Um dia eu quase desisti. Não por desacreditar na justeza da luta pela decência e pela ética. Por cansaço.
Não tenho mais a saúde que tinha quando fui às ruas pelas diretas ou pela anistia. E a certeza de estar fazendo história, como cidadão.
As dores de hoje são físicas. São menores do que as outras. As que são fruto da indignação e do receio de não ver o que plantamos dê frutos.
O incentivo sincero de tantos amigos do timaço de comentaristas me fez vencer o desânimo e cansaço. E acreditar que, como disse um dos amigos, se lutamos por 20 anos para derrubar uma ditadura, o que dizer de uma luta de 10 anos? É só a metade do tempo…
Meu nome é Reynaldo Rocha. Moro em Belo Horizonte. Não sou jornalista. Conheço Augusto Nunes e o admiro. Vivo de meu trabalho. Não tenho bens materiais relevantes. Tenho 52 anos. Conheço o grupo que se apoderou do poder no Brasil. Cheguei a trabalhar com eles, quando ainda acreditava no projeto de mudanças. Morei em Brasília por dois anos. Recebia salário. Pedi demissão quando vi o monstro que ajudei a gestar. Não me arrependo. Homens erram. Bestas feras vivem no erro. Sou homem.
Assim não precisam se dar ao trabalho ─ os milicianos ─ de procurarem muito. Facilitei o trabalho.
Um telefonema anônimo (número sigiloso) me despertou as 1:20 hora de uma madrugada. No telefone fixo de minha residência.
Uma voz que se imaginava intimidativa me perguntou se eu era o Reynaldo do Augusto. Não sou. Só demonstra a pequenez de quem não existe por si. Depende da quadrilha para ser mais um bandido. Decididamente, não é o caso!
Não foi a primeira vez que este questionamento (elogioso para mim) foi feito. Já havia ouvido antes de um secretário de Estado que solicitou, a uma instituição com a qual trabalho, a minha substituição no projeto. Ou seja, é mais do mesmo.
Respondi que eu era Reynaldo que escreve ─ por permissão e benevolência de amigo ─ na coluna do Augusto Nunes. Já sabia o que viria. Ameaças cretinas. Português vulgar. Erros de concordância nas frases vomitadas. Exaltação dos incomodados. E a imbecilidade de dizer que sabiam (quem?) onde morava e até o meu telefone.
Disse que, quanto a isso, empatamos: também sabia onde eles se escondem. Nos esgotos onde convivem com as ratazanas, comendo merda!
E ratos ainda não têm telefones…
Não sou herói e nem divulgo esta canalhice como salvaguarda. Longe disto. Sei muito bem a quem temer. Aprendi quando nas ruas exigia, em plena ditadura militar, o retorno do Estado de Direito. O mesmo que me move a continuar sendo quem sou.
Agora mais intensamente. Em meu nome e de minha filha.
Sei que eles jamais entenderiam isto. Faz parte da natureza dos sectários e dos bandidos. Dos psicopatas.
Temo acima de tudo a mim mesmo. O olhar-me no espelho. E o como minha filha me vê. Me vejo nela. E por mim ─ e por ela ─ estou hoje mais revigorado que ontem!
E em nome de antepassados que me ensinaram o caminho. Jamais o atalho!
Continuemos, pois!
Sei que eles jamais entenderão. Não possuem discernimento para tanto, mas encerro com uma frase de Arthur Admov, que sei que se aplica a todos nós. Nunca a eles.
“A única coragem é falarmos na primeira pessoa”.
Fonte;http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/
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