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Abril demite 500 jornalistas e praticamente fecha as portas

Veja, Exame e Cláudia resistem ao corte, todas as outras revistas da Editora Abril serão fechadas

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Em comunicado interno, o Grupo Abril anunciou na manhã desta segunda-feira (6) o fechamento de 10 títulos: Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, VIP, Viagem e Turismo, Mundo Estranho, Arquitetura, Casa Claudia, Minha Casa e Bebe.com. No enxugamento, serão demitidos 500 jornalistas.

As revistas Veja, Exame e Claudia foram poupadas, segundo as informações do site Meio & Mensagem. A decisão foi anunciada em uma reunião com funcionários. Ainda há dúvidas sobre a manutenção de Superinteressante e Quatro Rodas. É o anúncio mais recente após o grupo passar o comando da editora à Alvarez & Marsal.

História da Abril
Em 1950, Victor Civita, um descendente de italianos nascido em Nova York, resolveu seguir o caminho do irmão César, que já publicava revistas infantis em Buenos Aires, fundou uma editora em um pequeno escritório no centro de São Paulo. No dia 12 de julho era lançada a versão brasileira dos quadrinhos do Pato Donald. Batizada inicialmente como Editora Primavera, uma referência a Editorial Abril, editora argentina do irmão César, a empresa tinha capital de apenas US$ 500 mil.

No ano seguinte, a primeira gráfica da Abril foi inaugurada no bairro de Santana. O próprio Civita ia ao encontro dos jornaleiros para oferecer os gibis do Pato Donald. Somente em 1952 surgiram as revistas. A primeira foi Capricho, focada em fotonovelas e reformulada em 1981 para atender adolescentes. Nos anos 1960, a empresa investiu na publicação de enciclopédias e outras obras de referência.

Também nos anos 1960, surgiria a Veja, uma das publicações mais relevantes do jornalismo brasileiro nos últimos 50 anos. No auge, a publicação era a segunda maior revista semanal do mundo. Com o crescimento da indústria automobilística e do turismo brasileiros impulsionaram o surgimento das revistas Quatro Rodas e Viagem e Turismo. Futebol e sexo ganharam revistas sobre o assunto com publicações como Placar, Playboy, Vip e Men’s Health.

Manequim foi a primeira revista da Abril voltada ao segmento de moda e Cláudia era focada nas donas de casa. Nas décadas seguintes, surgiriam inúmeros títulos direcionados ao público feminino, entre os quais Nova (atual Cosmopolitan) e Elle. Em maio de 2006 a empresa anunciou a sociedade com o grupo de mídia sul-africano Naspers, que passou a deter 30% do capital da Abril. Em 2008, A Abril trouxe para o mercado brasileiro títulos internacionais no segmento de saúde, como a Women’s Health e Runner’s World.
O fim da Abril no golpe que ela ajudou a gestar
A partir de 2013, a Editora Abril começou a sofrer os efeitos da revolução digital no Jornalismo. Para além disso, a empresa deu forte guinada à direita, na tentativa de ampliar público, surfando na onda do antipetismo. Trouxe dos Estados Unidos o padrão Rupert Murdock que foi testado pela primeira vez na campanha em defesa das armas.
O sucesso da escalada reacionária levou à radicalização da postura por parte da Abril através da Veja. Nesse movimento, a revista adotou posturas controversas, como a aliança com tipos como Carlinhos Cachoeira, para garantir a cota semanal de escândalos. Capas inverossímeis, assunção de boatos como fatos e assassinatos de reputação foram usados no combate ao campo progressista.

A morte de Roberto Civita impediu que fossem feitos ajustes na linha editorial de Veja. Somente à beira do precipício, a revista tentou restaurar o padrão que fez da revista um símbolo do bom jornalismo nos anos 1960 e 1970.  Missão impossível: a revista tornou-se refém dos lobos que alimentou. A Veja tornou-se mais um vítima do golpe contra Dilma Rousseff – uma empreitada na qual a editora Abril teve papel ativo e relevante.

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