Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Mantas e cortinas com propriedades antimicrobianas e capazes de alertar para uma possível contaminação são os primeiros resultados do projeto promovido pela JF Almeida em copromoção com a Têxteis Penedo e o CITEVE, que recolheram uma avaliação positiva por parte do Centro Sénior da Santa Casa da Misericórdia de Vizela.

[©Santa Casa da Misericórdia de Vizela]

Pensado para proteger os idosos de agentes perigosos, como o vírus Covid-19, e servir as IPSS, com possível alargamento a outros sectores como a hotelaria, a restauração e até para uso doméstico, o projeto, com duração de nove meses, conseguiu cumprir o objetivo inicial de desenvolver uma linha de têxteis-lar com propriedades antimicrobianas e que permitam alertar o utilizador para uma possível contaminação.

«Sabe-se que além da transmissão por contacto com uma pessoa infetada por meio de tosse e espirros, o vírus também se propaga quando uma pessoa infetada toca numa superfície», salientou Lúcia Rodrigues, investigadora do CITEVE, durante o webinar de apresentação do projeto, no passado dia 30 de março, adiantando que «segundo um estudo de uma universidade britânica, os vírus podem sobreviver nos têxteis durante 72 horas». A ideia do Tex4SafeCare era, por isso, encontrar uma forma «de evitar que os artigos têxteis sejam uma fonte de infeção, de contaminação e propagação da covid-19», explicou.

O projeto seguiu duas linhas: uma de desenvolvimento de colchas e mantas com propriedades antibacterianas; e uma segunda de desenvolvimento de uma cortina com um sistema de sinalização de contaminação.

«Foram obtidas novas soluções de colchas e mantas em 100% algodão com propriedades antimicrobianas, mantendo a sua eficácia até 30 ciclos de lavagem a 60 graus e secagem em tambor», revelou a investigadora do CITEVE. «Neste momento, estamos a aguardar os resultados finais da determinação da atividade antivírica da solução final, sendo que a expectativa é que sejam positivos», acrescentou.

No que diz respeito ao sistema de sinalização de contaminação, «foram explorados vários tipos de corantes e diferentes formas de os proteger e ligar ao têxtil», tendo-se optado pela tecnologia space dyeing. «Foram realizados vários ensaios recorrendo a este tipo de corantes e a esta abordagem e foram efetuados vários testes de validação do desempenho funcional, quer ao nível do efeito, quer ao nível da durabilidade e da manutenção do efeito após a lavagem, sendo que aqui ainda persistem alguns constrangimentos», afirmou Lúcia Rodrigues, acrescentando que «neste momento estamos a construir um protótipo demonstrador deste conceito, em que o fio tingido com o corante especial é integrado através da tecnologia jacquard num design específico previamente definido».


Lúcia Rodrigues [©CITEVE]

Cada entidade teve um papel diferente no projeto, com a investigação das propriedades funcionais e validação do desempenho a nível laboratorial a cargo do CITEVE, o tingimento do fio com funcionalização na alçada da JF Almeida e o design dos produtos, conceção dos tecidos e confeção dos artigos finais da responsabilidade da Têxteis Penedo. Os protótipos para validação final foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Vizela.

«Apesar de ser um projeto de curta duração, acompanhámos ao longo do tempo tudo o que foi desenvolvido e lançado no mercado, porque foram várias as soluções neste âmbito que surgiram, e a nossa preocupação era ver de que forma é que nos poderíamos diferenciar daquilo que ia aparecendo», destacou Lúcia Rodrigues.

Chegada ao mercado para breve

A pandemia levou os lares de idosos a alterar o seu funcionamento e os materiais habitualmente usados, desde as toalhas de mesa do refeitório, que passaram a ser de plástico para uma desinfeção mais rápida, aos próprios quartos dos utentes, que perderam as almofadas e outros objetos decorativos em prol de uma desinfeção mais eficiente e frequente, como descreveu Márcia Gonçalves, diretora do Centro Sénior da Santa Casa da Misericórdia de Vizela. «O projeto Tex4SafeCare veio trazer-nos algo diferente», garantiu. «No que toca à validação da utilização do produto, quer junto do utente, quer na sua lavagem, na forma como é seco, na sua durabilidade, neste momento ainda estamos a avaliar mas (…) sem dúvida que estas propriedades vêm ajudar», adiantou Márcia Gonçalves.


Marco Barros [©CITEVE]

Embora com algumas arestas por limar, nomeadamente no que diz respeito à sinalização da contaminação, cujo efeito ainda não está garantido após a lavagem, o resultado deste projeto deverá chegar em breve ao mercado. «Nas soluções com propriedades antimicrobianas, penso que será o passo seguinte», admitiu Lúcia Rodrigues, numa visão confirmada tanto por parte da JF Almeida como da Têxteis Penedo. «Temos um processo otimizado e é isso que vamos começar a comercializar muito em breve», revelou Marco Barros, responsável de controlo de qualidade na JF Almeida.

«As expectativas são altas», apontou Sandra Ventura, diretora de inovação da Têxteis Penedo, sublinhando que o produto da empresa é diferente do da JF Almeida. «Estamos só à espera dos últimos testes para fazer os protótipos. Se as coisas correrem bem, com resultados realmente bons, que é o que em princípio vamos ter, logo de seguida tentamos colocar o produto no mercado», concluiu.

https://www.portugaltextil.com/tex4safecare-protege-idosos/

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