Para se diferenciar da massificação dos produtos chineses, a indústria brasileira de moda investe em tecidos ecologicamente corretos e com cunho social, com matérias-primas coletadas por cooperativas de catadores de garrafas PET ou feitas por artesãos de todo o país.
Diante disso, o Ministério do Desenvolvimento vai lançar um selo para conferir confiabilidade, identidade e padronização ao artesanato do país.
O ministério já conta com 60 mil produtores de artesanato inscritos em seu programa de fomento, mas quer fazer um cadastro único nacional que integre todas as iniciativas dos Estados.
Só o governo do Estado de São Paulo tem 70 mil produtores artesanais cadastrados.
"O artesanato é um grande viés de negócio inclusive no mercado de luxo. É por aí que passa a diferenciação do produto brasileiro", diz Eloysa Simão, organizadora do Fashion Business, feira carioca de negócios da moda.
Segundo Maria Helena Atrases, coordenadora de artesanato do Ministério do Desenvolvimento, o órgão pensou em criar o selo com o objetivo de "agregar uma marca" ao artesanato brasileiro e integrá-lo a um esquema maior de produção.
Em um momento de grande competição internacional, diz, o caminho é "buscar a diferenciação e investir em criatividade".
TUDO EM PET
Uma das maiores apostas do setor na área de reciclagem são as criações em tecidos produzidos a partir de garrafas PET.
Elas são trituradas e viram, por meio de um processamento industrial, fios similares ao poliéster --ambos são produtos petroquímicos.
Do fio de PET saem tecidos mesclados com algodão e outras fibras naturais. A Ciclo Ambiental, do Rio, produz 10 mil peças por ano e começa a investir numa cadeia de distribuidores.
"Queremos vender 10 mil por mês, pelo menos", diz Isabele Delgado, dona da grife. O estilista Marcelo Toledo criou camisetas, bolsas, bermudas, camisas e outras peças usando apenas tecidos que levam PET e couro vegetal (à base de látex natural).
No campo do artesanato, redes de pesca usadas viram bolsas, carteiras e chapéus nas mãos de dez artesãs de Pelotas (RS), zona de pesca de camarão.
A Fashion Business trouxe ainda mostras de trabalhos em rendas e outros artesanatos com aplicação na moda.
Para alguns, o trabalho artesanal já se converteu num bom negócio. Soraya Campos começou a fazer bijuterias e acessórios em casa há dez anos. Hoje tem loja própria em Nova Iguaçu (RJ).
Vende por atacado as peças em 26 Estados brasileiros e tem representações na Europa, na Ásia, no Oriente Médio e na América Latina. Ela participa da Rio-à-Porter, braço de negócios de luxo do Fashion Rio.
Para Eloysa Simão, a indústria têxtil e de confecção precisa se "reinventar" rapidamente e "gerar cabeças criativas" para conseguir bater a concorrência internacional e se lançar no exterior.
Ela detecta ainda outro problema: a desorganização da produção, ainda muito informal e sem métodos.
Fonte:|folha.uol.com.br|
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