Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Jornal do Brasil
Sergio Sebold *

Em artigo anterior sobre o tema China (O perigo amarelo), publicado neste JB em 24/08 último, temos demonstrado que a longo prazo estaremos sob o domínio deles, ao menos no terreno econômico. Um trabalhador chinês quando é convidado, através de entidades nacionais que catam no interior do país, operários para as indústrias das grandes cidades, as famílias se despedem como se ele fosse prestar um grande serviço à pátria. Ele parte, com as bênçãos da família, pois para ela está garantida uma renda, que para aquelas plagas a vida também não é tão fácil assim. E quando retornam, durante minguadas férias de duas semanas, retornam como heróis que vieram de um campo de batalha.

Esta é a força moral de uma grande nação. É verdade que lá a lei é duríssima para quem dela se desvia. Dura lex, sed lex (A lei é dura, mas é a lei). A condenação à morte não está muito distante de certos delitos, dos quais aqui no Brasil até fazem chacota. Se para os sociólogos o poder político da China tem características totalitaristas, por sua vez é de se convir que manter em ordem social coesa e pacífica uma massa de 1 bilhão e 300 milhões de gafanhotos humanos é uma tarefa hercúlea e descomunal. Talvez o modelo de conciliar o regime comunista com o modelo de “capitalismo autoritário”, que estão praticando, tenha sido a única forma para garantir a integridade do Estado-nação. Trazer um país do estágio bárbaro (tecnologicamente - não em termos culturais), com os pés mergulhados no Terceiro Mundo, para o século 21 em menos de um século, somente por uma filosofia chinesa de solidariedade e ética consagrada em milênios, seria possível.

Muitas empresas nacionais do Ocidente na impossibilidade de competir acharam que a melhor estratégia para vencê-los era instalar-se, diretamente, no terreiro do inimigo. Ledo engano. Foram para lá gerar emprego para eles, ao preço de nossa desindustrialização. Para os empresários empreendedores foi uma excelente saída, mas para seu país foi uma tragédia econômica. Assim, por falta de espírito de união, onde a solidariedade somente aparece em casos de tragédia natural de escala, o espírito inescrupuloso da competitividade, como a única forma econômica de sobrevivência, está levando ao colapso do mundo ocidental. Não há espírito de valor patriótico, — com o jargão de que capital não tem bandeira, — empresas ocidentais ganham rios de dinheiro, comprando dos chineses por centavos e vendendo para nós a “preços de mercado”, que pode chegar a centenas de dólares. Apenas interessa o lucro imediato e a qualquer preço. Usando a expressão de Luciano Pires, profissional de comunicação, é o que se pode chamar de “estratégia preçonhenta”. O desemprego, na visão de certos empresários irresponsáveis, “não é um problema nosso, é uma estatística que os governos terão que resolver”. Vale lembrar uma frase do saudoso papa João Paulo II: “...o desemprego, para os governos é uma mera estatística, mas para a sociedade e para quem está nessa estatística é uma tragédia”.

Enquanto empresários ocidentais buscavam na terceirização um modelo de redução de custos para melhor competirem entre si, ganhando a curto prazo, a China procurou assimilar essas táticas, criando grandes empresas industriais de alta performance, para a longo prazo gerarem o domínio do mercado mundial. Infelizmente, este longo prazo está chegando mais rápido do que se pensava. A criação artificial de estereótipos em marcas, símbolos, grife etc, instigando os jovens ao consumo de massa, passando aos chineses a produção física de bens necessários ao nosso conforto, está levando ao desmantelamento de todo o parque industrial ocidental. Já não haverá fábricas de tecidos, calçados, tênis etc (grandes absorvedores de mão de obra) no mundo ocidental. Só haverá na China.

Assim, num futuro não muito distante, quando o domínio se concretizar, poderemos ter uma situação como foi o choque do petróleo, pela Opep. Os preços serão administrados diretamente por eles, de onde se terá então o “choque das manufaturas”. Aí será tarde demais. Nesse momento se perceberá que se alimentou um enorme dragão (por coincidência chinês), e acabamos sendo reféns dele mesmo.

* Sergio Sebold é professor e economista

Fonte:|http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/10/09/a-estrate...

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Comentário de Edilaine Garcia em 27 outubro 2011 às 7:40

Concordo contigo Edson e aquina Europa também já sentimos isto, principalmente em  Portugal, que abriu as portas a eles e também sente-se a industria e o comércio Chines toando conta, há imensos shoppings Centers onde encontra de tudo, pode comprar uma jaqueta de inverno a 5 euros enquanto o desemprego é desesperador, e já virou uma bola de neve, as pessoas não tem emprego,o dinheiro só permite consomir o balatinho do chines, não geram emprego interno, tudo é feito lá fora e eles dominam.

Comentário de Giovanni Sandor em 24 outubro 2011 às 9:57

'e a grande decpeção desse mercado "mortal kombate"é que quando não se aceita o que eles produzem começam a introduzir de uma forma maciça entre os compradores do Brasil como ? Sou representante Comercial em confecções e nunca vi o mercado tão escasso de "Vendas" . Mas uma coisa eu sei que a grande parte desse sistemas é imposta pela falta de "CARATER DE "ALGUNS DE NOSSOS EMPRESARIOS " QUE SÓ VISAM O LUCRO ...LUCRO ...A ISSO CHAMAMOS CAPITALISMO ...E ESSE CAPITALISMO DESPEDE PESSOAS, QUEBRA EMPRESAS POIS NÃO TEM COMO CONCORRER COM OS "AMARELITOS"E TEMOS DE TER UM POSTURA SERIA EM RELAÇÃO  A GRANDEZA  DO TRABALHO DOS CHINESES POIS NÃO É SÓ A PRODUÇÃO EM SI , MAS UMA LIÇÃO DE PATRIOTISMO E RESPEITO PELO SEU PAÍS! E COM CERTEZA JÁ ESTAMOS A MERCÊ DELES ...APENAS CONTINU AMOS DORMINDO...DORMINDO E QDO ACORDARMOS SERÁ CEDO....CEDO... E O SOL  LÁ NUNCA SE PÕE...JÁ FOI !!TEMOS DE CRIAR A "ESTRATEGIA PARA VENCER A ESTRATEGIA DELES...MAS COM A NOSSA EDUCAÇÃO E VONTADE...COMO SERÁ? SE CADA UM  TÁ PENSADO EM COM TER O SEU PEZINHO DE MEIA NA BOA MESMO A MEIA SÓ ENTRANDO ATÉ O TORNOZELO...! NUNCA VIMOS TANTO EMPRESAS DE PRIVATE LABEL...UMA CAMISETA CHINESA 1 DOLAR ...COLOCA A ETIQUETA AQUI....E VENDE AOS LOGISTA POR 50 REIAS E O PREÇO FINAL EM TORNO DE 99 REAIS!E SEM IMPOSTO NENHUM...E SABEM DISSO! VAI ENCARAR  A SE AFUNDAR COMPRANDO EQUIPAMENTOS DE ALTO PERFOMANCE A MILHOES E COMPRADOS A CREDITO... OU RECEBER TUDO PRONTINHO DO "AMARELITOS" E SÓ FATURAR..SEM DESPESAS....EMPREGADOS ...GERENCIA....VIVEMOS ESSA REALIDADE!E VIVA A CHINA!!

 

 

Comentário de Edilaine Garcia em 17 outubro 2011 às 8:43
Uma visualização real do artigo acima pode ser visto pelo documentário "China Blue" encontra-se em 3 partes e disponível no youtube. Vale a pena conferir, todos sabem, mas ninguém toma providência, o comodismo está alimentado este império.
Comentário de Marcelo Paulino Bogossian em 14 outubro 2011 às 11:22
Magnífico texto, postei no Facebook!
Comentário de Edson Baron em 11 outubro 2011 às 15:44

Para quem não leu o texto mencionado no artigo acima, segue:

 

O perigo amarelo

 

O êxtase do prazer de consumo está contaminando toda a sociedade, tanto do Brasil como do mundo, que acabará por se consumir a si mesmo. Estamos vivendo a euforia de preços baixos, principalmente aqueles ligados a importação, tudo por conta de um câmbio hipervalorizado. Embora o Brasil tenha sido prudente na sua política macroeconômica, deverá dar atenção também pelo lado da microeconomia, mais particularmente o empresarial. Sendo aceito o Brasil como um novo personagem no tabuleiro da economia mundial, está na hora de mostrar também suas cartas.

A grande euforia da sociedade está sendo a oportunidade de acesso a bens de consumo que antes só era possível para as classes altas e médias. Muitos produtos eletrônicos (apenas como exemplo), que eram inacessíveis para as classes C, D e E, agora estão ao alcance das suas mãos, melhor, dos seus bolsos. Muitos que gostariam de ter acesso a celulares agora podem ter. Muitos que gostariam ter acesso a televisores de alta definição, agora, podem alcançar, assim por diante.

Há dois anos comprei um PenDrive de 2G por R$ 80, um novo agora custa R$ 20 de 4G. Isso sem contar que houve também inflação no período. Os produtos chegam hoje a um terço dos valores originais. Isto permitiu o ingresso de milhões de pessoas no conforto da vida contemporânea. Nada contra. Entretanto, à medida que se importam produtos de consumo e serviços finais, está-se acabando com a indústria doméstica. Logo, teremos o desemprego em massa e milhões na miséria. Em nada adiantará convencer a sociedade a comprar mais produtos nacionais, enquanto os preços dos importados forem menores. Ninguém dará ouvidos.  Mesmo com a cara azeda, dos mandarins do mercado internacional, o Brasil neste primeiro momento deverá rever sua política aduaneira com urgência, para equilibrar os interesses da indústria local. Ou, por sua vez, rever sua política cambial, que está sufocando nossas exportações. A balela do mercado livre sempre foi bom para inglês ver, mas neste momento não o é para nós.

A invasão de produtos chineses é uma realidade indiscutível, quando 1 bilhão e trezentos milhões de gafanhotos amarelos resolveram arregaçar as mangas para o trabalho, com espírito patriótico de 12 horas diárias, uma folga por mês e 12 dias de férias por ano. Tudo isso a um salário médio mensal de US$ 100, mais alguns custos irrisórios e lucro somente para reposição dos investimentos (por ser um país socialista) e ainda com tecnologia de ponta.

Faz 200 anos que Napoleão Bonaparte fez uma profecia, que  está começando a realizar-se. Quando lhe informaram do fracasso da Inglaterra em conseguir um acordo diplomático e por trás acordos comerciais, ele disse: "Deixem a China dormir porque, quando ela acordar, o mundo vai estremecer".

A China daquele futuro profético é a de hoje.  A  verdade é que, agora, tudo o que se compra importado é praticamente Made in China. Mesmo que se tenha rótulo de marcas e grafia ocidental, a produção física original tem origem na Ásia. Mas quem liga para esse fato quando já alcançou a qualidade exigida pela nossa cultura? Pelo que se sabe atualmente, ninguém. Agora é só.... aproveitar, E APROVEITAR! Depois, como será para os nossos filhos e as futuras gerações que ficarão na miséria?

Por ironia da história, eles dominarão o mundo sem armas e sem sair de casa. 

Sergio Sebold é economista e professor de pós-graduação da Uniasselvi –  Blumenau (SC)

http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/08/23/o-perigo-...
Comentário de Edson Baron em 11 outubro 2011 às 9:13

Os EUA, maior sociedade consumista atual já sente duramente na pele os estragos feitos por terem aberto mão da maior parte de sua indústria, ainda que tenham um fortíssimo setor de serviços com alta capacidade de geração de negócios no mundo todo (ex. Microsoft, Apple, WalMart e uma infinidade de outras grandes empresas), algo que inexiste no Brasil.

Se não fizermos algo e rapidamente, brevemente veremos vitrines abarrotadas de "plodutos balatinhos" mas sem nada nos bolsos para comprá-los.

Talvez tarde demais perceberemos que de nada adianta um preço ótimo para venda sem a existência de capacidade de compra.

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