Fonte:|clicrbs.com.br|
Completando 129 anos em dezembro, a Döhler vive uma transformação de
olho na classe C. As mudanças exigem investimentos pesados: foram R$ 10
milhões só em equipamentos no ano passado e mais R$ 16 milhões até
agosto deste ano. O diretor comercial, Carlos Alexandre Döhler, explica
que se trata de uma mudança impulsionada pelo próprio Brasil a partir do
final de 2008.
– Uma nova fatia de consumo se destacou no país.
As classes C e D passaram a consumir muito mais. Tivemos que adaptar a
nossa cultura, a estrutura de vendas e o tamanho da empresa.
Quando
mudou o foco para a classe C, a fabricante joinvilense da linha de
cama, mesa e banho levou o produto das classes A e B para a C, com a
meta de mexer no preço, mas manter a qualidade.
Para fazer isso,
investiu nos sistemas produtivos e na modernização do parque fabril. A
produção saltou de 600 toneladas por mês, em 2009, para 1,2 mil
toneladas mensais este ano. Carlos acredita que a meta da classe C é
comprar o mesmo produto da B, com qualidade igual.
Com a
diretoria confiante na mudança de cenário, as obras de ampliação
continuam. A tinturaria nova deve ficar pronta em agosto de 2011. A
tecelagem, até 2014. E quando 50% da tecelagem estiver concluída, as
obras da nova fiação começam.
– Nosso planejamento é uma trilha, não um trilho. Às vezes, saímos da rota, mas depois voltamos – destaca Carlos.
Ele
acredita que o Brasil precisará investir em infraestrutura para ampliar
o poder de consumo da nova classe média. Feito isso, Carlos espera que o
país siga crescendo nos próximos 10 anos.
Na nova leva de
investimentos da Döhler neste ano está uma máquina de tecelagem com
capacidade para fazer 2 mil metros de tecidos em 24 horas – 10 vezes o
que rende um modelo tradicional. O equipamento foi feito sob encomenda,
na Alemanha, e custou R$ 300 mil.
Outra prioridade está nos
funcionários. A empresa está implantando um sistema de gestão da Toyota,
que prevê o treinamento dos 3 mil funcionários do grupo. Começou em
2009 e deve terminar no prazo de seis anos.
– Nossa mão de obra é
tecnicamente avançada. São pessoas que se divertem com desafios. Quando
nosso foco mudou, existiam dúvidas. Mas os funcionários acreditaram.
Podíamos ter sentado e chorado a perda de mercado nos EUA e a entrada
dos produtos chineses – avalia.
A ousadia parece ser uma
característica de família. Ao citar o melhor momento da história do
grupo, Carlos aponta o crescimento da década de 1960, quando a Döhler
saiu da fábrica do Centro de Joinville e mudou para o atual complexo,
com cerca de 200 mil metros quadrados de área construída. Pouco depois,
em 1973, a empresa embarcou para a Holanda a primeira exportação de
tecidos.
Hoje, o mercado internacional representa 14% do
faturamento. Embora em menor volume, a exportação ainda é vista como
lucrativa. Mas a empresa quer é crescer mantendo o foco nos brasileiros.
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