A estilista alemã Iris Van Herpen levou sua última coleção, intitulada “Shift Souls”, às passarelas da Semana de Alta Costura em Paris. Com uma série de referências que vão desde galáxias e corpos celestes até a mitologia japonesa, as peças desfiladas em Janeiro de 2019 são descritas pela própria criadora como uma “evolução da forma humana”.
Iris exibiu sua primeira coleção no ano de 2007, e compõe o time de estilistas que desfilam na Semana de Alta Costura há oito anos. Suas peças sempre trazem à tona uma nova maneira de encarar a forma humana, combinada com tecnologias e tecidos arrojados que tornaram seu trabalho conhecido pela inovação.
Apesar de ter a Moda como o maior expoente do seu trabalho, Van Herpen abraça o mundo das artes em diversas esferas nos seus projetos. Ela inclusive já contou com a colaboração de designers, arquitetos e até mesmo cientistas nas suas criações.
O estúdio onde ela desenvolve seu trabalho atualmente fica em Amsterdã, mas ela já teve suas peças expostas em cidades como Atlanta, Nova York, Londres e Paris, por exemplo. Além disso, ela já teve três livros publicados contendo seu trabalho solo, o que reforça o caráter artístico de sua produção.
“Cada coleção é minha busca para ir além da minha compreensão usual da realidade física, para o poder de se comunicar com as pessoas em um nível mais profundo, um nível inconsciente, como o som ou o cheiro pode fazer”, ela afirma.
Em todos os seus trabalhos é possível identificar um olhar muito sensível para a forma feminina, e a autora de “Shift Souls” acredita que essa atenção especial ao corpo da mulher se deve aos anos de prática de balé clássico: “A feminilidade e a forma feminina são minha tela para enxergar o invisível”, ressalta.
A artista se diz aficionada pela relação entre o corpo e sua arquitetura, e que essa relação a faz transcender as definições tradicionais do que é um tecido: “A moda é muito mais do que uma indústria, ela é um diálogo entre nosso interior e nosso exterior”. E ainda faz uma observação interessante a respeito do material enquanto fator delimitador do corpo humano: “Às vezes uma roupa está completamente sintonizada com o corpo, e elas dançam. Às vezes é o contrário, a peça decide como o corpo se move”.
Iris ainda conta que seu processo criativo parte de uma série de tentativas e erros, e que ela não tem medo de arriscar na busca por novas materialidades que possam ser incorporadas na Alta Costura e que inovem os conceito tão tradicionais na Moda. E isso pode ser facilmente sentido ao observar sua última apresentação.
A coleção apresentou dezoito looks inspirados em mapas estelares do século XVII. Os tons de roxo, azul e vermelho criam diferentes estéticas visuais quando combinados com as diversas camadas de seda, que são tingidas e depois cortadas a laser.
As “almas em deslocamento” (em tradução livre) que dão nome ao desfile, dialogam sobre as energias fluidas que se movimentam ao redor do corpo e criam essas “ondas visuais” representadas pelo tecido. “Para a coleção ‘Shift Souls’, olhei para a evolução da forma humana, sua idealização através do tempo e a hibridação das formas femininas dentro da mitologia”, explica Herpen.
As peças foram inspiradas nos primeiros exemplos de cartografia celestial, que consiste no mapeamento e representação de estrelas, galáxias e demais elementos cósmicos. Para essa série em específico, a estilista fez uso de um atlas estelar criado pelo cartógrafo alemão-holandês Andreas Cellarius, publicado em 1600.
A peça-chave, que leva o mesmo nome da coleção, é um vestido feito com seda branca que foi unida por aquecimento, formando o desenho de um pássaro em suas diversas camadas. O pássaro representa a simbiose com o corpo humano e as criaturas mitológicas.
Uma inspiração adicional veio do artista nova-iorquino Kim Keever, famoso pelas suas pinturas na água. O vestido que contou com a influência do trabalho do autor se assemelha a um conjunto de nuvens. Essas “nuvens” são constituídas por cortes de organza translúcida e criam uma atmosfera a parte ao redor do corpo.
A organza, inclusive, é um tecido proveniente da seda e está presente em grande parte das peças da coleção. Além dela, outros materiais e recursos como a impressão em 3D foram utilizados na confecção das roupas e acessórios exibidos.
Os volumes são criados com seda tingida em degradê, e então são organizados em camadas. Essas camadas são formatadas através de moldes criados com impressão 3D utilizando um material chamado de PETG, que é uma variação do plástico PET, mas com a vantagem de oferecer maior durabilidade ao produto final, além de ser mais fácil de utilizar.
As joias escultóricas que as modelos exibem durante a apresentação também utilizam essa tecnologia. Através da leitura facial prévia as peças podem ser criadas digitalmente e impressas em seguida.
Para o encerramento do desfile, Iris contou com uma intervenção do artista contemporâneo Nick Verstand. O público foi presenteado com um céu de nuvens em constante movimento, que foi possível graças ao uso de projeções e luzes com efeito de laser. Acompanhe a apresentação completa e a intervenção de Nick ao final no vídeo a seguir.
Se quiser acompanhar o que Iris Van Herpen planeja para as suas próximas coleções, visite o site da estilista e seu perfil no Instagram.
Affonso é arquiteto e urbanista e tem dificuldade em ficar parado. Amante dos trabalhos manuais desde pequeno, criou sua loja online, a Caixote dos Milagres, em 2015. Por lá ele comercializa bordados que confecciona a partir de suas próprias ilustrações. Affonso adora artes, decoração e qualquer projeto de “faça-você-mesmo”. Acredita que com criatividade é possível transformar o espaço e as pessoas ao seu redor.
https://followthecolours.com.br/style/shift-souls-colecao-iris-van-...
Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por