Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Haverá uma grande mudança no varejo e na forma de alcançar os consumidores

Rua Oscar Freire

Em maio desse ano, realizei uma pesquisa através da Liberty Seguros com 950 entrevistados entre homens e mulheres de 18 a 50 anos em 6 regiões metropolitanas do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Curitiba, explorando o imaginário da população sobre “Qual a cidade ideal para se viver?”. O que essa cidade deveria ter? Como as pessoas se deslocariam nessa cidade? Como seria a ocupação do espaço público? Onde as pessoas fariam suas compras?

As respostas foram surpreendentes e me provocaram a pensar no impacto dessas respostas sobre o varejo no Brasil. Por exemplo, entre os respondentes, 44% das pessoas responderam que prefeririam fazer suas compras em pequenas lojas de rua nos bairros onde moram e 31% pela internet. Shopping centers responderam por apenas 19% das respostas e apenas 6% disseram que gostariam de realizar compras em regiões específicas das cidades. Quando perguntadas sobre onde gostariam de passar seus momentos de lazer, 81% responderam que gostariam de fazer suas atividades ao ar livre. Para 80% dos respondentes, as cidades deveriam ter calçadas mais largas que valorizassem o ato de andar a pé e 61% gostariam de áreas mais verdes.

Todas essas respostas estão muito alinhadas a algumas tendências de comportamento observadas em outras regiões do planeta. Entre elas, observamos uma tendência que chamamos de CIDADES COMPACTAS. Apesar de nossas cidades seguirem o modelo urbano americano em que as pessoas trabalham nos centros e vivem nos subúrbios, não é esse o modelo mais intuitivo para as pessoas.  Elas buscam realizar todas as suas atividades sem muito deslocamento, transformando seus bairros em pequenas cidades. E mesmo que as cidades não tenham sido projetadas para isso, as próprias pessoas criam as suas cidades compactas, valorizando o comércio local de seus bairros, tentando viver mais próximos de seus locais de trabalho, escolhendo academias, escolas, mercados, etc. próximas de casa ou de seu trabalho. Em particular, as mulheres parecem mais sensíveis a essa questão e mais dispostas a uma mudança. Quando analisamos os dados da pesquisa entre homens e mulheres, os homens parecem estar mais conectados com as questões de infraestrutura – construir mais vias, mais metros etc. – enquanto as mulheres estão mais preocupadas com mudanças de atitude. Por exemplo, as mulheres responderam 72% mais favoráveis a andar a pé como principal meio de locomoção do que os homens.

Esse estudo nos leva a crer que haverá uma grande mudança no varejo e na forma de alcançar os consumidores, mas parece que ainda temos algumas iniciativas que vão na contra-mão do anseio da população. Só na região metropolitana de São Paulo, há ao menos 9 novos shopping centers sendo construídos. Será que é esse mesmo o caminho que deveríamos estar tomando? Acho que esse movimento de expansão de shopping centers, é o reflexo de uma visão equivocada de que a rua é lugar de ninguém, pelo contrário, a rua é lugar de todos e a pesquisa mostra que a população está mais atenta a esse fato.

Essa discussão abre caminho para um mundo de oportunidades para os mais atentos e para aqueles que ousem desafiar os modelos tradicionais de pensamento com soluções criativas e inclusivas que revitalizem e incentivem o uso do espaço público. Quantas lojas de rua, calçadas, praças e novos negócios não dariam para se construir ou reurbanizar com R$ 1,5 Bilhão de reais? Esse é o valor estimado do investimento feito na construção do mega complexo de luxo Cidade Jardim em São Paulo.

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Comentário de Antonio Silverio Paculdino Ferre em 8 maio 2015 às 9:54

Os shoppings são cidades compactas onde só falta o ar diferente das ruas( pior ou melhor depende da rua) Oferece segurança maior do que qualquer rua brasileira. Apesar de lamentável, ainda apresenta a vantagem de menor area horizontal.

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