Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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A missão impossível de Dilma: “mudar” sem realmente mudar

Nelson Barbosa: esperança só para os sonhadores

Findada a eleição, Dilma precisa descer no palanque e governar, enfrentando a dura realidade, bem diferente do país inventado por seu marqueteiro João Santana. O problema é que petistas só sabem viver em palanques, não governar. Quando é para efetivamente administrar o país, sai de baixo! A incompetência, somada à arrogância, costuma tirar o país dos trilhos.

Foi o que fez Dilma com sua “nova matriz macroeconômica”. O nacional-desenvolvimentismo jamais deu certo em canto algum do mundo, inclusive no Brasil, onde já fora testado antes, com Geisel. Protecionismo comercial, seleção dos campeões nacionais, intervencionismo e dirigismo estatal na economia, controle de preços, todo esse centralismo nunca produziu bons resultados.

E agora a presidente precisa enfrentar a desconfiança dos investidores do Brasil e do mundo, a perda do apetite por investimentos, a morte do “espírito animal”, a fuga de capitais. Para resgatar um pouco da credibilidade totalmente perdida, Dilma terá que mudar sua equipe. Mantega já foi “demitido” durante a campanha, mas eis o problema: quem colocar em seu lugar?

Como mostra o professor Rogério Werneck em sua coluna de hoje no GLOBO, trata-se de uma “missão impossível” resgatar essa credibilidade sem mexer realmente na equipe. Realizar apenas uma dança das cadeiras, trocando ministros de posição, não vai resolver absolutamente nada. Colocar alguém forte e independente, como quer Lula, não deve passar pelo crivo de Dilma, que teria de aceitar a perda do comando e ficaria impossibilitada de demitir seu ministro sem causar pânico nos mercados.

Ou seja, Dilma está mesmo em uma sinuca de bico, e deverá escolher um nome mais “neutro”, como Nelson Barbosa. Ocorre que Barbosa, apesar de ter brigado com Arno Augustin, o que é sempre bom sinal, está longe de ser alguém com visão contrária ao modelo equivocado de Dilma. Como o próprio Werneck mostra, Barbosa é o autor de um paper elogioso às mudanças efetuadas desde o governo Lula em prol do desenvolvimentismo:

Escrito em tom triunfalista, em meio à euforia de 2010, o artigo apresenta relato quase épico dos grandes feitos que vinham sendo logrados pela “opção desenvolvimentista”, após a derrota da “visão neoliberal” no governo Lula, com o abandono da proposta de ajuste fiscal de longo prazo. Passados quatro anos, e estando a economia como está, sua leitura tornou-se imperdível.

Realmente, uma rápida lida no material já comprova que a ilusão de que Nelson Barbosa representa o bom senso da equipe de Dilma não passa disso: uma doce ilusão dos investidores que desejam acreditar no melhor, por falta de alternativa mesmo. O desejo, porém, jamais deve substituir a razão em nossos julgamentos. Vejam o que escreveu Barbosa na ocasião:

Durante o governo Lula, o Brasil iniciou uma nova fase de desenvolvimento econômico e social, em que se combinam crescimento econômico com redução nas desigualdades sociais. Sua característica principal é a retomada do papel do Estado no estímulo ao desenvolvimento e no planejamento de longo prazo. 

[...]

Levando em conta os pontos acima, para os desenvolvimentistas o Brasil poderia acelerar seu crescimento econômico de modo sustentável com base na adoção de alguns estímulos fiscais e monetários por parte do governo federal. 

[...]

Para os desenvolvimentistas, os aumentos nas transferências de renda poderiam ser implementados sem gerar desequilíbrios fiscais. A aceleração do crescimento econômico e o aumento no grau de formalização dos contratos induzido pelo maior crescimento gerariam aumento de arrecadação para o governo e, desta forma, as transferências de renda poderiam ser financiadas sem comprometer a estabilidade das finanças públicas. 

[...]

O que se observa é que em determinados momentos históricos particulares alguns governos adotam medidas que redesenham, nos anos subsequentes, as opções de política econômica, validando alternativas que se tornam a partir dali, e por um longo período, consensuais. Em meados do século passado, no Brasil, tivemos a montagem do Estado desenvolvimentista, no governo de Getúlio Vargas, e o período de busca do desenvolvimento acelerado, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, que colocaram o desenvolvimento nacional em novo enquadramento. A reavaliação de valores, muitas vezes produto do pragmatismo político, leva ao deslocamento do espaço das políticas macroeconômicas. No Brasil, a inflexão no rumo de políticas mais “desenvolvimentistas” partilhou deste caráter redefinidor, ao incorporar na agenda atual um crescimento mais inclusivo. 

Pergunto: você realmente dormiria tranquilo com alguém assim cuidando de nossa economia? Que tal cobrar antes suas análises e recomendações do passado, e confrontá-las com o que de fato ocorreu? O que as medidas desenvolvimentistas tão aplaudidas por Nelson Barbosa produziram foi somente uma coisa: estagflação! Como, aliás, previsto por vários economistas liberais, inclusive este que escreve.

Para Dilma resgatar a credibilidade de sua política econômica, ela teria de deixar de ser Dilma. Alguém aposta nisso mesmo? O mais provável será um estelionato eleitoral como já vimos, com a adoção de pequenas medidas “tucanas” à contramão do que a própria Dilma candidata dizia, mas não a ponto de reverter o cenário econômico. Esperemos mais do mesmo, ou seja, uma contínua deterioração do quadro de nossa economia. Qualquer outra coisa não passa de puro desejo…

Rodrigo Constantino

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