Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Um novo relatório sugere que os retalhistas ainda não estão a responder aos trabalhadores envolvidos nas suas cadeias de fornecimento, por não pagarem um salário digno. O estudo, que tem como objetivo esclarecer os consumidores sobre a questão salarial, conclui ser necessário muitos mais avanços. 

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Sem salário digno - Parte 1

O relatório da The Clean Clothes Campaign (CCC), intitulado “Tailored Wages”, inquiriu as 50 principais marcas de moda e sportswear na Europa sobre o que estão a fazer para garantir que os trabalhadores da sua cadeia de aprovisionamento recebam o que é considerado “um salário digno”.

«Um salário digno é um direito humano», afirma a CCC, mas revela que a maioria dos trabalhadores da indústria da moda mundial não ganha mais do que 6 euros por dia, num sector de atividade que representa mais de 34 mil milhões de euros em toda a Europa. A organização também refere que este valor contrasta com as alegações das empresas de estarem a trabalhar de forma ética.

O novo estudo indica que poucas empresas estão a desenvolver esforços devidos, e que, embora metade das empresas inquiridas concorde que os salários devem ser suficientes para responder às necessidades básicas dos trabalhadores, apenas quatro - Inditex, Marks & Spencer, Switcher e Tchibo - foram capazes de demonstrar um claro progresso em direção à sua implementação. Mas mesmo estas têm ainda um longo caminho pela frente.

A questão é recorrente para os trabalhadores do sector de vestuário global, com a recente investigação do Fair Wear Foundation (FWF) a pontar a escalada de preços como um dos principais obstáculos à introdução de um salário digno.

A base de referência estabelecida em 2009 através da Asia Floor Wage Alliance (AFW) apresenta recomendações sobre o que deve ser um salário digno. Isso reforça a perspetiva do relatório de que «as empresas não podem mais esquivar-se da sua responsabilidade para garantir que seja pago um salário digno, dizendo que não existe uma definição para o termo».

Das empresas inquiridas pela CCC, a Adidas foi destacada como a que ainda não se comprometeu a pagar um salário digno. O grupo de sportswear explica que utiliza atualmente o salário mínimo legal ou o salário predominante na indústria como ponto de referência para verificar se as fábricas estão a pagar um salário justo.

«O Grupo Adidas examinou a questão dos salários justos e concluiu que a melhor forma de melhorar o bem-estar geral dos trabalhadores é trabalhar com os nossos parceiros de negócios ao nível da empresa para promover mecanismos de fixação dos salários que sejam transparentes e tenham sido desenvolvidos com o contributo direto dos trabalhadores (...)», justifica a empresa. «Apesar de valorizarmos o trabalho que tem sido feito pelas ONGs laborais para desenvolver o Asian Floor Wage (...) nós não exigimos que os nossos fornecedores sigam uma metodologia de salário digno quando se considera o custo de vida para os trabalhadores», acrescenta

No entanto, os autores do relatório referem ser «dececionante» que uma empresa da dimensão da Adidas ainda não se tenha comprometido com uma estratégia de salário digno e continue a monitorizar os seus fornecedores apenas para que as fábricas paguem um salário mínimo. Isso, refere o documento, não os compromete com uma ação efetiva.

Outra empresa em destaque é a Gap Inc. O gigante do vestuário, membro da Ethical Trading Initiative, comunica que continua «comprometido» com o princípio de um salário digno e quer fazer a sua parte para ajudar a garantir que os trabalhadores estão a ser «tratados de forma justa e que a sua compensação reflete isso».

«Embora não exista um método de cálculo universalmente acordado para um salário digno, fizemos disso uma prioridade para garantir que os nossos fornecedores cumpram a legislação de remunerações e benefícios, cuja violação é um problema constante na indústria do vestuário», sustenta a retalhista.

Também neste caso, a CCC considera a resposta da Gap como «dececionante», explicando que «a apresentação da Gap, embora contendo belas palavras e sentimentos, mostra pouca evidência de um trabalho real que irá melhorar os salários dos trabalhadores que fabricam as suas roupas. As propostas da Gap para analisar projetos de produtividade e garantir que está a pagar o salário mínimo também são infelizmente insuficientes».

Enquanto isso, a Benetton, que foi recentemente acusada de violar os termos do Bangladesh Accord por não revelar o nome dos seus fornecedores no país, também aparece na lista dos que não se comprometem. A empresa de moda italiana refere que assegura que os salários pagos por um período de trabalho normal «satisfazem sempre, no mínimo, o salário base mínimo legal, o salário predominante na indústria ou o salário negociado em acordos coletivos».

No entanto, a empresa, não respondeu aos pedidos de informação por parte da CCC. «A Benetton tem uma política que promete um salário mínimo para os trabalhadores, no entanto, não foi apresentada nenhuma evidência de implementação de um plano de salário digno. Sem evidências para provar o contrário, suspeitamos que pouco está a ser feito para tornar isto uma realidade», aponta o relatório.

Na segunda parte deste artigo, são analisados o caso das empresas que foram consideradas como desempenhando um papel positivo na melhoria das condições de vida dos trabalhadores envolvidos na cadeia de aprovisionamento.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/43418/xmview/...

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Respostas a este tópico

   É um absurdo entrar em uma loja de roupas, ver os preços cobrados por cada peça e comparar com os salários pagos aos profissionais envolvidos na confecção de cada peça.

   É hora de governo e empresários olharem para a classe operária também. Defendem o meio ambiente e esquecem de defender o ambiente do meio. ABSURDO!

   Na realidade mesmo a indústria da moda ou seja a indústria das confecções de Roupas e chapéus de senhoras que englobam a rede nacional e mundial,esqueceram de valorizar esta imensa categoria,que por sua vez grandes profissionais da moda estão a algum tempo migrando para uma outra área que lhe possa lhe proporcionar um salário digno de sobrevivência,alias ressalto que devido esta migração de grandes profissionais do setor devido a falta de um bom salário digno,faz com que falte mão de obra para suprir a demanda de cada setor produtivo.

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