Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Ceará fora da rota de expansão das têxteis - Lebre: migração seria evitada

Fonte:|diariodonordeste.globo.com|

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Lebre: migração seria evitada com incentivo ao cultivo de algodão no Ceará

Maiores produtores de fios e tecido, e o principal mercado de cultivo de algodão está localizado a 3 mil Km do Ceará

Goiânia Ao mesmo tempo em que passa a ser mais reconhecido nacional e internacionalmente como produtor de moda, o Ceará está deixando de ter seu parque fabril têxtil ampliado por uma questão de logística: a distância de três mil quilômetros entre os produtores de fios e tecidos e sua principal matéria prima, o algodão. Segundo João Carlos Lebre, ex-vice-presidente da Associação Brasileira de Técnicos Têxteis (ABTT), empresas como a Santana Textiles, a TBM e a Vicunha estão expandindo sua produção em estados do Centro-Oeste, ganhando competitividade por conta da proximidade das novas unidades fabris e do insumo básico.

Estas empresas, que são referência na área de fiação e tecelagem, não estão saindo do Ceará, esclarece Lebre. Mas estão deixando de ampliar suas fábricas no Estado para economizar em logística de transporte, construindo unidades no maior centro produtor de algodão, o Mato Grosso. Para ele, uma realidade que poderia ser alterada, se o governo estadual voltasse a incentivar o cultivo de algodão, já que o parque têxtil cearense é o segundo no país em consumo da matéria prima.

As três unidades cearenses da Vicunha consomem, juntas, 100 mil toneladas de algodão por ano, dos quais 30% vêm de Mato Grosso. Implantar uma unidade em Cuiabá, em vez de expandir no Ceará, significará para a empresa uma economia de frete da ordem de R$ 150 a R$ 200 por tonelada de algodão consumido. Quando a unidade estiver operando e processando 65 mil toneladas de pluma, a economia em um ano será de R$ 9 milhões a R$ 10 milhões.

A fábrica da Vicunha em Cuiabá, com capacidade para fabricar 72 milhões de metros de tecido (índigo e jeans) por ano, tem previsão de ser inaugurada em 18 meses e demandará recursos de R$ 350 milhões. Será uma indústria de fiação, tinturaria e tecelagem.

No caso da TBM, a decisão de investir em Rondonópolis (MT) foi tomada há dois anos. A unidade terá capacidade para produzir até 600 toneladas de fio por mês e consumirá de 600 a 700 toneladas de pluma mensalmente. A previsão é de que seja concluída em julho deste ano. A empresa já tem quatro unidades industriais no Nordeste, que somam capacidade para produzir 2,5 mil toneladas de fio por mês. Para isso, consomem em torno de 30 mil toneladas de algodão por ano, dos quais entre 60% e 70% são trazidos de Mato Grosso.

A Santana Textiles foi a primeira empresa de maior porte a se instalar no Centro-Oeste. O investimento ocorreu há cinco anos e o objetivo era ficar mais perto do algodão e também do mercado consumidor. Com capacidade para produzir 35 mil toneladas de fio e 30 milhões de metros de tecido por ano, a empresa vem aplicando recursos em um projeto de ampliação que, ao fim, somará investimentos de R$ 176 milhões.

Retomada em dez anos

"Há 30 anos, o Ceará tinha o melhor algodão do Brasil. Só perdia em qualidade para a fibra do Egito. Mas aí veio o bicudo e uma série de fatores que culminaram com o fim da cotonicultura cearense", comenta o ex-dirigente da ABTT. Ele acrescenta que, nada impede a retomada da atividade produtiva. "Com políticas públicas de incentivo e qualificação dos produtores, o Ceará pode reverter o quadro e colher resultados em dez anos. É preciso recomeçar".

Conforme Lebre, somente em produção de índigo, na qual o Ceará é destaque como um dos maiores produtores do Brasil, Vicunha e Santana Textiles devem produzir juntas aproximadamente 14 milhões de metros de tecido por mês. "Na parte de fiação e tecelagem, o Estado tem as indústrias mais modernas do País, como a TBM, a Fiotex e a Unitêxtil, estas últimas com produção em menor escala", reforça.


SAMIRA DE CASTRO
REPÓRTER*

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