Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

O Mundo Tecnológico da Produção de Fibras Sintéticas - SENAI CETIQT:

O emprego de tecnologia na produção de fibras sofisticou-se tanto que necessita de profissionais de áreas diferentes pensando juntos para chegar a um objetivo comum: ‘Tivemos que unir forças. A beleza do têxtil está em reunir química, física, biologia, eletrônica. Com isso, temos a conectividade, os bio-sensores, a bioquímica, a físico-química de superfícies. Para obter inovação neste segmento e quebrar barreiras, juntamos forças e trouxemos informações básicas de cada área’, ressalta o especialista em Pesquisa & Inovação da Rhodia (Grupo Solvay) Fábio Lacerda.

O SENAI CETIQT – maior centro latino-americano de produção de conhecimento aplicado à cadeia produtiva têxtil, de confecção e química, e referência em tecnologia, consultoria e formação de profissionais qualificados para a Quarta Revolução Industrial  – lançou, recentemente, o curso inovador de pós-graduação em Especialização em Materiais para Têxteis Técnicos, totalmente EAD, desenvolvido em parceria com empresas e associações a fim de capacitar os profissionais de diferentes áreas para uma nova indústria voltada para a inovação tecnológica. O especialista em Tecnologia de Materiais para Têxteis Técnicos encontrará um universo para prospectar desenvolvimento de produtos inovadores, elaborar projeto vanguardista, criar, validar e escalonar protótipos. Durante a live batizada “O Mundo Tecnológico na Produção das Fibras Sintéticas”, Rafael Araujo, professor da pós-graduação em Têxteis Técnicos do SENAI CETIQT, recebeu o especialista em Pesquisa & Inovação da Rhodia (Grupo Solvay) Fábio Lacerda, que acumula uma bagagem de 27 anos de experiência na área de fibras sintéticas, tanto de inovação de produto como de processo.

Desde 2011, a Rhodia – que está presente no Brasil desde 1919 fortalecendo o setor químico/têxtil e da indústria do país em geral, com o desenvolvimento de tecnologias, processos e produtos para diversos mercados – é uma empresa do Grupo Solvay, líder global em Materiais, Produtos Químicos e Soluções, fundado em 1863 e que hoje atua em 64 países e tem 110 unidades espalhadas pelo mundo. Foi criado no século 19 pelo cientista Ernest Solvay (1838-1922).

Ao longo dos anos, consolidou-se como uma referência de indústria química inovadora, engajada na promoção do desenvolvimento sustentável. O grupo hoje tem uma receita líquida de vendas de 8.9 bilhões de euros, 52% das vendas líquidas são sustentáveis, 23 mil colaboradores em 64 países. Na América Latina, são 979 milhões de euros de vendas líquidas. Mantém um centro de pesquisa no Brasil, em Paulínia, próximo da região de Campinas, e emprega cerca de 1.900 pessoas, e oito sites industriais.

Com o programa de sustentabilidade Solvay One Planet, o Grupo Solvay está definindo objetivos mais ousados para resolver os principais desafios ambientais e sociais por meio da Ciência e da Inovação. A ideia é criar, junto com clientes, um valor compartilhado sustentável para todos. Trata-se de um projeto de sustentabilidade em sinergia com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. As metas visam a impulsionar o progresso baseadas em três pilares: impactar positivamente o clima, preservar os recursos à disposição da sociedade e ajudar a construir uma vida melhor. A intenção é atingir esses objetivos até 2030. O Grupo Solvay compromete-se a realocar investimentos para promover a sustentabilidade em seu portfólio de produtos, operações e locais de trabalho.

Durante a live, Fábio Lacerda lembrou que “desde 1955, nós fabricamos fios de nylon em Santo André (SP). Foi o ano em que começou a produção de poliamida 6.6 no Brasil. A unidade Santo André é pioneira na fabricação desse produto no país. Na época, a Rhodia era a única empresa de produção de sintéticos no país. Aqui se consumiam fibras naturais, como o algodão. A Rhodia também trouxe para o país a Valisère, que hoje pertence ao grupo Rosseti, que até hoje produz roupa íntima”.

“A Rhodia participou da Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenit), que é um grande evento, e empregou grandes atrizes como modelos. Atrizes que se tornaram grandes sucessos na televisão e no teatro começaram como profissionais que desfilavam para a Rhodia. Eram funcionárias, usavam crachá. Isso dá uma mostra de como foi o pioneirismo da implantação da poliamida no Brasil. Não foi somente produzir o fio e colocar no mercado: teve que desenvolver toda uma cadeia têxtil para o mercado brasileiro. Tanto que foi reconhecida mundialmente, pois isso acontecia também fora do país”.

Até a década de 1990, havia apenas os polímeros clássicos: poliamidas, poliésteres, polipropileno. Tecnologia significava afinar cada vez mais os fios para tornar as roupas leves, pois eram pesadas e o toque não era bom. “Essa foi a tecnologia que começou a mudar a percepção do sintético. Naquela época, o entendimento do trabalho de Pesquisa & Inovação ficava restrito a essa parte e aos tintos em massa, fios que já saíam coloridos na própria fiação”, explicou Lacerda. “O mercado precisava daquilo e nós conseguimos produzir. Passamos anos trabalhando nessa direção. Mas não era suficiente. Nos anos 90, tínhamos certeza de que só conseguiríamos mexer mais no fio se mudássemos a molécula ou se inventassem outro polímero. No entanto, conseguimos trabalhar bem com os polímeros clássicos. Uma das nossas vantagens aqui no Brasil é termos a produção da Poliamida 6.6 toda integrada”, analisou Fábio Lacerda.

Mas, ele acrescenta: “Para inovar de verdade, tivemos que unir forças. A beleza do têxtil está em juntar química, física, biologia, eletrônica. Com isso, temos a conectividade, os bio-sensores, a bioquímica, a físico-química de superfícies. Para conseguir inovação neste segmento e quebrar barreiras, unimos forças e trouxemos informações básicas de cada área. Temos uma física que é nossa mentora. A equipe é formada por engenheiros mecânico, mecânico espacial, químico, têxtil e de materiais. Nós conversamos, convergimos e é assim que criamos o novo”, revela o especialista da Rhodia, acrescentando: “As maiores e mais significativas quebras de barreiras vieram com as interações cada vez mais complexas, só que com plataformas tecnológicas híbridas para a gente conseguir produzir e fazer inovação nesse mercado”.

Aí veio a grande ajuda para pesquisadores e produtores de fios e fibras sintéticas: a nanotecnologia. “Foi aí que nós conseguimos avançar nos materiais e trazer as tecnologias que hoje vocês estão vendo nas gôndolas das lojas, na internet etc. O grande pulo do gato é isso que está acontecendo na indústria de materiais – não só têxteis tecnológicos, mas de materiais como um todo”, observa Lacerda.

O mundo dos esportes desafiou muito as inovações de materiais têxteis. Imagine um esquiador precisar se proteger do frio e, ao mesmo tempo, manter uma performance de velocidade vestido com roupas pesando vários quilos. Hoje, essas roupas são confeccionados com fibras sintéticas produzidas com uma tecnologia que mantém o calor do corpo. Isso, associado ao desenho e à construção do tecido, dá a melhor aerodinâmica possível ao atleta.

“Teve uniforme de nadador que chegou a ser proibido (em 2009, a Federação Internacional de Natação proibiu a utilização de roupas de banho tecnológicas por nadadores em todo o mundo). Cada milésimo de segundo conta para se bater um recorde olímpico. Recordes mundiais foram batidos graças a tecidos que reduziam o atrito e uniformes que não deixavam o cabelo exposto. Imagina o volume de estudos que foi necessário para se chegar a essa grande evolução. Muita ciência, tecnologia e pesquisa envolvidas”, lembra Fábio Lacerda.

Inovações como essa se dão com muito trabalho em equipes sempre multidisciplinares. O emprego de tecnologia na produção de sintéticos sofisticou-se tanto que necessita de várias cabeças de diversas áreas diferentes pensando juntas para chegar a um objetivo comum.

Por trás disso tudo está a Engenharia de Materiais, trazendo vantagens não só para os atletas, mas para o dia a dia de todos: “Não precisamos mais de roupas só para vestir. Queremos que nos deem funcionalidades, também. É por isso que defendo que esses tecidos sejam chamados de ‘têxteis tecnológicos’. Deveríamos usar a expressão ‘têxteis técnicos’ apenas quando nos referíssemos à área industrial ou a uniformes especiais, como os antichamas dos bombeiros, por exemplo”.

E vamos falar mais sobre essa revolução tecnológica. Fábio Lacerda destacou lançamentos importantíssimos da Amni, uma marca líder de fios têxteis de poliamida 6.6 do Grupo Solvay para o mercado fashion, underwear, lingerie, esportivo, praia, meias e acessórios. A Amni personifica a alta qualidade em inovação, excelente desempenho, extremo conforto, origem da matéria-prima e funcionalidade.

Todos os produtos com a marca Amni® são testados para garantir que estão de acordo com regulamentos de qualidade internacionais, a American Society for Testing and Materials para tecidos e malhas e Associação Brasileira de Normas Têxteis para artigos de vestuário. Além do toque macio, conforto, leveza, facilidade de cuidados e alta qualidade, a linha de fios inteligentes Amni inclui as exclusivas tecnologias para agregar bem-estar e funcionalidade aos produtos. Extremo conforto, gestão inteligente da água e maciez que somente os microfilamentos de poliamida podem proporcionar para esportes e lazer com Amni.

“Nosso primeiro produto é o Amni Biotech, que mata e evita a proliferação das bactérias, com desenvolvimento tecnológico nos anos 2000. Foi uma quebra de barreiras. O Amni Action, que nos protege dos raios ultravioleta (UV Protection) é um produto que passa por uma adjetivação no processo de polimerização para trazer proteção UV. Quem praticar esporte e precisar ficar muito tempo em exposição ao sol tem uma barreira física e o consequente benefício para a saúde. Inclusive a homologação desses produtos é feita pelo SENAI CETIQT, que mede o grau de proteção. Ele pode ser usado em beachwear, moda esportiva, artigos para lazer e acessórios”, observa Fábio Lacerda.

Em seguida, o especialista fala sobre o famoso fio Emana, ultra-tecnológico, que produz a redução da fadiga muscular e promove uma recuperação muscular mais rápida com a incorporação das ativações internas. “Nosso know-how foi concretizado nesse produto. Com o fio inteligente de poliamida com propriedades do infravermelho longo, desenvolvido pelas equipes da Rhodia no Brasil, as roupas podem ir muito mais além do que o simples vestir e do que os olhos podem ver. Ele tem cristais que são adicionados durante o processo de polimerização; ou seja, ele está dentro da matriz polimérica. Através do infravermelho do comprimento de onda, ele proporciona uma melhor microcirculação sanguínea na área que está em contato com o corpo e melhora a termorregulação, a produção de energia, retarda a fadiga muscular além de melhorar a elasticidade da pele”. Qual é o benefício desses produtos? Mesmo lavando várias vezes esses aditivos não se perdem e a propriedade permanece durante todo o tempo de uso.

O Amni Soul Eco colabora com a sustentabilidade, pois é um fio que se biodegrada em três anos. Entrou no aterro sanitário, ela se degrada em três anos. “Para você tem uma ideia, a poliamida se degrada em 50 anos. Se eu comecei a fazer poliamida em 1955, as primeiras poliamidas produzidas pela Rhodia estão se degradando agora. Essa aqui não. Ela é amiga do ambiente. Em três anos, ela está biodegradada. “E vem novidade por aí”, antecipa.

Importantíssima é a produção do Amni Virus-Bac Off, fio que inativa o vírus causador da Covid-19. A ação permanente do fio de poliamida de Amni Virus-Bac Off foi desenvolvido para combater a contaminação cruzada entre os artigos têxteis e o usuário: “É interessante. porque o imunizante está inserido na matriz polimérica. Pode lavar enquanto durar o produto, pois o material estará lá para conferir funcionalidade”. O Amni Virus -Bac Off com agente antiviral e antibacteriano (que inibe a ação de vírus e bactérias) incorporado em sua matriz polimérica, pode ser usado na confecção de malhas, tecidos, em diversas aplicações, tais como roupas casuais, esportivas, uniformes escolares, roupas profissionais, meias, calçados e acessórios, máscaras de uso social e até vestimentas e enxovais hospitalares.

O lançamento mais recente ocorreu há pouco mais de um mês. Trata-se do Bio Amni: “É a primeira poliamida 5.6 produzida com fonte parcialmente renovável (47%) na América Latina. Extraímos a molécula de que é feita a cana de açúcar, que tem as mesmas características da poliamida convencional. No entanto, é mais amiga do meio ambiente, porque temos ganhos no processo de tingimento: ela tem uma absorção de corante muito superior à dos outros polímeros”, comentou o especialista em Pesquisa & Inovação da Rhodia (Grupo Solvay).

A linha se completa com o fio de poliamida inteligente Amni Dynamic, que proporciona rápida absorção de suor, alto nível de conforto e secagem ultrarrápida (40% mais rápida que a do algodão). O fio de poliamida inteligente Amni Dynamic mantém a peça mais leve por mais tempo, permitindo alto nível de bem-estar durante exercícios físicos. Ideal para diversos segmentos do vestuário, incluindo streetwear, sportswear, fashion e underwear. E com o Amni Colors, que, além de eliminar a etapa de tingimento e o risco de manchas, evita a perda de intensidade da cor nas roupas.

“Vejam o quanto evoluímos até hoje. A tecnologia se desenvolve muito mais rapidamente, precisamos trocar motores por outros mais potentes para desenvolver nossos produtos. Os materiais tecnológicos, e não técnicos, são a onda que precisamos surfar. São os que estão gerando frutos e o que as pessoas querem. Por exemplo: fios condutores, fios que deixam mais geladinho ou mais quente. Temos que pensar nisso. Nas palavras do fundador da Solvay, “Da ciência derivará o progresso da humanidade”. É o que está acontecendo. Infelizmente, a Covid trouxe muitas mortes e decepções, mas também traz avanços para toda a humanidade. De tudo nessa vida tiramos algo de bom”.

No final da live, o professor Rafael Araujo pontuou: “Romper o preconceito em torno das fibras sintéticas foi um dos grandes desafios enfrentados com a valiosa ajuda do desenvolvimento tecnológico. Muitas pessoas acreditavam que não se degradariam, que permaneceriam eternamente no meio ambiente. Ainda há quem pense assim. No entanto, se analisarmos mais detidamente a sustentabilidade das fibras naturais, veremos que elas nem sempre são tão sustentáveis assim. São biodegradáveis, sim, mas, dependendo do ciclo de vida, podem ser bastante daninhas à natureza. Acompanhe a fibra de algodão desde o plantio até a colheita e a fiação: gasta-se uma quantidade absurda de água. É tanto processo que, se analisarmos seu ciclo completo, é difícil dizer o que é mais ou menos sustentável”.

A tecnologia virá auxiliar o planeta, já tão vilipendiado. “Máscaras largadas no meio das ruas vão poluir o oceano e matar os peixes. Precisamos colocar barreiras. Estamos criando produtos que se biodegradem também no ambiente marinho”, observa Fábio Lacerda, acrescentando que diversas pesquisas que comparam sintéticos e naturais estão derrubando antigos paradigmas. “Essas pesquisas abalam profundamente certos conceitos sobre o que é ou não sustentável”.

Não há grandes mistérios: uma das formas de diminuir o potencial poluidor das fibras é obter produtos de fontes renováveis. O resultado final é igual ao produzido a partir de fonte fóssil, mas as emissões são consideravelmente reduzidas. “Já estão chamando esses precursores das fibras de drop in, por causa da queda do potencial poluidor”, observa Rafael Araujo.

Há mais de cem anos, o fundador da Solvay, Ernest Solvay (1838-1922) já dizia: “Da ciência derivará o progresso da humanidade”. Estava coberto de razão e suas palavras não poderiam soar mais atuais.

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