Mensagens de Jonatan Schmidt - Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI2024-03-28T22:08:45ZJonatan Schmidthttps://textileindustry.ning.com/profile/JonatanSchmidthttps://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/64321128?profile=RESIZE_48X48&width=48&height=48&crop=1%3A1https://textileindustry.ning.com/profiles/blog/feed?user=1y1m0gd0m9z79&xn_auth=noDialogo Construtivo - ABITEX - ABITtag:textileindustry.ning.com,2012-10-29:2370240:BlogPost:3901532012-10-29T14:00:00.000ZJonatan Schmidthttps://textileindustry.ning.com/profile/JonatanSchmidt
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<p>Dizem que a toda ação corresponde uma reação de mesma proporção...</p>
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<p>Pois bem, a ABITEX foi criada como uma <b><i>reação</i></b> dos importadores em face das ações da ABIT, que congrega as indústrias têxteis.</p>
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<p>E, durante anos, o comportamento da ABITEX se limitou a isto: <b><i>reação</i></b>...</p>
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<p>É óbvio que isto precisa mudar. <b><i>Os importadores precisam agir, atuar, posicionar-se!</i></b></p>
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<p>No setor de vinhos, em que o…</p>
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<p>Dizem que a toda ação corresponde uma reação de mesma proporção...</p>
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<p>Pois bem, a ABITEX foi criada como uma <b><i>reação</i></b> dos importadores em face das ações da ABIT, que congrega as indústrias têxteis.</p>
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<p>E, durante anos, o comportamento da ABITEX se limitou a isto: <b><i>reação</i></b>...</p>
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<p>É óbvio que isto precisa mudar. <b><i>Os importadores precisam agir, atuar, posicionar-se!</i></b></p>
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<p>No setor de vinhos, em que o mesmo beligerismo imperava entre indústria nacional e importadores, houve um acordo objetivando um interesse comum e maior: aumentar o consumo de vinhos.</p>
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<p>Diante disso, a ABITEX propôs à ABIT um <b><i>diálogo construtivo</i></b>, visando, acima de tudo, <b><i>preservar os interesses do Brasil</i></b>, que estão sendo corroídos por esta luta inglória entre a indústria e os importadores.</p>
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<p>O primeiro ponto é definir a <b><i>abrangência</i></b> deste diálogo.</p>
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<p>A ABITEX representa os importadores de <b><i>matérias primas têxteis que, basicamente, são, fibras, fios e tecidos</i></b>.</p>
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<p>Portanto, <b><i>este é o foco</i></b>! Não nos interessa discutir qualquer outro setor produtivo.</p>
<p> </p>
<p>Na seqüência, precisamos conhecer qual é a <b><i>capacidade instalada e de produção efetiva da indústria de matérias primas têxteis no Brasil! </i></b></p>
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<p>A ABITEX não tem esta informação, simplesmente porque não há um banco oficial de dados que a disponibilize.</p>
<p>Os importadores sempre fomos acusados de prejudicar a indústria nacional. Mas <b><i>qual é esta indústria nacional</i></b>?</p>
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<p>No setor de matérias primas têxteis, que é o nosso foco, não há dados acerca da indústria brasileira, nem a do passado e nem a do presente.</p>
<p> </p>
<p>E, se somos acusados de causar danos a esta indústria, é justo que ela se apresente, que tenhamos dados confiáveis acerca da sua capacidade instalada e da sua produção efetiva.</p>
<p> </p>
<p>E, nesta mesma linha, é justo que saibamos qual é o custo real da produção. Afinal, como mensurarmos o quanto estamos prejudicando esta indústria?</p>
<p> </p>
<p><b><i>Os importadores de matérias primas têxteis não pretendemos ser predadores da indústria nacional!</i></b> </p>
<p> </p>
<p>E tanto é verdade que <b><i>as importações sempre se concentraram em matérias primas têxteis de origem sintética</i></b>, uma indústria que nasceu e se desenvolveu na Ásia, onde estão os grandes fornecedores do mundo – não só do Brasil.</p>
<p> </p>
<p>Importa-se algodão? Sim, principalmente à conta de um fator: <b><i>qualidade exigida</i></b>.</p>
<p> </p>
<p>Mas nós só poderemos ter certeza da influência das importações de matérias primas têxteis na economia brasileira <b><i>se</i></b> conhecermos a indústria nacional que produz fios, fibras e tecidos, qual é a sua capacidade instalada, o que é produzido efetivamente e o custo da produção.</p>
<p> </p>
<p>Sem isto, qualquer acusação será uma mera especulação.</p>
<p> </p>
<p>E os importadores não queremos mais ser vítimas deste vício de análise!</p>
<p> </p>
<p>Afinal, <b><i>temos responsabilidade corporativa, geramos empregos e pagamos tributos. Nossas empresas precisam ser sustentáveis como qualquer outra</i></b>.</p>
<p> </p>
<p>Historicamente, o Brasil nunca teve uma Política Industrial, porque sempre se perdeu na eterna luta entre os diversos interesses dos próprios industriais.</p>
<p> </p>
<p>Pois os importadores de matérias primas têxteis estamos dispostos a conversar com os industriais deste setor visando construir um pacto para que não se destruam mas, isto sim, que convivam num ambiente competitivo bom para todos.</p>
<p> </p>
<p>Hoje, a cada tentativa de protecionismo (justa ou não), o custo gerado é pago pelos consumidores. Se o Imposto de Importação é aumentado, ele é repassado para o preço ao consumidor. Se o preço do produto importado cresce, o movimento natural do comércio é aumentar o preço do produto nacional... Ou seja, “o consumidor paga o pato”... E isto gera <b><i>inflação</i></b>, um dragão que vem tomando corpo muito rapidamente...</p>
<p> </p>
<p>Daí o nosso convite aos industriais de matérias primas têxteis: <b><i>iniciemos um</i></b> <b><i>diálogo construtivo</i></b>!</p>
<p> </p>
<p><b><i>Sejamos transparentes e responsáveis socialmente</i></b>.</p>
<p> </p>
<p>Repito: os importadores de matérias primas têxteis não queremos ser predadores da indústria nacional. E, por esta convicção, queremos criar um ambiente de convivência, de interação, de evolução...</p>
<p> </p>
<p>Enquanto não nos for demonstrado o contrário, de modo claro e transparente, ouso reafirmar:</p>
<p align="center"><b><u>Importar é legal e necessário!</u></b></p>
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<p> </p>Verdades Que Devem Ser Ditas... - Importadorestag:textileindustry.ning.com,2012-04-22:2370240:BlogPost:3300012012-04-22T15:00:00.000ZJonatan Schmidthttps://textileindustry.ning.com/profile/JonatanSchmidt
<p>O ESTADÃO publicou, recentemente, uma excelente reportagem chamando a atenção para o que as Associações que congregam importadores estão fazendo.</p>
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<p>E aí há de ser feita uma pergunta: qual é a razão para este movimento.</p>
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<p>Na verdade, a maioria destas Associações foi criada há anos.</p>
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<p>No caso da ABITEX, por exemplo, ela foi criada em MAR/1999.</p>
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<p>O que ocorre é que o associativismo empresarial no Brasil, normalmente, só se desenvolve sob…</p>
<p>O ESTADÃO publicou, recentemente, uma excelente reportagem chamando a atenção para o que as Associações que congregam importadores estão fazendo.</p>
<p> </p>
<p>E aí há de ser feita uma pergunta: qual é a razão para este movimento.</p>
<p> </p>
<p>Na verdade, a maioria destas Associações foi criada há anos.</p>
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<p>No caso da ABITEX, por exemplo, ela foi criada em MAR/1999.</p>
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<p>O que ocorre é que o associativismo empresarial no Brasil, normalmente, só se desenvolve sob ataque, ou seja, a crise OBRIGA os empresários a se unirem. Assim foi e ainda é, com raríssimas exceções.</p>
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<p>Hoje, <b><u>todos os importadores estamos sendo considerados MARGINAIS</u></b>, infelizmente, embora sejamos grandes contribuintes de tributos, geremos um grande números de empregos, diretos e indiretos e façamos circular riquezas como poucos setores econômicos conseguem fazer.</p>
<p> </p>
<p><b>Somos os empresários mais fiscalizados no Brasil</b>, sem a menor sombra de dúvida.</p>
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<p>O RADAR/SISCOMEX é uma ferramenta incrível que a Receita Federal tem para nos fiscalizar em todos os sentidos, permitindo-lhe acesso inclusive à vida pessoal dos administradores e sócios, e estes dados podem ser disponibilizados para as Secretarias de Fazenda dos Estados mediante convênio.</p>
<p> </p>
<p>Os sistemas de controle aduaneiro e de licenciamento de importações do Brasil estão entre os mais completos e eficientes do mundo, embora sejam burocráticos a um ponto extremado, causando ônus e inseguranças desnecessárias.</p>
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<p><b>Mas nós, importadores, nunca reclamamos de toda esta fiscalização, porque não temos o que esconder</b>. Agimos absolutamente dentro da lei. Reclamamos, às vezes, da burocracia desnecessária ou mesmo do que chamamos “burrocracia”.</p>
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<p>A Receita Federal mantém, há anos, um convênio operacional com a ABIT, que congrega os industriais têxteis. Através deste ato, a Aduana usa técnicos indicados pela ABIT para fazer laudos técnicos. Até isto nós suportamos, apesar de ser uma situação irregular, no mínimo.</p>
<p> </p>
<p>Eu, pessoalmente, já tive o meu computador arbitrariamente apreendido e ele me foi devolvido porque a Justiça entendeu que inexistia motivação alguma para aquele ato de bisbilhotagem (é bem verdade que há anos os meus computadores são criptografados e sugiro que todos assim ajam, por medida de segurança...).</p>
<p> </p>
<p>Portanto, <b>as Associações que congregam importadores apenas começaram a aparecer mais na mídia, para demonstrarem que <u>não há razões para sermos maltratados e marginalizados</u></b>. Nós merecemos respeito porque exercemos atividades econômicas legítimas, pagamos tributos e respeitamos o sistema legal vigente.</p>
<p> </p>
<p>E o Brasil é um País onde é livre exercer tais atividades, porque a nossa economia é livre e porque estamos num Estado de Direito.</p>
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<p>Ou não?</p>
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<p>Estou errado? </p>
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<p>Por uma acaso eu perdi algum ato que transformou o Brasil em algo diferente disto?</p>
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<p>A atriz Regina Duarte foi enxovalhada anos atrás ao manifestar a sua opinião de que estava com medo dos rumos que o nosso País estava tomando.</p>
<p>Pois, hoje, nós, importadores, estamos com medo dos rumos que o nosso País está tomando.</p>
<p> </p>
<p>Exagerar na tributação e criar um ambiente contrário às importações sem nenhum critério é temerário, porque estamos numa economia globalizada e comércio tem mão dupla.</p>
<p> </p>
<p>A situação da indústria nacional decorre muito mais da incapacidade do Governo em produzir em implementar um Política Industrial e um Sistema Educacional adequado aos tempos modernos do que às importações legitimamente feitas, com o pagamento de tributos.</p>
<p> </p>
<p>Acresça-se a isto a omissão dos industriais brasileiros a programas de inovação tecnológica, ressalvadas as exceções (que existem, ainda que raras...).</p>
<p> </p>
<p>E ainda há a questão da governança corporativa, para a qual os nossos industriais não dão a devida importância. Ninguém conhece a realidade das indústrias, porque não há transparência, sequer para os acionistas minoritários, quiçá para a sociedade civil. Os relatórios são publicados, normalmente, apenas para cumprir o ritual da lei.</p>
<p> </p>
<p>Sustentabilidade? Responsabilidade social? Isto não são assuntos para os industriais brasileiros, que apenas se interessam em criticar os industriais chineses, jogando-lhes pedras como se fossem eles, os chineses, os únicos predadores da natureza.</p>
<p> </p>
<p>Vi, num blog muito interessante sobre <b>moda ética</b>, uma nota no sentido de que nós compramos produtos têxteis chineses fabricados em indústrias que poluem o meio ambiente.</p>
<p> </p>
<p>Ora, <b>e a indústria têxtil brasileira não polui?</b></p>
<p> </p>
<p>Talvez, e apenas talvez, tenhamos um maior controle sobre a poluição – nem tanto pela vontade própria dos industriais, mas muito mais por imposição dos órgãos ambientais e até da própria sociedade civil...</p>
<p> </p>
<p>Jorge Gerdau é, há tempo, um dos empresários mais ouvidos pela Presidência da República. Pois bem, ele declarou recentemente ao VALOR ECONÔMICO que <b>um dos maiores problemas da indústria brasileira é a falta de inovação e que este quadro poderá levar as nossas indústrias à morte...</b></p>
<p> </p>
<p>Então, que <b>sejamos menos hipócritas e mais realistas</b>. As nossas indústrias precisam inovar, seja nos produtos finais, seja nos processos industriais, tornando-os mais limpos e menos poluentes.</p>
<p> </p>
<p>Este, sim, seria um ato de responsabilidade social da parte dos industriais brasileiros, de quaisquer ramos.</p>
<p> </p>
<p>Pedir protecionismo sem razão alguma é um ato mesquinho, que apenas busca transferir os próprios problemas para os outros.</p>
<p> </p>
<p>E é hipócrita, porque quem pede tal protecionismo sabe que importar é necessário - pior, eles próprios são importadores...</p>
<p> </p>
<p>Então, <b>porque não nos sentarmos à mesa, industriais e importadores, e fazermos um pacto em prol do Brasil?</b> </p>
<p> </p>
<p><b>Nós</b>, da ABITEX, <b>queremos o melhor para o Brasil e não coadunamos com atos de comercio desleal e irregular.</b></p>
<p><b> </b></p>
<p>E os industriais brasileiros? Estariam eles dispostos a gerirem as suas empresas com adesão aos princípios e melhores práticas da governança corporativa? Estariam eles dispostos a inovarem os seus produtos e os seus processos industriais?</p>
<p> </p>
<p><b>Precisamos colocar um fim nesta guerra fratricida entre brasileiros e assumirmos as nossas responsabilidades para que o Brasil seja melhor para a sociedade e não apenas para alguns poucos</b>.</p>
<p> </p>
<p>Aliás, como já disse antes, a eventual aprovação da PRS 72 pelo Senado, que espero não aconteça, não acabará com guerra alguma. Na verdade, ela abalará o já fraco Pacto Federativo e colocará as Unidades da Federativa e a própria União Federal numa situação que só se viu nos anos 30, quando o Brasil viveu tempos de guerra civil exatamente pelo desrespeito ao Pacto Federativo.</p>
<p> </p>
<p>Espero que os ilustres Senadores tenham bom senso e não acendam o pavio de mais esta guerra...</p>
<p> </p>
<p>Enfim, tenho dito que, tal como é o lema da bandeira capixaba, devemos trabalhar e confiar, e devemos fazê-lo com altivez e coragem, porque <b>não</b> somos marginais. Pelo contrário, somos empresários que pagamos tributos, geramos empregos e fazemos circular riquezas.</p>
<p> </p>
<p>Por isto, num gesto impulsivo, ouso lançar o brado:</p>
<p align="center"><b><u>Importar é legal e necessário!</u></b></p>
<p> Jonatan Schmidt</p>
<p>Diretor Presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Matérias Primas Têxteis</p>
<p><a href="mailto:presid%C3%AAncia@abitex.org.br">presidência@abitex.org.br</a></p>
<p></p>
<p> </p>
<p> </p>PRS 72 - Uma "Verdade Criada"? - Guerra dos Portostag:textileindustry.ning.com,2012-04-08:2370240:BlogPost:3239102012-04-08T14:10:18.000ZJonatan Schmidthttps://textileindustry.ning.com/profile/JonatanSchmidt
<p> </p>
<p>O Senado brasileiro está prestes a aprovar a PRS 72, de autoria do Senador Romero Jucá (PMDB), ex-Líder do Governo, pela qual será ZERO a alíquota do ICMS incidente nas operações interestaduais com produtos de origem estrangeira.</p>
<p> </p>
<p>Dizem que isto tornará a indústria brasileira competitiva e colocará um fim à chamada Guerra Fiscal ou Guerra dos Portos.</p>
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<p><b>Qual é a verdade real?</b></p>
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<p>Parece-me que alguém está tentando “criar verdades”,…</p>
<p> </p>
<p>O Senado brasileiro está prestes a aprovar a PRS 72, de autoria do Senador Romero Jucá (PMDB), ex-Líder do Governo, pela qual será ZERO a alíquota do ICMS incidente nas operações interestaduais com produtos de origem estrangeira.</p>
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<p>Dizem que isto tornará a indústria brasileira competitiva e colocará um fim à chamada Guerra Fiscal ou Guerra dos Portos.</p>
<p> </p>
<p><b>Qual é a verdade real?</b></p>
<p> </p>
<p>Parece-me que alguém está tentando “criar verdades”, valendo-se de uma técnica conhecida como Gestão da Percepção, pela qual <b>não importa o fato em si mas o que é <i><u>percebido</u></i>, por que esta percepção passa a ser a única verdade, absoluta e plena.</b></p>
<p><b> </b></p>
<p>O Governo brasileiro já usou esta técnica nos tempos do Ministro Delfim Neto. O “milagre brasileiro” foi uma “verdade criada”, em que ficou a percepção histórica de um crescimento da economia brasileira incompatível com a realidade brasileira.</p>
<p> </p>
<p>Aliás, Goebbels era tão bom no uso desta técnica que ele até fez Hitler acreditar ser Deus e os alemães acreditarem que, sozinhos e isolados, dominariam o mundo.</p>
<p> </p>
<p>Se a indústria brasileira nasceu primitiva, pelas mãos dos povos indígenas, ela se desenvolveu muito pouco até os tempos de JK.</p>
<p> </p>
<p>A “abertura dos portos” de D. João VI e a criação de uma outra industria foi apenas uma forma de minorar as suas agruras em aqui viver.</p>
<p> </p>
<p>Nos primórdios da República, o que se discutia era o positivismo e o que mais interessava era a agricultura – o leite para os mineiros e o café para os paulistas. Ah! E o açúcar para os usineiros nordestinos...</p>
<p>Vargas, longe de ser um “pai dos trabalhadores”, foi um ditador vil, que nos colocou numa guerra inglória.</p>
<p> </p>
<p>A nossa industrialização, naqueles tempos, foi guiada por um único estímulo: a sobrevivência.</p>
<p> </p>
<p>A única política de industrialização foi proposta, efetivamente, por JK. Ele se foi e ela também...</p>
<p> </p>
<p>Poderíamos discutir o que o mundo fez e anda fazendo em termos de desenvolvimento econômico.</p>
<p> </p>
<p>Escolhi a Coréia.</p>
<p> </p>
<p>A Coréia era um país pobre, com a economia baseada na agricultura quando não estava envolvida nalgum conflito bélico. A sua indústria não tinha importância estatística alguma, até porque dependia dos chineses, dos japoneses, dos norte-americanos, dos ingleses, dos franceses... do mundo inteiro...</p>
<p> </p>
<p>Em 1987, os coreanos começaram as suas mudanças estruturais, instituindo um Estado democrático, voltado para garantir as bases para o desenvolvimento econômico. O processo educacional imposto pelo Governo garantiu à Coréia o “status” de uma economia baseada na tecnologia, sendo reconhecida como sendo um dos países com maior índice de desenvolvimento, em todos os aspectos.</p>
<p> </p>
<p>Aliás, em termos de matérias primas têxteis, a Coréia simplesmente deixou de produzi-las como “commodities”, preferindo se dedicar àquelas com alta tecnologia, dado o grande valor agregado. Se no fim dos anos 90, a Coréia era o grande fornecedor de “oxford” de “microfibras”, hoje isto virou um passado longínquo.</p>
<p> </p>
<p>A política educacional implementada pela Coréia conduziu a política industrial para o setor da alta tecnologia e isto pode ser observado na produção de automóveis, de computadores, de televisores, de equipamentos industriais e até mesmo de navios. E continuam produzindo matérias primas têxteis, mas agora com o foco na tecnologia avançada e até mesmo na sustentabilidade ecológica.</p>
<p> </p>
<p>E o Brasil viu isto acontecer, até porque perdemos um dos nossos maiores fornecedores de “oxford”...</p>
<p> </p>
<p>O Brasil assistiu, embora distante, as mudanças experimentadas por Seul, principalmente no sistema educacional. Viu industriais sendo condenados por crime “lesa patria”, por negarem transparência em suas transações, por governarem mal as suas corporações, colocando-as em risco enquanto se locupletavam das suas riquezas.</p>
<p> </p>
<p>Mas, curiosamente, <strong><span style="text-decoration: underline;">o Brasil nunca se preocupou em estudar criteriosamente o que aconteceu na Coréia do Sul.</span></strong></p>
<p> </p>
<p>Aliás, o Diplomata Paulo Roberto de Almeida já alertava, em 2010, para este “olhar vesgo” do Brasil em relação à Coréia – certamente com o receio de ser lembrado das lições que deveria aprender com quem tanto foi discriminado.</p>
<p> </p>
<p><strong>Infelizmente, ao invés de investirmos na educação e sermos “tolerância zero” nesta área, optamos pelas teorias liberais que tornaram as nossas escolas verdadeiros antros do ócio improdutivo, deixando os nossos professores sem preparo adequado para enfrentar a sociedade moderna, tornando-os reféns de alunos que sequer têm a educação elementar que deve ser produzida no ambiente familiar.</strong></p>
<p> </p>
<p>O reflexo disto está no mercado de trabalho, onde não profissionais minimamente qualificados e nos espantamos com engenheiros trabalhando como garis.</p>
<p> </p>
<p>Temos o maior número de estudantes de Direito e certamente o maior nível de reprovação no acesso à OAB, numa prova irrefutável de que as escolas brasileiras não estão educando.</p>
<p> </p>
<p>Aliás, neste ponto ouso observar que escolas tradicionais nunca precisaram pagar por anúncios publicitários – havia disputas por vagas. Hoje, há escolas oferecendo bolsas de estudos para atrair alunos....</p>
<p> </p>
<p><strong>Se a educação está ruim, como o Brasil pode querer uma indústria competitiva e eficiente? E, ainda por cima, sem uma política de desenvolvimento industrial?</strong></p>
<p> </p>
<p>Mas é absurdo debater a questão industrial brasileira como um todo, seja pelos aspectos regionais, seja por causa das especificidades setoriais.</p>
<p> </p>
<p>A indústria dos vinhos é um exemplo interessante. Ela está pedindo que o Governo Federal lhe dê salvaguardas, que são medidas de defesa típicas quando há uam invasão de produtos importados em prejuízo à indústria nacional.</p>
<p> </p>
<p>Mas todos nós sabemos que a indústria brasileira de vinhos surgiu e se fortaleceu a partir das importações. O consumidor brasileiro passou a exigir qualidade nos vinhos brasileiros. Aliás, como as uvas produzidas no Brasil se prestam melhor à produção de espumantes, várias vinícolas se voltaram para este nicho e o resultado foi surpreendente: vários títulos nacionais de espumantes vêm sendo premiados internacionalmente.</p>
<p> </p>
<p><strong>E estão pedindo salvaguardas? Há algo de podre por aí e não é o mosto, com certeza...</strong></p>
<p> </p>
<p>Aliás, no caso dos vinhos, é importante o realce de que o consumidor escolhe o produto pela uva (ou o <i>blend</i>) com que ele é fabricado e a uva, em geral, é típica de uma região, embora algumas estejam presentes no mundo inteiro, inclusive no Brasil.</p>
<p> </p>
<p>Ou seja, se o consumidor quer um vinho com <i>chardonay</i> ou com <i>cabernet sauvignon</i>, ele certamente encontrará vinhos fabricados em quase todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.</p>
<p> </p>
<p>Mas há uvas que <b>não</b> são produzidas no Brasil, por razões diversas, inclusive geológicas. A uva <i>malbec</i> é um bom exemplo. Embora originária da França, até bem pouco tempo ela só era encontrada na Argentina. Como a uva havia sido praticamente dizimada na França, por uma praga agrícola, os franceses buscaram onde haveria condições para o seu desenvolvimento, descobrindo-se que o solo argentina era tão bom, ou até melhor, que o solo da região de Cahors. Parcerias foram desenvolvidas e hoje o mundo agradece pela excelência dos vinhos <i>malbec</i> produzidos na Argentina. E a França já começou a recuperar os seus vinhedos, mas todos os conhecedores reconhecem que será difícil eles igualarem ao sabor alcançado pelos <i>hermanos…</i></p>
<p> </p>
<p>A uva <i>nero davola</i> é típica da Sicilia, como a <i>sangiovese</i> é típica da Toscana e a <i>touriga,</i> a <i>baga,</i> a <i>castelão</i> e a <i>trincadeira</i> são castas típicas de Portugal. <i> </i> </p>
<p> </p>
<p><strong>O Brasil não produz estas uvas. Simples assim.</strong></p>
<p> </p>
<p>Portanto, a não ser que haja um milagre da natureza, <strong>o Brasil não terá como produzir os <i>mesmos</i> vinhos originários da França, de Portugal, da Espanha e da Itália, todos com muita tradição, e nem mesmo da África do Sul, da Austrália ou da Nova Zelândia, que vêm se impondo no mercado mundial, com uvas regionais em corte com outras.</strong></p>
<p> </p>
<p><span style="text-decoration: underline;"><strong>No campo das matérias primas têxteis, a questão é a mesma.</strong></span></p>
<p> </p>
<p>Somos produtores de algodão e de seda, por exemplo. Aliás, temos uma boa exportação de seda, já que o mercado brasileiro, por vários motivos, não usa grande parte da quantidade produzida.</p>
<p> </p>
<p>Mas, nós <b><i>não</i></b> somos produtores de MPTs de origem sintética, seja no aspecto quantitativo, seja no da qualidade. Simples assim.</p>
<p> </p>
<p>Estas MPTs são produzidas a partir de subprodutos do petróleo e o Brasil ainda está preocupado com a extração do petróleo e com a sua industrialização básica.</p>
<p> </p>
<p>Hoje, a China é, de longe, o grande fornecedor de MPTs de origem sintética, por várias razões, dentre as quais por estar substancialmente avançada, tecnologicamente, neste setor.</p>
<p> </p>
<p>Ou seja, o problema não é simplesmente preço. É qualidade e disponibilidade.</p>
<p> </p>
<p>É óbvio que o Brasil tem um custo de produção elevado, mas também é indiscutível que há um problema de desenvolvimento tecnológico e que as nossas plantas industriais estão defasadas em todos os sentidos. E ainda temos o problema da logística. </p>
<p> </p>
<p>Mas a nossa indústria de confecção é muito boa, sendo reconhecida internacionalmente em vários nichos.</p>
<p> </p>
<p>Contudo, sem a importação de MPTs de origem sintética a indústria de confecções <i><b>não</b></i> subsistirá. Ou alguém imagina ser possível produzir <i>surfwear</i> ou <i>beachwear </i> de algodão ou seda?</p>
<p> </p>
<p>E qualquer aumento no custo destas importações refletirá diretamente nos custos da indústria de confecções....</p>
<p> </p>
<p>Mas continuamos precisando de investir em educação, uma educação que forme pessoas, artistas e profissionais. E precisamos de uma política de desenvolvimento industrial...</p>
<p> </p>
<p>Não há mais espaços e nem tempo para discursos hipócritas ou exercícios de “Gestão de Percepção”. Aliás, precisamos de Gestores de verdade – e da verdade!</p>
<p> </p>
<p>Então, caros empresários e políticos, um brinde (com espumante nacional) ao desenvolvimento industrial sustentado do Brasil!</p>
<p> </p>
<p>E que não nos envergonhemos de importar, mas tenhamos o orgulho de produzir e exportar. </p>