Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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O consumidor brasileiro continua comprando, embora um pouco mais cauteloso, mas uma parcela cada vez maior de seu dinheiro tem sido gasta com produtos importados.

A participação de bens industriais estrangeiros no mercado interno chegou a 22,2% no período de um ano encerrado no primeiro trimestre de 2012, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse coeficiente foi o maior da série iniciada em 1996, quando a participação estrangeira no consumo nacional não passava de 12,5%. A porcentagem pouco variou até 2003 e cresceu de forma quase contínua nos anos seguintes. Essa participação inclui tanto os bens destinados ao consumo final quanto os insumos destinados a processamento nas fábricas brasileiras. Essa evolução é explicável em parte pelo crescimento econômico, pela expansão do mercado interno e pela integração do Brasil no mercado global - um processo saudável e benéfico para o País. Mas é atribuível também, e cada vez mais, à perda de competitividade dos produtores nacionais. Esse é o lado ruim da notícia.

O levantamento, realizado periodicamente pela CNI, mostra a evolução de importações e exportações no consumo e na produção de bens industriais. Os números publicados na última quinta-feira indicam também um aumento da participação das vendas externas no valor da produção industrial. Também esse coeficiente aumentou nos últimos dois anos e atingiu 18,1% nos quatro trimestres encerrados em março de 2012, mas continuou abaixo do recorde histórico, 20,4%, registrado em 2006. Mas é preciso ir além desses números para obter uma visão mais precisa da história e da real condição da indústria brasileira.

A participação de 18,1% inclui as exportações tanto do setor extrativo quanto da indústria de transformação. Esse cálculo de alguma forma distorce o quadro e torna os resultados um pouco melhores, quando se considera o poder de competição dos produtores brasileiros.

A decomposição do setor em dois segmentos mostra duas situações muito desiguais. Na indústria extrativa, o coeficiente de exportações alcançou 72,3%, com ampliação de 0,3 ponto porcentual sobre o período anterior de quatro trimestres. Basta pensar no desempenho de uma empresa como a Vale para entender esse dado. Para o segmento de minerais metálicos, as vendas ao exterior têm um peso de 82,3%. Na indústria de transformação o peso das exportações ficou em modestos 15,2%, com aumento de 0,2 ponto porcentual em relação a 2011.

Os grandes problemas de competitividade ocorrem no setor de transformação e estão associados a custos diretos e indiretos bem maiores que aqueles encontrados em outros países. Durante vários anos a indústria foi duramente afetada pela valorização do real. A atual alta do dólar foi uma boa notícia para grande parte dos industriais, mas é cedo para dizer se cotações na faixa de R$ 2,00 serão mantidas nos próximos meses.

Os problemas de competitividade são visíveis mesmo em segmentos com coeficiente de exportações acima da média. No setor de componentes eletrônicos, por exemplo, a participação das vendas ao exterior subiu de 25,2% para 26,8%, mas a penetração das importações no mercado interno passou de 78,4% para 83,8%. No caso da indústria têxtil, o coeficiente de exportações, inferior à média geral, subiu de 14% para 15,6%, mas a proporção de importados no consumo continuou bem acima desse nível, subindo de 23,6% para 23,7%.

Parte do aumento das importações é explicável pela maior procura de insumos estrangeiros. Vários fatores podem ter contribuído para essa evolução. Valorização do real, competição desleal e deficiências da cadeia interna de suprimentos podem ter influído conjuntamente.

O uso de insumos importados pode ser, em alguns casos, um fator de aumento de competitividade. Em alguns segmentos, como, por exemplo, a indústria aeronáutica, é um padrão seguido mundialmente. Mas é preciso discriminar os vários casos para entender o fenômeno. De toda forma, um dado é claro: para a maior parte da indústria, a insuficiência da demanda interna está longe de ser o maior problema.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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