha experiência com estilo, mas quando vi que poderia dar certo, tomei coragem e deixei meu emprego para abrir a marca."
Atemporal e versátil, a Haye parte da ideia de criar peças que possam se combinar de uma maneira simples e elegante. A arquitetura e o dia a dia na capital paulistana são as principais fontes de inspiração da etiqueta, que não possui um calendário formal de lançamentos. "Temos peças clássicas que sempre voltam em pequenos drops", diz Sakon. "Nossa produção é bem reduzida, confeccionamos tudo em São Paulo com pequenas oficinas".
De tanto ser procurada pelas amigas para saber de onde eram os jeans e jaquetas que usava, a carioca radicada em Nova York Manuela Giannini decidiu montar sua própria marca de denim, em dezembro de 2019. "Sempre fiz uma curadoria nos brechós de Manhattan e do Brooklyn. Com isso, resolvi fazer uma coleção inspirada nessas modelagens vintage e inspiradas pelo street style da cidade", explica ela sobre a coleção de estreia, batizada Carioca New Yorker.
Formada em Moda pela Faculdade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, Giannini já teve uma marca quando ainda vivia no Brasil, a MIM, e também colaborou com a Foxton, antes de ser vendida ao grupo Soma. Aos 22, ela se mudou para Nova York, onde vive desde então. "Quando cheguei, trabalhei muito com projetos de interiores e acabei criando uma marca de objetos de casa chamada Giannini Home", conta. "Nas minhas criações, moda e decoração andam juntos. É uma expressão de comportamento e quando os dois se completam, surge um forte conceito de estilo."
Na Ma Basics é possível arrematar shorts, calças e jaquetas que vão do basicão para o dia a dia (daí o nome da label), até itens com estampas animais. "A maioria das minhas peças não possuem stretch e todas passam por inúmeras lavagens até ficarem bem macias." Linho e seda também fazem parte das criações da etiqueta, que pode ser encontrada na multimarcas carioca Ka Store.
https://elle.com.br/moda/selecionamos-seis-novas-marcas-para-ficar-...
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