SÃO PAULO (Reuters) - A Caixa Econômica Federal está analisando opções para se livrar de carteiras de crédito de má qualidade, incluindo vendê-las a investidores ou securitizá-las, no que pode ser o primeiro passo de plano para reduzir comprometimento de capital, disseram duas fontes nesta quarta-feira.

Cerca de 3,2 bilhões de reais de créditos em atraso poderiam ser vendidos a fundos que lidam com operações vencidas, disse uma outra fonte, que pediu para não ser identificada porque o assunto ainda está em estudos. A Caixa consultou até quatro gestores de fundos de crédito vencido, disse uma das fontes.

Procurado, o banco não se manifestou sobre o assunto.

O movimento mostra o interesse dos bancos livrarem-se de crédito ruim e ter mais espaço para novos empréstimos e se adequarem a padrões de capital definidos por reguladores. Alguns gestores de fundos de créditos vencidos foram consultados sobre o negócio, disse a fonte, mas um prazo não chegou a ser fixado.

A Caixa quer ganhar a experiência necessária para limpar seu balanço de créditos de má qualidade, uma prática comum entre os bancos no Brasil, disse uma fonte.

"Do ponto de vista de um gestor, o negócio faz sentido para ambas as parte envolvidas. "Por ora, prazos não foram definidos e ainda há divergências sobre vários aspectos do negócio, incluindo o valor das carteiras", disse outra fonte.

Três gestores que atuam no setor não confirmaram se estão participando do processo.

Em maio, o também estatal Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou plano similar, com o qual quer vender cerca de seis bilhões de reais em créditos vencidos.

Em dezembro de 2011, o Santander Brasil, maior banco estrangeiro no Brasil, leiloou 16 bilhões de reais em créditos ruins, até agora a maior transação do gênero no país.

A decisão da Caixa acontece após o banco ter entrado agressivamente na concessão de crédito para o varejo, sob orientação do governo federal, seu controlador. A carteira de crédito da Caixa era de cerca de 520 bilhões de reais no final de março, quase o triplo do tamanho que tinha no fim de 2010.

O índice de inadimplência da Caixa, medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias, subiu a 2,6 por cento no primeiro trimestre, ante 2,3 por cento um ano antes.

No fim do primeiro trimestre, o montante de crédito problemático da Caixa, medido pelas operações classificadas como E até H, somava 25 bilhões de reais, ou 4,8 por cento dos financiamentos para serem liquidados