Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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SENAI CETIQT: A responsabilidade social e a transparência na moda diante do alerta vermelho do aquecimento global

“Nosso objetivo é discutir sobre o quanto nós, que trabalhamos direta ou indiretamente para a Indústria Têxtil, de Confecção e da Moda, somos responsáveis pelo que está acontecendo no meio ambiente. Esse é o momento de rever conceitos, principalmente os de consumo. Afinal, a indústria é responsável pela emissão de 8% do gás carbônico despejado na atmosfera, ficando atrás somente dos combustíveis fósseis – a indústria do petróleo. Cada vez mais a moda e o consumo devem ser conscientes”, sinaliza a professora do SENAI CETIQT Cristiane de Souza dos Santos de Carvalho.

Como a indústria da moda pode caminhar positivamente para não estar mais no ranking mundial como a segunda maior poluente? Como a potência do movimento global Fashion Revolution por uma indústria da moda limpa, segura, justa, transparente e responsável está em sinergia com os processos educacionais? Perguntas importantíssimas que foram debatidas e geraram reflexões durante a live Responsabilidade Social e Transparência na Moda”, promovida pelo SENAI CETIQT em conexão com a Semana Fashion Revolution 2022.

“Nosso objetivo é discutir sobre o quanto nós, que trabalhamos direta ou indiretamente para a Indústria Têxtil, de Confecção e da Moda, somos responsáveis pelo que está acontecendo no meio ambiente. Esse é o momento de rever conceitos, principalmente os de consumo. Afinal, a indústria é responsável pela emissão de 8% do gás carbônico despejado na atmosfera, ficando atrás somente dos combustíveis fósseis – a indústria do petróleo. Cada vez mais a moda e o consumo devem ser conscientes”, sinaliza a professora do SENAI CETIQT Cristiane de Souza dos Santos de Carvalho, responsável por disciplinas como Responsabilidade Social, Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional, Ética, Cultura e Cidadania.

Coordenadora do curso de Tecnologia em Produção de Vestuário, Luisa Meirelles esteve à frente na condução da live e pontuou: “É extremamente fundamental termos um olhar crítico, pressupondo até que alunos/futuros profissionais poderão fazer a diferença ao atuarem até em alguma empresa onde a prática responsável ainda não exista. Mas o mercado vai peneirar, chegará um momento em que não haverá mais espaço para empresas que não estejam adequadas. Foi dada a largada, mas ainda temos muito a aprender tanto no nível da produção, a testar e experimentar, quanto no nível do consumo, quando nos perguntamos: ‘será que eu preciso de mais essa calça ou esse sapato no meu guarda-roupa? Preciso de algo tão pouco durável ou é melhor eu gastar um pouco mais num produto que terá uma vida útil maior?’. Sob a ótica das empresas, pensando em desenvolver produtos que gerem menos resíduos e que sejam menos substituíveis, também já se está diminuindo o impacto que ela vai gerar no meio ambiente”.

No ano passado, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, afirmou sobre o Relatório Sobre o Clima: “Trata-se de um alerta vermelho para a humanidade. Os alarmes são ensurdecedores: as emissões de gases de efeito estufa estão sufocando o nosso planeta”. Portanto, nós não temos um segundo planeta Terra e somos todos responsáveis sobre o que está ocorrendo. “Ou fazemos algo já ou as futuras gerações não terão mais planeta”, destaca Cristiane Santos.

Por conta também desses sinais de alerta assustadores, o Movimento Fashion Revolution faz questão de deixar bem claro que “transparência não é tendência, é necessidade”. Hoje, mais do que nunca, as empresas – pequenas, médias ou grandes –  devem trabalhar com o Índice de Transparência, série de parâmetros criados para verificar se ela se encaixa em normas de boas práticas e informações básicas estabelecidas pela ONU. “O diretor-executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), Edmundo Lima, costuma dizer que é uma boa ferramenta para combater a ilegalidade, a informalidade, a pirataria e o trabalho análogo ao escravo. E ela deve pautar o ingresso dos jovens no mercado de trabalho”, afirma a professora.

Estamos falando de uma geração que quer respostas para “quem faz a minha roupa?”, “de onde vem a minha roupa?, “será que a minha roupa está sendo fabricada por um grupo de costureiras que tem um trabalho análogo à escravidão?”. É fundamental hoje a consciência de tudo que acontece de uma ponta a outra da cadeia produtiva de uma peça. “A empresa que não consegue acompanhar essa transformação tem de estar atenta, pois é possível que fique para trás”, alerta a professora Cristiane. “Os relatórios do Fashion Revolution estão disponíveis na rede e em revistas. Lá é possível encontrar um ranking de diversas organizações e magazines do ramo da moda com o Índice de Transparência de 2021. Caminhar junto com o que o Fashion Revolution nos traz em relação ao Índice é importante”, frisa Cristiane.

O Índice de Transparência do Fashion Revolution, por sinal, também é usado na metodologia de ensino da faculdade SENAI CETIQT. Professora de diversas disciplinas, Cristiane Santos costuma selecionar empresas que ficaram muito bem no ranking da transparência e, de acordo com este parâmetro, propor aos alunos que espelhem com outras empresas que não tiveram bom desempenho e descubram uma maneira de salvá-las. “Necessitamos ter esses conceitos para nos aproximar o máximo possível da realidade. Hoje, por exemplo, o designer não é apenas um criador. Além de ter a competência de criar, entender da modelagem e do processo criativo, ele também é um profissional em sinergia com o gerenciamento de pessoas, destinos dos resíduos da indústria/fábrica/loja. Portanto, o nosso pensamento e ações devem estar em conexão com a sustentabilidade e no que podemos fazer para a indústria da moda deixar de ser a segunda maior poluidora. Desenvolvemos, em sala de aula, várias tarefas com base no Índice de Transparência. Na disciplina Responsabilidade Social, por exemplo, os alunos criam estratégias para as empresas que tiveram notas muito baixas tendo como base conceitos da Administração: Compliance, Governança Corporativa, ESG (Environmental, Social and Governance)”, comenta Cristiane dos Santos.

A equação é a seguinte: Se temos um local para consultar se uma marca está bem, vamos querer consumir seus produtos. Porque queremos colaborar com tudo que está acontecendo em termos de responsabilidade social, socioeconômica com que aquela empresa está compactuando. E se observamos que uma empresa que não está okay, podemos decidir não efetuar determinada compra. É assim que o consumidor e protagonista vem refletindo.

A Transparência torna-se cada vez mais fundamental na Indústria da Moda, porque traz luz às responsabilidades de todos. Somos responsáveis, independentemente se estamos ou não inseridos na indústria como profissionais. “Não quero mais essa blusa. Vou transformá-la num pano de chão? Ou posso doá-la para um brechó ou alguma empresa onde o upcycling será praticado?”. É uma nova forma de se pensar, levando em consideração que só temos um planeta Terra e ele está em alerta vermelho.

Diversas pesquisas mostram que as empresas que trabalham com a ideia da responsabilidade social e socioambiental impactam muito positivamente suas vendas e a fidelização dos seus clientes. A gente começa a entender que aquele mote do Fashion Revolution (“Transparência não é tendência, é necessidade”) é importantíssimo e, de alguma forma, a sociedade já está entendendo.

“Acreditamos muito no trabalho das formiguinhas. O que elas fazem? Multiplicam. Multiplicam sempre as ideias, muitas ideias. Precisamos, cada vez mais de multiplicadores de boas ações”, frisa a professora Cristiane Santos.

CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Compliance significa “de acordo com”. No âmbito institucional e empresarial, compliance é o conjunto de disciplinas a fim de cumprir e se fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa, bem como evitar, detectar e tratar quaisquer desvios ou inconformidades que possam ocorrer. As empresas precisam ter pessoas que verifiquem todas as leis.

A Governança Corporativa está intimamente ligada à transparência, pois o objetivo é garantir a confiabilidade de uma determinada empresa para seus acionistas. “A Governança Corporativa cuida de pensar em tudo que essa empresa desenvolve (‘O que eu faço com meus insumos? Jogo na lixeira para a limpeza urbana leve ou penso numa outra forma de utilizar meu insumo, já que, muitas vezes, o fim de um ciclo para alguns é o início de um novo produto para outros?’). Começamos a pensar nessas questões e, principalmente, a registrar e mostrar”, pontua a professora Cristiane Santos.

 ESG tem a ver com as boas práticas que as empresas realizam com relação à responsabilidade socioambiental. “Tudo que diz respeito ao meio ambiente e sustentabilidade não tem que ser novidade: precisa fazer parte de todo o processo de desenvolvimento. Quando você pensa numa roupa é importante estar consciente: ‘Criei uma roupa, ótimo! Mas e depois? O que vai acontecer com essa roupa? O que ela vai virar? Quantos anos vai levar para que a matéria-prima com a qual a roupa foi desenvolvida se desfaça?’. Nesse momento, começa-se a estabelecer uma responsabilidade socioambiental entre a sua empresa e o planeta, o lugar onde se vive. É com essas ideias que começamos a discutir e a fazer provocações para os nossos alunos”, observa Cristiane de Souza dos Santos de Carvalho.

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