Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Em busca de matéria-prima brasileira, o estilista João Pimenta encontrou na Paraíba o algodão colorido, um produto genuíno, rico em história e cultura. Com a pisada firme de seu exército de estética transgressora, ele impôs a visibilidade ao produto no 41º São Paulo Fashion Week – SPFWcoleção Verão 2017 é composta de 41 looks que fazem alusão às fardas militares e mantêm a precisão de sua alfaiataria com cortes, simetrias e acabamentos impecáveis. O vestuário produzido com malhas e tecidos planos do algodão colorido orgânico da Paraíba e o artesanato com rendas filé e rede de pesca foram fornecidos pela Natural Cotton Color, de João Pessoa, que produz e exporta roupas e acessórios para EUA, França, Japão, Arábia Saudita e Austrália.

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Foi Francisca Vieira, CEO da marca, que apresentou a pluma do algodão que já nasce colorido para o estilista. “O objetivo foi dar mais visibilidade ao algodão colorido pelas mãos do João Pimenta, um dos mais criativos e sensíveis estilistas brasileiros da atualidade”, declarou.

Seduzido pela novidade, João Pimenta viajou pela primeira vez ao Nordeste e se enveredou pelo sertão da Paraíba para conhecer toda a cadeia produtiva. Em Juarez Távora, visitou o assentamento onde 30 famílias plantam, colhem e beneficiam o algodão colorido certificado como orgânico pelo Instituto Biodinâmico – IBD. Em sua jornada, João Pimenta descobriu que Campina Grande foi conhecida como a “Liverpool brasileira” e que o Estado da Paraíba foi o maior produtor e exportador da pluma chamada de Ouro Branco — só superada por Liverpool, na Inglaterra, que liderava o ranking mundial. Hoje, a Paraíba se destaca pela produção do algodão colorido desenvolvido com tecnologia e inovação pela Embrapa há cerca de 20 anos. “A produção ainda é pequena, mas o conceito ecológico é forte, sobretudo para o mercado global: a produção da malha comparada àquela comum, tingida pela indústria, gera economia de 87,5% de água, um recurso valioso cada vez mais escasso no mundo”, explica Francisca.

A produção do algodão colorido é feita respeitando o tripé da sustentabilidade em seu aspecto econômico, ambiental e social – e também cultural. João Pimenta aderiu à causa e, assim, elaborou uma coleção que promove diálogo entre tecidos de algodão colorido orgânico, fios com resíduos de garrafas pets e outros tramados com fitas VHS. E tudo sob uma nova ordem. “É preciso respeitar a roupa que se veste. É preciso ter compromisso com a sustentabilidade”. Neste sentido, o fardamento dá o recado. “A rigidez do uniforme traz a mensagem de durabilidade que se contrapõe à produção e descarte do fast fashion. O uniforme também representa o ápice de vestimenta sem gênero, conceito sempre presente em meu trabalho”. Para o estilista, o uniforme é atemporal e a individualidade em seu desfile é expressada pela estética punk e pela presença dos paratletas, os heróis da pátria que superam seus próprios limites.

São muitas, também, as referências de sua jornada pelo solo nordestino. O estilista desembarcou em Juazeiro no Norte, no Ceará e, a caminho da Paraíba fez o mesmo trajeto dos Tropeiros da Borborema — grupo de homens que transportavam volumosas sacas de algodão por vários e exaustivos dias. “Sim, pode haver crise econômica, elas são cíclicas, mas nunca pode haver crise de criatividade”, afirma o resiliente João Pimenta. Sua coleção fala de força, de resistência, de austeridade, mas sem perder a ternura. Há bordados que remetem às carcaças de animais da estrada e as cruzetas da vestimenta do bando de Lampião. Há tingimentos que vão do amarelo ensolarado ao vermelho intenso da paixão –combustível de sua criatividade. Tudo se revela nesta coleção como resultado do encontro do estilista com um Brasil profundo e acolhedor.

texto | assessoria Natural Cotton Color

https://pensandoemoda.wordpress.com/2016/05/05/algodao-colorido-da-...

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