Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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SENAI CETIQT: A alta potência da moda digital no contexto vanguardista de NFTs (Non-Fungible Token)

Os fundadores da digital fashion house hōl studio, David Benalcázar Chang, especialista em tecnologias criativas para moda, e Bernardo Nery, focado na Web3 e na inserção de empresas em novos negócios falaram sobre as possibilidades que as tecnologias têm impulsionado de uma forma disruptiva as criações únicas e autenticadas da moda digital que podem atingir um patamar de alto valor agregado. No caso dos NFTs, os tokens funcionam como ativos únicos e insubstituíveis. Logo, ao comprar um NFT, você detém a propriedade deste bem. Abordaram ainda blockchain, bitcoin, metaverso e tudo que permeia o universo da moda digital

Pare um pouco para pensar e responda: quantas vezes no último ano você ouviu ou leu a palavra “moda” na mesma frase que a sigla “NFT” (Non-Fungible Token)? Tudo bem não ter uma resposta exata, mas podemos garantir que foram muitas. E esse número vem crescendo a cada dia: o mercado de moda digital para NFTs – que funcionam como um certificado digital, estabelecido via blockchain, que define originalidade e exclusividade a bens digitais que não podem ser copiado ou replicado – está super valorizado e vem em uma crescente desde a popularização cada vez maior dos games online. Para falar sobre moda digital para NFTs, o SENAI CETIQT convidou os fundadores da digital fashion house hōl studio para uma live, a fim de destrinchar as possibilidades que as tecnologias têm impulsionado de uma forma disruptiva as criações únicas e autenticadas da moda digital que podem atingir um patamar de alto valor agregado. No caso dos NFTs, os tokens funcionam como ativos únicos e insubstituíveis. Logo, ao comprar um NFT, você detém a propriedade deste bem. Ao longo de uma hora, David Benalcázar Chang, especialista em tecnologias criativas para moda, e Bernardo Nery, focado na Web3 e na inserção de empresas em novos negócios, falaram ainda sobre blockchain, bitcoin, metaverso e tudo que permeia o universo da moda digital. O bate-papo foi conduzido por Vicky Fernandez, analista na coordenação dos cursos de Design do SENAI CETIQT.

“A digital fashion está se consolidando com o uso de tecnologia de computação gráfica para visualização de vestuário e elementos como acessórios, maquiagem e outros que temos no dia a dia da moda”, observa David Benalcázar ao fazer uma linha do tempo. “Atualmente, o que mais se conhece sobre digital fashion é a moda 3D. É utilizar visualização em três dimensões para mostrar produtos que não são físicos, são apenas digitais. Isso se encaixa no mundo da computação gráfica. Na verdade, é algo que existe há muito tempo. Se formos olhar, a moda digital nada mais é que a evolução do que vem acontecendo dentro da indústria dos games com o vestuário para avatares, bonecos e outros tipos de representações de humanoides”.

De acordo com Benalcázar, as primeiras versões de vestuário digital 3D, de moda digital em si, são de videogames como Mario, pixelados, que estão evoluindo. Atualmente, estão ganhando muita popularidade por causa da conexão com o mundo de blockchain, que se relaciona com a indústria de games e entretenimento.

As primeiras aplicações digitais criadas especificamente para moda vêm se aprimorando desde 2004, 2005. “Hoje temos a adoção do 3D em boa parte pelo hype, pois as empresas de moda querem fazer parte disso. Tem um nível incrível de sustentabilidade do negócio, não somente ambiental, mas também financeiro e social. E isso é muito positivo”.

Entre as empresas que já utilizam ferramentas de digitalização, destaque para a Unspun, criada em San Francisco em 2015, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. A empresa já trabalha com escaneamento digital de corpos para criar calças customizadas e personalizadas utilizando softwares 3D para fazer os ajustes e os tamanhos das peças. Funciona assim: primeiro é feito o design, depois o escaneamento e, por fim, a customização. Dentro da customização há opções predefinidas. Em seguida, é feito o escaneamento corporal utilizando-se a ferramenta in3D, um aplicativo que “transforma pessoas em avatares realistas em 3D para o Metaverso em um minuto” e que pode ser usada gratuitamente. “Basicamente, as pessoas digitalizam seus corpos e passam a ter seu avatar para utilizar de diversas maneiras dentro de projetos Web3, videogames Web3, que estão sendo conhecidos como Metaverso”, explica David Benalcázar.

Uma outra empresa com um case muito interessante é a sueca, Atacac, que usa a moda digital. A Atacac faz todas as peças sob demanda e as imagens que eles utilizam no site ou em qualquer comunicação são feitas com ferramentas 3D e o consumidor pode regular peso e altura. “Um grande exemplo para uma moda mais inclusiva”, diz David Benalcázar.

A mediadora da live tem uma questão: “Roupa física ou a imagem da roupa física poderia ser um NFT? Ela pode se transformar em um NFT? Ou apenas a moda digital entra nessa lista?” Quem responde primeiro é Benalcázar: “Existe essa ideia de que o NFT é apenas esse ativo que é vendido por mil dólares e depois vai se valorizar ou algo assim. Na verdade, o NFT tem muitas outras coisas por trás, é muito maior do que o que está sendo apresentado. Ele de fato é uma ferramenta de troca e posse”.

O cofundador do hōl studio, Bernardo Nery, acredita que é necessário falar sobre a blockchain se quisermos responder adequadamente. “Ela surgiu no final de 2009. Foi quando construíram um ativo digital que podia ser negociado, mas não podia ser copiado. É diferente de um arquivo em pdf que pode ser baixado inúmeras vezes, pois é uma cópia. Esse é um dos problemas que conseguiram resolver com a blockchain”, afirma Nery. “A partir daí, passamos a ter ativos digitais únicos com os quais podemos fazer, de fato, essa transação. Quando nós temos um ativo único que pode ser negociado através da internet, é aí que começa a ser construído o valor que o bitcoin tem hoje”.

Na verdade, o bitcoin foi a moeda que conseguiu resolver essa questão. “É tipo ‘estou dando bitcoins para o David’. Essa transação terá um contrato dizendo que estou transferindo bitcoins para ele. É mais simples”, explica Bernardo Nery, lembrando que cada ativo criado dentro da rede blockchain terá todos os dados armazenados com a imagem, a informação de quando o item foi criado, os valores pagos desde o início da venda, e que esses dados ficarão públicos e que será possível consultá-los depois.

“Por exemplo, eu quero falar que meu protetor solar da marca X está na blockchain agora. Aquele meu item pode ser negociado através da blockchain. Podemos dizer que a blockchain como se fosse um livro de registros, como um cartório digital. Ele registra toda transação que aconteceu dentro da blockchain, seja de moedas, seja de ativos. Fica tudo armazenado e é tudo público”. Vamos supor que eu tenha comprado meu protetor solar a R$ 10,00 e tenha vendido para o David R$ 8,00. Esses dados ficarão públicos e você vai poder consultá-los depois. Fica o histórico de tudo que é registrado, de toda transação que é feita”.

Bernardo enfatiza que os ativos negociados são transparentes. “Aí a gente já começa a entender que a tecnologia é bastante disruptiva e você consegue ter essa noção de que os ativos que vocês estão negociando são transparentes. Os governos brigam com as redes blockchain, porque os negociantes não mostram suas identidades, apenas seus endereços de carteira. Se duas pessoas fizerem uma negociação, seus nomes não vão aparecer. Vão aparecer os números de suas carteiras, que, geralmente, são códigos criptografados. Mas para comprar uma criptomoeda hoje é preciso preencher o formulário de know your customer (KYC, conheça o seu cliente), apresentando dados: foto da carteira de identidade, comprovante de residência etc. É necessário ter essa base. Os NFTs são certificados de posse de ativos digitais. Eles são únicos e você consegue negociá-los, pois serão interpretados pelos contratos inteligentes que foram criados”.

Mas o que faz com que a moda seja um produto interessante para esse mercado? David Benalcázar responde: “Tem a ver com o aumento no uso das tecnologias digitais na indústria da moda, a facilidade de criação desses ativos, a popularização das pessoas que criam esses ativos e a relação direta do mundo de videogames com entretenimento com o uso vestuário. A maior parte das coisas interativas de blockchain são videogames. A moda começou a ter esse fluxo gigante de muitas imagens, que são arte 3D, e a melhor forma que se encontrou para comercializar isso foi utilizando blockchain. Hoje em dia, a utilidade está melhorando muito. Você pode comprar uma roupa 3D e utilizar nesses universos virtuais. Você pode comprar um avatar, que é um NFT com vestuário. E esse vestuário servir para fazer parte de um clube exclusivo, de uma marca específica com benefícios e com participação a longo prazo”.

Moda digital para NFT

Moda digital para NFT

Comparando os NFTs a figurinhas que colecionamos, Vicky Fernandezquer saber mais sobre o universo que envolve os tokens não-fungíveis, que características precisam ter para se tornar algo que realmente tenha valor. “Nunca é a tecnologia pela tecnologia. Quando pensamos numa moeda, o metal vale muito pouco, nunca é a moeda pela moeda, é o que ela representa: um valor econômico dentro de uma região geográfica. Com o NFT é a mesma coisa. Ele não é nada até representar valor para um grupo de pessoas, uma comunidade. Tem a utilidade do NFT, a funcionalidade do NFT, e o valor econômico do NFT. A funcionalidade e a utilidade falam sobre como ele pode ser utilizado e por quem pode ser utilizado. O valor econômico fala de por quanto esse ativo vai ser trocado”, esclarece Benalcázar.

Um case que exemplifica bem esse assunto é o da The Fabricant, primeira casa de moda digital do mundo. Em seu estúdio, qualquer um pode criar digital fashion para NFTs. Eles lançam coleções e as pessoas colaboram customizando as peças com base em uma série de variáveis, criando um registro único dentro da blockchain. O valor vem de diferentes lugares e está englobado dentro daquilo.

“Na moda, acontece muito de ser pela arte ou pela utilidade no mundo digital. Você pode comprar roupas de um artista em 3D para usar em um videogame de que participa. E hoje, de 35, 30 anos para baixo, a maioria das pessoas jogou ou joga algum tipo de videogame. Falamos aqui de gente que nasceu a partir dos anos 90. Gente que cresceu e viveu toda a evolução dos games”, pontua Benalcázar.

Vale a pena mencionar que o NFT gera muito valor pelo fato de garantir autenticidade tanto para o comprador como para o criador, pois sempre saberemos se determinada peça é de determinado artista. Isso já agrega muito valor. “Não há como comprar a Mona Lisa, mas dá para adquirir réplicas. Será que o artista que fez a réplica é quem eu queria que tivesse feito? Temos todo o histórico de documentação e transação, basta conferir”, acrescenta Bernardo.

“A Hermès já está estudando como aplicar isso dentro de suas bolsas para que se saiba que se trata de um exemplar legítimo da grife. E toda vez que você vender esse NFT terá a visualização de que foi a grife francesa que fez, pois estarão ali o número do contrato, o código de identificação. É como o documento físico que se tem de uma bolsa. Isso se chama rastreio de cadeia (supply chain). O contrato que chamamos de smart contract nada mais é que a tokenização da bolsa”, observa Bernardo Nery.

Essa aventura ainda está apenas começando. Nos primeiros dois anos da pandemia, as pesquisas indicaram que houve aumento de 55% nas vendas pelas plataformas especializadas. Artistas plásticos, celebridades, músicos e jogadores de futebol investiram nesses ativos, que são considerados “obras de artes digitais”. Ainda há muitos caminhos a serem explorados.

A pirataria é um ato muito recorrente não só no Brasil como no resto do mundo. Nas últimas décadas, foram detidos cerca de R$ 228 milhões pela Polícia Federal em réplicas de vestuário – camisetas, tênis, calças etc. Com o intuito de colaborar com uma solução para combater esta atividade e fortalecer a relação entre as marcas e consumidor, o SENAI CETIQT apoiou a startup R-Inove na criação de um aplicativo que rastreia e codifica a originalidade dos produtos de maneira simples e rápida. Com o software, tanto o consumidor quanto o criador da marca poderão identificar, pela impressão do código sobre o fio, a leitura instantânea do artigo têxtil e a consulta de dados do produto diretamente no aplicativo – permitindo que o usuário encontre informações sobre a originalidade da peça de maneira imediata.

“A parceria entre R-Inove e SENAI CETIQT contribui para o avanço do ecossistema de inovação, pois uma startup necessita do apoio de uma instituição de referência nacional na busca de soluções para o segmento – e o fortalecimento da relação entre os dois acelera as mudanças na busca por um mundo mais transparente, sustentável e justo.

O segmento têxtil brasileiro é relevante e o impacto de uma inovação disruptiva trará benefícios mundiais – Rafael Rocha, Analista de Mercado II, da Coordenação de Relações com o Mercado do SENAI CETIQT

Estima-se que de janeiro a setembro de 2021, o Brasil atingiu a marca de mais de 4,5 bilhões de gastos em pirataria, ocupando o quinto lugar no ranking global de acessos a produtos piratas. “A prática não só traz malefícios econômicos, como também alimenta a mão-de-obra escrava e infantil. Em São Paulo, por exemplo, existem pessoas de diversas nacionalidades que vieram para o Brasil na esperança de um sustento e acabaram sendo aliciadas por confeccionistas que tomam seus documentos e a colocam em situações de trabalho deploráveis e recebendo um retorno financeiro mínimo”, explica Micheline Maia Teixeira, co-fundadora da startup R-Inove.

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