Banco criou página para organizar informações que já estavam disponíveis, mas de forma fragmentada e de difícil acesso. Ferramenta mostra operações com clientes nos últimos 15 anos.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou nesta sexta-feira (18) a lista dos seus 50 maiores clientes e todas as operações com eles realizadas nos últimos 15 anos.
De acordo com o banco, os dados já estavam no site, mas as informações estavam fragmentadas em diversas páginas, separadas por linhas de financiamento, disponíveis de uma "maneira difícil para a maioria das pessoas". Agora os dados estão concentrados em um únicolink.
Criado durante o governo de Getúlio Vargas, em 1952, o banco estatal tem como objetivo financiar o desenvolvimento da economia, e historicamente tem oferecido empréstimos de longo prazo e taxas de juros mais favoráveis tanto para empresas como para governos estaduais e municipais. O BNDES gere recursos públicos e tem o Tesouro Nacional como seu acionista.
Desde 2004, figuram entre os cinco maiores clientes do banco: Petrobras, Embraer, Norte Energia, Vale e a construtura Odebrecht, envolvida em escândalos de corrupção naOperação Lava Jato.
De acordo com os dados divulgados pelo BNDES, a construtura fechou empréstimos no valor de R$ 18 bilhões nos últimos 15 anos. O maior tomador de recursos é a Petrobras: 62,429 bilhões desde 2004.
BNDES divulga lista dos 50 maiores tomadores recursos dos últimos 15 anos — Foto: Divulgação
Segundo o BNDES, o objetivo da mudança é "tornar a navegação mais amigável e acessível", conferir mais transparência e facilitar ao público entendimento sobre as operações e investimentos do banco.
"A disponibilização da lista, com acesso a um grande número de detalhes de cada operação, é parte do esforço de transparência que o Banco tem feito e que deve ser a marca das suas ações sempre", informou o banco por meio de nota divulgada nesta sexta.
Cinco maiores tomadores de recursos do banco nos últimos três anos (2016-2018):
Lista mostra maiores tomadores de recursos no BNDES nos últimos 3 anos — Foto: Divulgação
De acordo com as últimas estimativas divulgadas pelo banco, o BNDES deve fechar 2018 com omenor volume de empréstimos dos últimos 10 anos, com um total de cerca de R$ 71 bilhões em desemboslos, o que representa 0,99% ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O valor fica pouco acima do montante contratado no ano passado, que somou R$ 70,8 bilhões, mas menor que o percentual em relação ao PIB, que foi de 1,08% em 2017.
Investimentos no exterior
O banco tarmbém facilitou acesso direto a todos os contratos de exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia para projetos em outros países.
Foi disponibilizado um link que permite acessar, na íntegra, os contratos assinados entre o BNDES, o país importador e a empresa brasileira exportadora de bens e serviços de engenharia.
Estão disponíveis os contratos de projetos na Argentina, Paraguai, Peru e Venezuela, assim como em Honduras, Equador, Costa Rica, Guatemala, México, República Dominicana e Cuba, além de Angola, Gana e Moçambique.
'Caixa-preta'
Durante a campanha à Presidência da República, o presidenteJair Bolsonaro, afirmou diversas vezes em discursos e publicações em redes sociais que oBNDES é uma "caixa-preta"e afirmou que daria mais transparência às operações do banco.
Ele tambémcriticou empréstimos do banco à Venezuelae disse que o Brasil, por meio do banco, "patrocinava o socialismo". Depois de eleito, continuo falando em dar mais transparência às operações.
Na segunda semana de mandato, Bolsonarodeu posse aos novos presidentesdo BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
Em discurso na cerimônia de posse, no Palácio do Planal, o novo presidente do BNDES,Joaquim Levy, disse que é preciso continuar ajustando o balanço do banco. Disse também que é necessário repensar a atuação do banco, de modo que a instituição dependa menos de recursos do Tesouro Nacional.
Na solenidade de transferência de cargo, no Rio de Janeiro, Levy disse que o foco da nova gestão será ofortalecimento de médias empresas.
De acordo com Levy, as médias empresas têm potencial de alavancar a economia do país, inclusive reaquecendo o mercado de trabalho.
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