Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Anand Eswaran: Imaturidade da indústria em proteção de dados é ‘chocante’

Em entrevista ao IT Forum, CEO da Veeam falou sobre despreparo de empresas ao lidar com proteção de dados, ransomware e negócios no Brasil.

Anand Eswaran, CEO da Veeam (Imagem: Divulgação/Veeam)

Com mais e 20 anos de experiência na indústria de tecnologia – tendo ocupado cargos de liderança em gigantes do segmento como HP, SAP e Microsoft –, Anand Eswaran assumiu a posição de CEO da Veeam em janeiro deste ano. Na liderança da empresa especializada em backup, recuperação e gerenciamento de dados, se diz surpreso ao ter descoberto o tamanho do atraso da indústria quando o assunto é estratégias de proteção de dados.

“O maior choque para mim foi quanto é pequena a maturidade da indústria em proteção de dados”, disse o CEO em entrevista ao IT Forum, durante o VeeamOn, evento realizado nesta semana em Las Vegas.

Para a Veeam, no entanto, essa lacuna é uma oportunidade de negócio – e Eswaran não esconde os planos ambiciosos da empresa em relação a isso. A estratégia do executivo é clara: ganhar participação de mercado – algo que a companhia já se mostrou capaz de fazer ao empatar com a Dell Technologies na primeira posição do índice de market share de Data Replication & Protection do IDC Semiannual Software Tracker, no segundo semestre de 2021.

Confira abaixo os melhores momentos da entrevista do IT Forum com Anand Eswaran, CEO da Veeam, e Tommy Jenkins, vice-presidente e Global Demand Generation da Veeam, durante a conferência VeeamOn 2022.

IT Forum: Qual seu principal aprendizado em relação à proteção de dados desde que você assumiu a liderança da Veeam?

Anand Eswaran: “Dados são o combustível para a transformação digital de qualquer companhia. Não só dados armazenados. Modelos de negócio são transformados hoje a partir de dados. O maior choque para mim foi quanto é pequena a maturidade da indústria em proteção de dados. Esse é o maior aprendizado. O esperado seria que todos tivessem backups, todos tivessem uma boa estratégia de recuperação de dados, todos tivessem os processos necessários. Isso é básico”,

ITF: Durante uma sessão com a imprensa, Danny Allan [CTO da Veeam], falou sobre novas oportunidades de negócio para a Veeam. Monitoramento de dados foi uma delas. Qual a estratégia da empresa nesse segmento?

AE: Há várias oportunidades de crescimento para nós baseadas no que fazemos. Nós estamos empatados em primeiro lugar com a Dell, em 12% de market share. Mas estamos tomando participação de mercado deles, enquanto eles estão perdendo receita, nós estamos ganhando. Se nós não fizéssemos nada além de executar a atual estratégia de ação, há uma oportunidade para crescermos e dobrarmos nossa participação nos próximos dois ou três anos. Mas há outras coisas que queremos fazer mesmo antes de chegar ao monitoramento de dados. Parte disso são nossas soluções de SaaS. Com o Veeam Backup para Microsoft 365, temos 11 milhões de usuários pagantes. Esse é um caminho. Espere ver uma velocidade de inovação para proteção de cargas de trabalho SaaS nos próximos anos. Esse é um segundo nível que vai nos permitir ganhar participação e tomar distância de outros.

ITF: E indo além desses esforços atuais?

AE: Isso não é algo iminente, mas temos mais de 500 petabytes de dados na AWS, centenas de petabytes de dados na Azure. Nós estamos em uma posição vantajosa e única para criar compreensão e inteligência significativa a partir dos dados, e ajudar nossos clientes a serem mais proativos. Podemos fazer isso de duas formas. A primeira é trabalhar com nossos parceiros-chave que fazem isso, como HPE Greenlake, e fazer acordos. Mas conforme o espaço de gerenciamento de dados evolui, e a proteção de dados e gestão começam a convergir, isso significa que a Veeam começará a pensar em como pode criar mais valor para seus clientes. Isso é para onde vamos. Começando com monitoramento de dados, ainda temos uma longa jornada de crescimento baseado no que estamos fazendo, baseado em workloads SaaS, baseado em parcerias com outras companhias, e aí vamos olhar para essas convergências.

ITF: Mas como isso pode se traduzir em termos de portfólio e ofertas para os clientes?

AE: É muito cedo para falar sobre isso. Nós não queremos fazer discurso de marketing antes do desenvolvimento de produtos. Meu ponto de partida no gerenciamento de dados será como o portfólio será e, portanto, qual nossa mensagem será. Provavelmente chegaremos lá até o final do ano, mas não antes disso.

ITF: Queria voltar a conversa para ransomware, que é parte importante da mensagem sobre proteção de dados da Veeam. Já falamos sobre ransomware há anos, mas 

ainda assim, seus dados mostram que 90% das companhias não têm certeza sobre sua estratégia de segurança de dados. Por que esse descompasso?

AE: Você me perguntou sobre o que aprendi nos últimos meses – e isso é um dos aprendizados. É absolutamente chocante. Ransomware não é uma novidade. Todos pensam em ransomware como o problema de outra pessoa. Todos sabem que existe, mas pensam ‘não serei eu, será outra pessoa do meu bloco’. Sua última linha de defesa é seu backup, e isso é uma oportunidade para nós. Aqui é tecnologia somada a processos: os processos que você implementa garantem que você se recupere rápido e não tenha que recorrer a pagar o resgate. A razão porque nós ampliamos isso como uma de nossas mensagens principais é porque vemos a ação de ataques de estados-nações aumentando e sentimos que esse é o momento de falar especificamente de ransomware como um tópico que qualquer companhia precisam estar ciente.

Tommy Jenkins: Isso atingiu uma massa crítica. Agora é não é mais uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’. Isso mudou para as pessoas, esse número de 90%, quando perguntamos no passado, era menor. As empresas eram mais confiantes, mas não quer dizer que estavam mais preparadas. Elas só se dão conta agora de qual o tamanho do risco.

ITF: Levando em consideração os dados que a Veeam analisa, quais são as novas direções que ransomwares estão tomando? Já chegamos no ápice disso?

TJ: Nós só podemos assumir que continuará crescendo. Eu gostaria de ser otimista de dizer que estamos no pico, mas o fato é que dados estão em qualquer lugar agora. O conceito de ‘seu dado’ e de ‘onde seu dado existe’ mudou. Muitas empresas, quando moveram seus dados para a nuvem, o primeiro passo que esqueceram é a relação de qual é minha relação com esse fornecedor, qual a minha responsabilidade versus a responsabilidade dele. Nós ainda temos algum tempo, enquanto indústria, para entender como todos trabalham juntos. Agentes maliciosos estão se aproveitando enquanto todos tentam navegar pela nuvem.

AE: Concordo. Não chegamos no pico. Ainda há um longo caminho até atingirmos um pico e até toda a indústria se reunir para enfrentar esse tema, antes de termos consistência sobre o que fazer. Nós vamos ver um pico significativamente maior de ataques ransomware, rupturas e coisas ruins acontecendo antes de nós, como indústria, convergirmos em melhores práticas.

ITF: E em termos de novas tendências de ransomware?

TJ: Há novas ameaças todos os dias. O problema é que a superfície de ataque de todos cresce diariamente. Todo usuário de tecnologia de sua empresa, todo local onde você armazena dados, isso é o que evolui e o que nós estamos olhando. Nós estamos seguindo nossos clientes onde eles colocam seus dados. Costumava ser on-premises, agora é na nuvem. Para onde forem, estaremos lá.

ITF: Voltando o assunto para a estratégia de crescimento de vocês. Como estão os negócios da Veeam na América Latina e Brasil?

AE: Nós não compartilhamos números de crescimento, mas nosso negócio na América Latina está crescendo bem mais rápido que o agregado do nosso negócio. Historicamente, EMEA fica em primeiro lugar em termos de nossa liderança de mercado. Mas Latam tem sido a de mais rápido crescimento, estamos saltando à frente da concorrência. Estamos muito empolgados em relação ao Brasil.

ITF: A Veeam promoveu uma mudança de liderança recente no Brasil [Elder Jascolka deixou a posição de country manager em abril de 2022, Maurício Gonzalez assumiu como country manager interino]. Vocês podem falar sobre a estratégia por trás dessa mudança?

AE: Não podemos falar agora. Nós podemos falar sobre pessoas em alguns meses. Nós temos um novo diretor de receitas [John Jester, indicado ao cargo no começo de maio]. Isso é uma das coisas: o que nos levou a US$ 1 bilhão de receita não nos levará aos US$ 5 bilhões. Estamos pensando em como conectar os pontos através de todos os canais, nas novas parcerias que precisam estar em andamento com integradores globais de sistemas (GSIs) e provedores de serviços de gerenciados (MSPs). O Brasil é um mercado gigantesco para vários GSIs tem presença significativa lá, isso será importante. Trabalhar com hyperscalers, Microsoft, Google e Amazon, para nos conectar mais às suas plataformas. Há muitas coisas que estarão em jogo e que acelerarão e o crescimento e isso será refletido nas estratégias que vamos criar em termos de companhias e de pessoas. Mas nada que podemos falar agora.

*O repórter viajou à Las Vegas a convite da Veeam

Rafael Romer

https://itforum.com.br/noticias/anand-eswaran-falta-de-maturidade-p...

Para participar de nossa Rede Têxtil e do Vestuário - CLIQUE AQUI

Exibições: 48

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço