Fonte : Diário do Comércio
Estudo consultou 3 mil consumidores, que apontaram as melhores e piores empresas no que se refere ao atendimento. De 2010 para cá, algumas mantiveram posições favoráveis no ranking, enquanto outras foram percebidas de forma mais negativa neste ano. |
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Jean Scheijen/SXC
Se o lucro bastasse como métrica, não teríamos tantos consumidores demonstrando seu descontentamento em sites de reclamação ou nos órgãos oficiais de defesa do consumidor. A internet oferece uma vasta gama de endereços criados especificamente para que o consumidor registre conflitos com seus fornecedores. No Procon-SP, por exemplo, foram recepcionados no ano passado mais de 630 mil consumidores buscando orientações de como proceder em determinadas relações de consumo. A coluna Seus Direitos, de O Globo, recebeu em 2010 mais de 30 mil queixas. Esses números dizem muito sobre a qualidade do atendimento das empresas.
Abismo – Como vem se comportando as empresas no atendimento ao cliente é o que apresenta o mais novo estudo do IBRC, que ouviu mais de 3 mil consumidores dos quatro cantos do País no segundo semestre de 2010 e no início deste ano. O resultado é que continua o abismo entre o que dizem as empresas e o que percebe o consumidor na questão do atendimento, dado que já havia sido apurado na pesquisa anterior. O objetivo deste estudo vai além de saber quais são as melhores e as piores colocadas no atendimento ao consumidor, embora seja finalizado com um ranking das 100 empresas, recebendo cada uma nota, de zero a 100. "A finalidade é saber o que faz uma empresa ser boa e outra ruim sob a ótica do consumidor, o que pode servir de referência para que as empresas melhorem seus setores de atendimento", revelou Diogo. O estudo apurou que o diferencial entre primeiras e últimas colocadas são os processos. As melhores colocadas no ranking do IBRC, sob o ponto de vista do consumidor, são ágeis, resolvem os problemas sem muitas barreiras ou empecilhos. Já as piores colocam muitos entraves na solução de questionamentos de seus clientes. O estudo também mostra que ainda estamos anos-luz de um bom atendimento na web. "Ser excelente no relacionamento virtual é importante fator para ser uma das melhores empresas em atendimento do País. Afinal, a nova realidade é virtual", enfatizou Diogo. Melhor x pior – O banco Bradesco, conforme o estudo, é o exemplo positivo. Ele manteve a primeira colocação entre as que melhor atendem conquistada no estudo anterior. A Compesa, empresa de água e esgoto de Pernambuco, é apontada como a pior, ficou na centésima posição. "O abismo que separa uma da outra são justamente os processos. Enquanto que na primeira os procedimentos são perfeitamente cumpridos e executados e usados para facilitar e não para engessar, sob a ótica do consumidor isso não ocorre com a que ficou em último." N
O estudo do IBRC não traz só dados negativos. Ele mostra que há evolução na qualidade do atendimento, uma vez que a nota média subiu 0,6%. Mas falta para as empresas um conceito básico: o de que atendimento é investimento, e não custo. "Essa regra vale para qualquer tipo de negócio e de empresa", finalizou Diogo. O QUE DIZ O CDC Artigo 4 Artigo 5 Agressão verbal gera prejuízo Destratar um consumidor, além de configurar mau atendimento, pode também resultar em prejuízo financeiro para a empresa. É isso que afirma a decisão da sexta Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC), ao confirmar a sentença da comarca de Urussanga, que havia determinado o pagamento de R$ 1 mil a um advogado como indenização por dano moral. Ele ingressou com ação em primeira instância contra uma papelaria, cuja funcionária o agrediu verbalmente. Conforme a ação, ao chegar à loja para adquirir material para seu escritório foi recebido com palavras ríspidas. A funcionária o ameaçou de até quebrar seu carro, caso permanecesse estacionado em frente da loja. Há algum tempo, as partes já vinham se desentendendo por conta do estacionamento. O advogado ganhou a ação em primeiro grau, mas decidiu apelar ao TJ objetivando indenização de valor maior. Na segunda instância, porém, o valor foi mantido, com a justificativa de que "o montante de R$ 1 mil respeitou os parâmetros da proporcionalidade e razoabilidade", conforme destacou o relator da matéria, desembargador Jaime Luiz Vicari.
O estudo do IBRC levou sete meses para ser concluído e ouviu mais de 3 mil pessoas em 99 municípios brasileiros. Foram quatro etapas: qualificação (pesquisa nacional de opinião); qualidade desenhada (autoavaliação dos processos de atendimento); qualidade entregue (teste no atendimento das empresas) e qualidade percebida (pesquisa quantitativa e qualitativa com clientes das empresas). Na primeira etapa foram levantadas 100 empresas citadas espontaneamente por consumidores, que responderam a duas perguntas: "Das empresas das quais você é cliente, quais você buscou atendimento nos últimos seis meses" e "Agora cite as cinco que melhor atenderam e as cinco que pior atenderam". Essas 100 empresas foram chamadas para responder a um questionário com 20 perguntas sobre os processos internos de atendimento. Algumas se recusaram e outras estouraram o prazo estipulado para respostas. Em seguida, as empresas receberam clientes-surpresas, que avaliaram o atendimento com base na Lei dos SACs, do Código de Defesa do Consumidor e as normas das agências reguladoras. "Nesta fase foram também feitas interações pela web com todas as empresas. O resultado foi catastrófico", informou Alexandre Diogo. Por fim, foi feita a pesquisa qualitativa com 30 clientes de cada empresa. Eles responderam questões sobre atendimento. A segunda e terceira etapas pontuavam de zero a 20. A qualitativa, de zero a 40. A nota máxima foi do Bradesco, com 86,1; a pior, Compesa, 21,8. Felipe Danuzzo/e-SIM
Segundo Diogo, os resultados da pesquisa na web foram negativos.
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