Uma pesquisa da Reuters/Ipsos recentemente divulgada mostrou que 70% dos americanos consideram «muito importante» ou «relativamente importante» comprar artigos produzidos nos EUA.
Apesar desse sentimento, 37% recusar-se-iam a pagar mais por bens fabricados no país, face a importações mais baratas. 26% só pagariam até mais 5% para comprar artigos manufaturados em solo americano e 21% estariam dispostos a chegar a uma diferença de 10%.
A campanha presidencial de Donald Trump teve como pilares as promessas de recuperar os empregos na fabricação, revitalizar a produção doméstica e fomentar o crescimento económico do país respeitando o mantra “América primeiro” (ver Trump defende protecionismo).
Depois de eleito, Trump foi rápido a promover os artigos produzidos nos EUA e, recentemente, arrancou com o showcase “Made in America Product”, em cada um dos estados norte-americanos.
Na pesquisa da Reuters, os americanos de baixos rendimentos foram os que se mostraram mais entusiasmados com a compra de bens “made in USA”, apesar de terem menos possibilidades de pagar um preço mais elevado.
Um porta-voz do Wal-Mart destacou inclusivamente que os clientes das suas lojas admitiram que «“onde” os produtos são feitos é mais importante, logo depois do preço».
Fator qualidade
A boa notícia para as fábricas dos EUA é que os americanos valorizam a qualidade dos bens domésticos. 31% dos inquiridos defenderam que os carros fabricados nos EUA são os melhores do mundo. Os carros alemães foram considerados os melhores por 23% dos entrevistados. 38% referiram que o vestuário produzido nos EUA era o melhor.
Ainda assim, os fabricantes americanos poderão enfrentar problemas se não conseguirem aproveitar as perceções sobre a qualidade dos seus produtos, enquanto, por outro lado, precisam de manter um controlo apertado sobre os custos.
Fatores como o transporte doméstico mais barato e stocks mais reduzidos podem ajudar a compensar alguns dos diferenciais de custo. Outro segredo para o sucesso dos fabricantes dos EUA é o investimento em automação.
A produtora de artigos de jardinagem Ames, subsidiária da Griffon Corp., está a investir cerca de 50 milhões de dólares (aproximadamente 43 milhões de euros) em atualizações do parque de máquinas. A fábrica de Harrisburg, no estado da Pensilvânia, construída em 1921, tem um parque de máquinas antigo que foi atualizado com anexos automatizados para reduzir a dependência do trabalho humano. As vendas anuais da Ames rondam os 514 milhões de dólares.
No final de abril, Donald Trump assinalou o seu 100.º dia na Casa Branca com uma visita à Ames. Tudo ali, exceto os pneus dos carrinhos de mão que são produzidos na China, é “made in USA”.
O presidente da Ames, Mark Traylor, sublinhou que a empresa tem a ambição de trazer a produção de volta a casa, mas que o fabrico de certos componentes pode revelar-se impossível de garantir em solo americano.
Os fabricantes dos EUA interromperam a produção de grande escala de pneus para equipamentos de jardinagem há vários anos, pelo que o custo da produção agora seria difícil de justificar para um produto de margens baixas.
«É viável fabricar pneus nos EUA?», questionou Mark D’Agostino, vice-presidente da empresa para a cadeia de aprovisionamento. «Ainda não sabemos», respondeu também D’Agostino.
A pesquisa Reuters/Ipsos foi realizada online nos EUA, de 24 a 31 de maio.
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