Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Nos últimos meses, o Brasil tornou-se o estranho país que não cresce, mas está em pleno emprego, ou próximo dele. A taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas está na mínima histórica, e os salários continuam a aumentar com força. Parte da resposta para esse aparente enigma está no desempenho ainda razoável do setor de serviços, o que mais emprega, e provavelmente também na política das empresas de retenção de mão de obra, num momento em que é difícil encontrar trabalhadores qualificados e existe a expectativa que a economia se recupere na segunda metade do ano.


A menor oferta de mão de obra, contudo, também tem importância nessa história, indicando que a mudança demográfica em curso no país tem um papel relevante para explicar a resistência do mercado de trabalho. A forte queda da taxa de fecundidade no Brasil tem afetado o ritmo de alta da população em idade ativa (PIA) e, com isso, diminuído a velocidade de expansão da oferta de trabalho.


Para o economista Jorge Arbache, assessor da presidência do BNDES e professor da Universidade de Brasília (UnB), o comportamento do mercado de trabalho num quadro de economia estagnada é uma evidência significativa de que a questão demográfica é fundamental para explicar o desemprego baixo.

Menor crescimento populacional impacta mercado de trabalho


O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro patina desde o terceiro trimestre de 2011, quando recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal. Nos dois trimestres seguintes, o avanço foi de apenas 0,2%. Apesar disso, a taxa de desemprego continua muito baixa. Em maio, ficou em 5,5%, feito o ajuste sazonal, o nível mais baixo da série calculada pela LCA Consultores, número já alcançado em novembro e dezembro de 2011.


Eu não poderia imaginar uma prova mais forte da relevância do fator demográfico para o baixo desemprego, diz Arbache, que há tempos bate na tecla de que a demografia já tem efeitos significativos sobre o mercado de trabalho, um reflexo da forte queda da taxa de fecundidade ocorrida no país nas últimas décadas.


Nos últimos meses, o ritmo de crescimento da população em idade ativa perdeu um pouco mais de fôlego. Nos 12 meses até maio, a alta foi de 1,2%, inferior ao 1,3% de 2010 e também de 2011. Em 2005, o avanço tinha sido de 1,8%.


A expansão mais modesta da PIA tende a reduzir também a velocidade de crescimento da população economicamente ativa (PEA), que reúne as pessoas já ocupadas e as que buscam emprego, embora as duas não andem necessariamente juntas. A desocupação é calculada pela comparação do número de desempregados com a PEA.


O economista-chefe da corretora Convenção Tullett Prebon, Fernando Montero, também vê a menor oferta de mão de obra com um dos principais motivos para explicar a resistência do mercado de trabalho num ambiente de PIB anêmico. E a escassez de mão de obra, nota ele, ocorreu simultaneamente ao desempenho mais forte do setor de serviços, um grande empregador. Em maio, por exemplo, a ocupação no segmento de serviços a empresas cresceu 4,9% sobre o mesmo mês de 2011 nas seis principais regiões metropolitanas, acima da média geral de 2,5%.


Montero destaca que a população economicamente ativa tem crescido menos, contribuindo para derrubar o desemprego. A alta mais fraca da população em idade ativa lhe parece uma história razoável para o fenômeno, que também pode ser influenciado por outros motivos - com o aumento da formalização e a alta de salários, é possível que os filhos dediquem mais tempo ao estudo, demorando mais para entrar no mercado de trabalho, por exemplo.


A escassez de mão de obra também ajuda a explicar a aparente contradição entre os números da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, na visão do ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. Os dados do IBGE mostram desemprego em queda e forte alta da ocupação, enquanto o Caged - restrito ao mercado formal - indica uma perda de fôlego na criação líquida de empregos, ou seja, na diferença entre contratados e demitidos.

http://www.valor.com.br/brasil/2733030/demografia-e-o-baixo-desemprego

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