Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Adeus, Companheira

Escrito por Fabio Blanco

Fonte: Revista VEJA

Miraram na raposa, acertaram na ovelha.

É isso que acontece quando uma lei é feita apenas para satisfazer grupos ideológicos.

E as empregadas domésticas? Venderam a elas a ideia de que agora teriam os direitos idênticos aos de todos os empregados formais, que passariam a gozar de férias, FGTS, horas extras... E algumas estavam até comemorando, pois, se o pessoal lá de Brasília falou que elas têm direito, então, a partir de agora, bastaria exigi-los.

Doce ilusão! O que elas estão recebendo, e em massa, são comunicações de dispensa.

Alguém pensou que seria diferente? Acreditem, o poder público não pode direcionar o mercado como muitas pessoas acham que ele pode. Ele tenta, cria normas, faz leis, impõe regras, mas, no fim das contas, o fator decisivo sempre será a oferta e a procura.

O que os fazedores de lei esqueceram, neste caso, é que o trabalho doméstico, se muitas vezes parece indispensável, é uma necessidade de natureza bastante diversa em comparação ao trabalho em uma empresa comercial. Esta, por definição, precisa de empregados para existir, para prestar seus serviços, fabricar seus produtos, vender seus bens. Sem funcionários uma empresa não existe. O trabalho doméstico, pelo contrário, por mais que pareça indispensável, em sua ausência não se altera a natureza do domicílio. Pode causar alguns transtornos, mas o lar permanece um lar, com ou sem empregada.

Ora, bastava dar uma olhadinha para países mais ricos, como os EUA e Canadá, para saber que o endurecimento de regras trabalhistas, ao invés de colaborar para o implemento de direitos, de fato, impedem sua efetivação.

Nesses países o trabalho doméstico é quase inexistente. Com exceção de pessoas com muito dinheiro, poucos se atrevem a contratar um trabalhador doméstico com todos os encargos que lhe são peculiares. Porém, nesses países mais ricos o impacto dessa impossibilidade é absorvido por outras oportunidades de emprego. Aqui no Brasil, porém, onde ainda para pessoas sem formação específica a oferta de trabalho não é assim tão abundante, conceder direitos formais, ao invés de conceder ganhos para os supostos beneficiados, é o que acaba promovendo é o desemprego.

O resultado dessa lei será, portanto: a demissão em massa de trabalhadoras domésticas, lançando-as para o trabalho autônomo d e diaristas, com o óbvio aumento de oferta desse tipo de serviço, com a consequente diminuição dos valores de remuneração, exatamente por causa da concorrência. Quiseram favorecer os empregados, acabaram apenas favorecendo os patrões. Principalmente aqueles que sempre fugiram de arcar com os custos trabalhistas. Miraram na raposa, acertaram na ovelha.

 

 É isso que acontece quando uma lei é feita apenas para satisfazer grupos ideológicos. Estes, normalmente, são terrivelmente míopes para a história e para os fatos. Vêem tudo pela ótica do explorador e explorado, pela luta de classes e não percebem que, na realidade, as relações são bem mais complexas do que isso. O que mais ouvi, nestes dias, foi a retórica da libertação das domésticas, o fim de sua escravidão, e que essa era a última conquista que restava na área trabalhista. Porém, será que nunca se perguntaram o motivo delas possuírem menos direitos que os trabalhadores de empresas? Talvez, sim. Porém, como é de praxe, concluíram que isso devia-se a preconceito, interesse ou segregação.

Ao que parece, que nenhum deles parou para pensar é que a natureza do trabalho doméstico é completamente diferente do trabalho empresarial.

Melhor dito: o empregador doméstico jamais pode ser colocado em pé de igualdade com o empresário. Este, ao pagar salários, incorpora esses gastos nos preços de seus produtos e serviços. Por isso, o número de funcionários que possui depende, diretamente, da projeção de vendas e negócios que espera realizar. O empregador domiciliar, pelo contrário, paga sua empregada doméstica com o dinheiro de seu próprio bolso, sem possibilidade de reembolso. Aqui, funcionário é apenas gasto; lá, é investimento.

 

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Comentário de julio cesar de souza em 18 abril 2013 às 14:48

CARO PETRÚCIO, PENSAR, SONHAR E LUTAR POR UMA SOCIEDADE

MAIS JUSTA E MAIS COERENTE COM A ALEGRIA DE NOSSO POVO

NADA TEM A VER COM IDEOLOGIAS PRÉ-CONSTRUÍDAS POR FILÓ-

SOFOS DO PASSADO QUER SEJAM COMUNISTAS, SOCIALISTAS OU

ANARQUISTAS, IDEOLOGIA COM A QUAL MAIS ME IDENTIFICO POIS

NESTA A EXTINÇÃO DOS PODERES CENTRALIZADORES É MAIS COEREN-

TE E, ESTES CENTRALIZADORES, SÃO A RAZÃO DE NOSSA SOCIEDADE SER

CURRALADA ELEITORALMENTE. MESMO PORQUE ESSAS IDEOLOGIAS MOS-

TRARAM-SE INCOMPATÍVEIS COM A REALIDADE DE POVOS QUE SE DESFI-

GURAM VENDENDO VOTOS POR MIGALHAS E ASSIM MANTENDO PODERES

AUTORITÁRIOS. OU SERÁ QUE EXISTE ALGUÉM QUE DUVIDE QUE VIVEMOS

EM UMA SOCIEDADE COM PODERES AUTORITÁRIOS? ACOMPANHEM O DIA

A DIA DO "congressinho nacionalzinho" QUE TEMOS.

Comentário de petrúcio josé rodrigues em 18 abril 2013 às 12:05

JÚLIO CESAR (lutador), NÃO TENHO CORAGEM DE PERGUNTAR!!!!!

É POSSIVEL QUE EU VENHA RECEBER UMA CONTROVERSIA EXTREMA. MUITOS ATÉ ACREDITAM POR ORIGEM, QUE PODE  SER COISA DE  COMUNISTAS DESIFORMADOS..........!!!!

CONTINUE LUTANDO COMPANHEIRO É PARA ISTO QUE  FOMOS CHAMADOS, E INSERIDOS NESTA PATRIA.  EU ME ORGULHO DISTO, DE  SER VERDADEIRO.

Comentário de julio cesar de souza em 18 abril 2013 às 9:24

ESSE É O "congresso nacional" QUE AJUDAMOS A CONSTRUIR

OS QUE  NÃO SÃO "ANALFAS" SÃO OPORTUNISTAS, SAFADOS

E COVARDES, POIS "QUEM CALA CONSENTE". 

Comentário de julio cesar de souza em 18 abril 2013 às 9:20

CARO PETRÚCIO, SE PERGUNTARES A MAIORIA DOS DEPUTADOS

O QUE É EQÜIDADE? ESSA MAIORIA RESPONDERÁ PERGUNTANDO-LHE 

"EQUI O QUE???" E O RESTANTE DIRÁ QUE TEM A VER COM CAVALOS OU

EQÜINOS, PARA MOSTRAR SAPIÊNCIA....

Comentário de petrúcio josé rodrigues em 18 abril 2013 às 8:25

Infelizmente, meu nobre Romildo. E a  equidade, onde  fica?????????

Comentário de Romildo de Paula Leite em 17 abril 2013 às 16:06

    Petrúcio, qualquer projeto de lei que parta desse congresso onde a maioria ou quase todos legislam em causa própria. Será sempre prejudicial aos (as) trabalhadores(as).

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