Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A fotografia de moda mostra muito mais 

do que só a roupa - aqui, o corpo também 

é colocado em evidência.

Man Ray, em 1937 - fotografia de moda revela muito mais do que só a roupa, mas também o corpo ideal para vesti-la.


A moda é divulgada principalmente através da fotografia. Seja um editorial de moda de uma revista, fotos de desfile, campanha de certa marca ou lookbook, é a expressão máxima da moda para se vender e ser consumida. 

 

Um detalhe para o qual é preciso ficarmos atentos é que a fotografia de moda não representa o seu tempo, mas a idealização que certo tempo possui.

 

Um criador de moda, quando propõe certa roupa, propõe também um tipo certo de corpo para vesti-la. E isso se torna claro na roupa da fotografia de moda.

 

A idealização da fotografia de moda aconteceu, na história, de forma muito mais intensa com as mulheres do que com os homens, já que a moda é, há muito tempo, atividade tipicamente feminina. Mas isso não significa que corpo e modelos de homens também não tenham um ideal ao longo do tempo, em especial na contemporaneidade, com a moda fazendo mais parte da vida masculina. 

 

As garotas de Charles Gibson. A ilustração de moda, que viria a ser substituída pela fotografia, apresenta padrões criados pela moda.

 

Isso começou ainda antes da fotografia de moda: com a ilustração. No final do século XIX, quando muitas das revistas ainda eram ilustradas, as Gibson girls desenhadas pelo americano Charles Dana Gibson refletiam o ideal de mulher da época: voluptuosa, com a cintura ainda comprimida com espartilho, alta, cabelos cacheados presos no alto da cabeça, com expressão desafiadora - era praticamente uma femme fatale. É claro que a grande maioria das mulheres do fin de siècle não estavam nesse pé de ousadia.

 

As divas etéreas de Adolf de Meyer, do começo do século.

 

As mulheres etéreas das fotografias de Adolf de Meyer representam o ideal do começo do século. Com cinturas comprimidas, ou, posteriormente, com a silhueta solta que veio com os anos 1920, as mulheres se assemelhavam a deusas gregas, em poses relaxadas com luz etérea. Mais tarde, Cecil Beaton seria uma espécie de herdeiro de seu estilo.

 

Edward Steichen - a fotografia de moda revela mulheres mais ativas, com roupas mais práticas em corpos mais magros.

 

Com os anos 1920, as usadas flappers que dançavam foxtrote com ousadas saias curtas de franjas e muito brilho, associadas a uma vida liberal com sexo, bebida e drogas. As fotografias de Edward Steichen - que substituiu De Meyer como fotógrafo-chefe da Vogue, o modernismo se revelava nas roupas retas e nas modelos com os corpos certos para usá-las. A fotografia também adquire movimento e atuação, ao contrário das estátuas graciosas de De Meyer.

 

Man Ray foi uma grande ruptura. Ele é responsável pela linguagem mais conceitual das fotografias de moda, o que fez com que elas se distanciassem da linguagem publicitária tradicional: o que importa não é mostrar a peça de roupa, mas sim o que ela significa. Man Ray inaugura a linguagem de fotografia de moda contemporânea.

 

Moda em movimento e corpo atlético e bronzeado: Martin Munkacsi. 

 

Mais tarde, a beleza de diva distante, disseminada principalmente pelas divas do cinema americano, é mostrada nas fotografias de Horst P. Horst. Martin Munkacsi trabalha com outro ideal feminino da época, que é o corpo esportivo, torneado, atlético e sempre em movimento.

 

Nos anos 1950, o ideal feminino do new look foi compartilhado, assim como o de uma mulher jovem, mas não muito. Já nos anos 1960, eram os corpos esquálidos das adolescentes os que melhor vestiam a proposta da moda do período, personificada especialmente pela modelo Twiggy. Esses períodos foram retratados bem por Richard Avedon. Mais tarde, Helmut Newton trabalharia com a sensualidade explícita, signo dos novos tempos.

 

Twiggy e Richard Avedon: beleza esquálida, adolescente, semelhante à que a moda prega hoje.

 

Atualmente, referências diversas são propostas nas fotografias de moda, das musas sensuais de Mario Testino aos que desafiam padrões de beleza do casal Ines van Lamswerde E Vinoodh Matadin. 

 

Os corpos de Mario Testino: aqui, para a Vogue espanhola, em 2012.

Como foi apontado recentemente nessa matéria da revista TPM, a moda vende um corpo, segundo Vivian Whiteman, do Estado de S Paulo. Esse corpo muitas vezes não pode ser atingido pela maioria das pessoas, por puro fator genético. Um lifestyle que quer ser disseminado pelas revistas de moda está associado a esses corpos da fotografia de moda - Whiteman dá o exemplo de que corpos magros são sempre acompanhados de notícias de dieta e fitness. 

Ao mesmo tempo, a moda classifica esse corpo como desejar e faz dele a sua bandeira: é o caso nas novas modelos voluptuosas, consideradas "plus size" - tem sobre aqui nessa outra matéria. A capa da Vogue Brasil de julho, com Kate Upton, revela bem esse in love atual da fotografia de moda com as "falsas gordas". Ideais de um tempo criados pela fotografia de moda, dificilmente alcançáveis.

 

Vivian Berto

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