Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Valérius 360 quer resolver problema do desperdício têxtil. Projeto de economia circular distinguido com Prémio de Sustentabilidade para PME.

A fábrica Valérius 360 está localizada em Vila do Conde

A fábrica Valérius 360 está localizada em Vila do Conde

Tudo se cria, nada se perde, tudo se transforma. Este podia ser o mote do projeto Valérius 360, que está a contribuir para resolver alguns dos grandes desafios da indústria têxtil: o que fazer ao desperdício de matéria-prima gerado durante a confeção, mas também o que fazer aos têxteis no fim do seu ciclo de vida, quando o consumidor deita fora as peças de vestuário e outros produtos têxteis?

Nascida em 1984, a Valérius é uma empresa de confeção têxtil que, em 2007, foi adquirida e recuperada pelos seus atuais donos, os quais, entretanto, criaram e desenvolveram parcerias com outras empresas na indústria têxtil. O tema da sustentabilidade foi ganhando importância para a empresa, quer através das crescentes exigências legislativas para o setor, quer pela emergência de novos requisitos por parte das marcas clientes. Neste contexto, "a empresa desenvolveu equipas e parcerias com outras empresas, com um foco muito grande na inovação e no desenvolvimento de novos processos e de novas fibras", refere Ana Tavares, uma das responsáveis desta área da empresa.

Foi nesta dinâmica que surgiu o projeto Valérius 360. Uma iniciativa que, conforme explica Ana Tavares, "nasceu da vontade de encontrar soluções para reciclar mais materiais têxteis e melhor os utilizar para fazer novos fios para mais produções". Neste contexto, a Valérius focou inicialmente a sua atividade na recolha e reciclagem dos resíduos e dos desperdícios de corte gerados em empresas têxteis que são suas parceiras em Portugal. Esse material – que é, em geral, algodão – é assim tratado, reciclado e utilizado para fabricar fio que pode voltar a entrar no ciclo de produção têxtil.

Reduzir o lixo
Mais recentemente, e segundo Ana Tavares, "temos também um foco no pós consumo, em que tentamos, de alguma forma, dar solução às peças, quer sejam de stocks não vendidos, quer sejam de consumidores finais que as descartam no fim do seu ciclo de vida". Este foco adicional também se integra no objetivo final do projeto, que é "prolongar o ciclo de vida dos produtos, mantendo em utilização os materiais que, de outra forma, seriam considerados desperdício e iriam provavelmente para o aterro ou para incineração. No fundo, este é mais um passo para tornar a indústria têxtil tão circular quanto possível", afirma.

Note-se que "o projeto surge em 2017, ainda um pouco antes da questão da reciclagem e da introdução de materiais reciclados nos têxteis ter passado a ser um tema da indústria e de legislação. Houve aqui, da parte da Valérius, uma vontade de inovação aliada a uma necessidade da indústria e a uma oportunidade de negócio que deu origem a Valérius 360", recorda a responsável.

Segundo a CEO RDD Textiles, "nós sabemos, até pela experiência que temos dentro da Valérius, que, no têxtil, entre 20 e 25% da matéria-prima vai para desperdício, depois do corte e confeção". Neste contexto, projetos como este "estão a contribuir para fazer crescer a tendência de mercado de introdução de materiais reciclados naquilo que são os fios usados para produzir tecidos, malhas e outras peças" explica a responsável.

Projetos como o nosso estão a contribuir para fazer crescer a tendência de mercado de introduçao de materiais reciclados naquilo que são os fios usados para produzir tecidos, malhas e outras peças Ana Tavares, CEO RDD Textiles do grupo Valérius

Incentivar a sustentabilidade na indústria
Estando a Valérius estabelecida perto de Vila do Conde, no norte de Portugal, área onde está concentrada 89% da indústria têxtil, foi possível estabelecer parcerias e colaborações geograficamente próximas para garantir os volumes de desperdício para reciclagem. Neste contexto, os responsáveis da Valérius consideraram que "havia aqui uma oportunidade para desenvolver um centro de reciclagem que recolha os desperdícios da confeção e para desenvolver uma parte de produção que utilize o material reciclado para fazer novos fios, que possam, por sua vez, ser reintroduzidos na cadeia de valor, em produtos de cada vez maior valor acrescentado", conta Ana Tavares.

Projeto novo requer visibilidade
Para os responsáveis da Valérius, a distinção com uma menção honrosa no Prémio SME EnterPRIZE da Tranquilidade Generali, é importante porque "este é um projeto único a nível europeu, dentro daquilo que é o segmento têxtil". Neste contexto, "a introdução da reciclagem na indústria têxtil é um tema recente e este tipo de prémios ajuda-nos a levar a mensagem mais longe, a encontrar mais parceiros e a chegar a mais gente, sejam clientes, sejam consumidores finais, sensibilizando mais pessoas para ter outro tipo de abordagens e desenvolver novos processos", explica.

Para Ana Tavares, este é um projeto que "ainda é recente, mas que tem tido um impacto grande naquilo que é a indústria têxtil, não só nas nossas empresas, mas também junto de outras empresas em Portugal e junto de marcas internacionais que utilizam os nossos materiais reciclados para fazer novas peças, tudo made in Portugal, tudo incorporando muita inovação no processo de produção têxtil". Atualmente, a Valérius emprega 162 colaboradores, exporta 85% da produção e teve um volume de negócios de 35,8 milhões de euros em 2022.

https://www.cmjornal.pt/c-studio/especiais-c-studio/sme-enterprize-...

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