Com tino para tecnologia, Elaine Travizzanutto transforma desafios em lições de liderança

Do computador “quando tudo era mato” aos projetos de engenharia de software da B3, Elaine Travizzanutto é apaixonada pelo que a tecnologia pode fazer.

Elaine Travizzanutto, diretora de TI da B3 (Imagem: divulgação)

Elaine Travizzanutto tinha computador em uma época quando poucas pessoas contavam com um. Entrar no mundo da tecnologia foi lógico, uma questão de perfil que direcionou a escolha da carreira. “Sempre gostei do que a tecnologia poderia trazer de diferença para o dia a dia”, conta a atual diretora de tecnologia com foco em engenharia de software da B3.

A executiva de Taquaritinga, perto de Araraquara, no interior de São Paulo, entendeu cedo que ao se mudar para a capital do Estado traria mais oportunidades de desenvolvimento — e assim o fez. Trabalhou em uma empresa que fazia gestão empresarial e na sequência foi convidada para ingressar na rede de autoatendimento multibancário do Brasil Tecban. “Fui atrás do conhecimento; entrei como analista pleno e saí depois de 16 anos como gerente-executiva de TI. Lá pude ser treinada e me desenvolver bastante na questão da liderança, algo que sempre me encantou”, conta.

Da Tecban, em 2013, foi para a Serasa como gerente-corporativa de TI, onde trabalhou até o fim de 2015, em uma experiência interessante, por atuar em várias áreas e projetos diferentes. O passo seguinte foi na Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados, que, em 2017, se fundiu com a BM&FBovespa, criando a B3. Na Cetip, entrou como superintendente de tecnologia, respondendo para o CIO.

Com a criação da B3, o CIO, Rodrigo Nardoni, a convidou para assumir a diretoria na parte de engenharia de software. “Envolve uma gama muito grande, tanto de tecnologias como de negócios, então, estou motivada a aprender e a ter desafios, porque sempre tenho um projeto novo para tocar”, conta.

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A executiva também assumiu compromissos ligados à inclusão e à diversidade. É, atualmente, fomentadora do núcleo de gênero, mas já participou do grupo LBGTQIA+. “De fato, é importante para a B3, que valoriza a diversidade e a inovação, porque temos o viés da inovação ligada ao negócio”, diz. Um exemplo, mas em tecnologia, é o desligamento, no fim de junho, do último mainframe, o que precisou redesenhar a jornada do cliente.

De nova apaixonada por tecnologia, Elaine sabia que ia encontrar um ambiente masculino. “Quando entrei na faculdade, brinco que eu tive sorte, porque a minha turma não era de 90% de homens. Era 70% de homens e 30% de mulheres, então, tenho muitas amigas da área de tecnologia que estudaram comigo, mas poucas continuam no mercado”, lembra.

Apesar da turma atípica, quando se formou na Unesp de Bauru, em 1992, poucas mulheres haviam desbravado o mercado. “Tinha uma questão de como entrar no mercado vindo do interior e sendo mulher. Quando vim para São Paulo, as oportunidades melhoraram , mas a barreira de gênero ainda era grande”, recorda. Por vezes, era a única mulher do ambiente. “Em muitos momentos, tentei esconder minha feminilidade no estereótipo masculino do ambiente. O que me ajudou muito a superar os obstáculos foi que sempre procurei estar atualizada; sabia que tinha de estudar e me preparar.”

Questionada se houve avanço em diversidade no mercado em geral, a executiva diz que melhorou muito, mas enxerga, ainda que em menor escala, os mesmos desafios. “Existem barreiras; apesar de menores. Hoje, conseguimos ser o que somos”, analisa.

Para mudar o quadro, diz, é preciso trabalhar a base, permitindo que mais mulheres ingressem. Uma das iniciativas da B3 é o programa de estágio Manas da Tech, que visa ampliar a representatividade feminina em carreiras tecnológicas e com 50% das vagas para estudantes pretas ou pardas.

Elaine se considera uma mulher privilegiada por ter sido criada por um pai que, além de não ser machista, a incentivava. “Sempre tive a mesma chance e condições que meus irmãos e isso não criou em mim a barreira de gênero. Sei que isso não é normal, porque tem uma sociedade que cria meninas para carreiras mais de Humanas, de cuidar. Este estímulo da menina na carreira de tecnologia, de finanças tem de começar na escola”, encerra.

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