Fonte:|Valor online|
Apesar da perda de mercado dos manufaturados brasileiros no mercado argentino, o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, informou ontem que a Argentina intensificou a liberação de importação em julho e tem cumprido os acordos para calçados e móveis. A informação foi dada após uma rodada de negociações de vários setores que participam do comércio entre os dois países. A principal queixa dos exportadores brasileiros é sobre o desvio de comércio resultante da demora na liberação das importação de produtos brasileiros pela Argentina. As queixas começaram depois que o país vizinho intensificou a aplicação da licença não automática.
Segundo o subsecretário de política e gestão comercial da Argentina, Eduardo Bianchi, em julho a Argentina liberou, até o dia 27, licenças para importação de mais de 1,1 milhão de pares de calçados. O volume foi obtido com uma intensificação no ritmo de liberação na segunda quinzena do mês. Até dia 15, a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), contabilizava liberação de cerca de 300 mil pares pela Argentina. “Esses novos dados demonstram que o acordo fechado para o setor, de importação pela Argentina de 15 milhões de pares em 2009, está sendo cumprido”, disse Ramalho.
Bianchi destacou, também em julho, a liberação de 173 mil unidades de móveis e de 205 mil unidades de pneumáticos, o que significa, segundo ele, uma importação muito próxima à média mensal do primeiro semestre de 2008, antes da implantação das licenças não automáticas. Bianchi disse que a Argentina manterá o compromisso de continuar liberando rapidamente as licenças.
Para Heitor Klein, presidente da Abicalçados, com as liberações feitas desde o dia 15, o país vizinho cumpriu 94% do acordo estabelecido. “Nós estamos agora com os termos do entendimento completos e cumpridos. Resta saber se isso continuará até o final do ano.” Segundo ele, se a Argentina realmente respeitar os termos e agilizar as autorizações nos próximos meses, será fácil superar o acordo. “Se não tivessem restringido nossas exportações, certamente superaríamos 25 milhões de pares vendidos.”
Ramalho disse que os números apresentados por Bianchi demonstram que as exportações brasileiras ao país vizinho caíram porque a Argentina passou a importar menos. Os números divulgados ontem por Bianchi, porém, mostram que o Brasil perdeu espaço para os chineses nas importações argentinas. No acumulado de janeiro a maio de 2009, o Brasil foi o fornecedor de 45% dos calçados importados pela Argentina enquanto a China vendeu 39% do total. Em 2008 a participação era, respectivamente, de 57% e 29%.
Ramalho disse, porém, que as importações liberadas em julho não foram incluídas no levantamento. Bianchi lembrou ainda que a Argentina passou a aplicar em julho um direito provisório antidumping aos calçados não esportivos chineses. Por esse direito, cada par de calçado paga US$ 15,50 para ser desembarcado. Para Bianchi, a medida vai evitar a entrada de 3 milhões de pares chineses na Argentina.
Para Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), ainda é imprevisível o prazo de liberação das licenças. “O prazo de 60 dias não tem sido cumprido. Liberar licenças a toque de caixa não resolve. Precisamos de previsibilidade. Queremos saber se a Argentina vai liberar as importações em 60 ou 70 dias para conseguirmos exportar.” O setor têxtil ainda não tem acordo. Segundo Pimentel, o segmento começou a negociar exportações de toalhas e lençóis. A proposta da Argentina, segundo ele, é reduzir entre 20% e 30% os valores vendidos em 2008. O setor deve dar resposta em 15 dias.(*do Valor Online.
Fonte: Valor Econômico
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