Desvio de verbas, caixa dois, superfaturamento, emprego de parentes, fraudes em licitações… Os esquemas montados por corruptos para embolsar o dinheiro público são conhecidos – e cada vez mais manjados.
Para despistarem os órgãos de controle e continuarem se beneficiando de falcatruas, os políticos precisam inovar. Foi o que fez o deputado federal Luiz Carlos Setim, do DEM do Paraná. Entre 1997 e 2004, ele foi prefeito de São José dos Pinhais, cidade vizinha a Curitiba, sede do aeroporto internacional do Paraná e de uma fábrica da Renault.
Assim que tomou posse, sua filha Luciana comprou 76 lotes de terra, somando mais de 75 000 metros quadrados, no bairro Cidade Jardim, por 144 000 reais. Na época, ninguém entendeu o negócio, já que a área era pantanosa e se alagava com as cheias do Rio Iguaçu, que separa Curitiba de São José. Meses depois, porém, o governo do estado deu início às obras de um canal que desviou o curso do rio e acabou com as cheias.
Como prefeito, Setim tinha pleno conhecimento do projeto do governador. A área começou a se valorizar, mas havia ainda um problema: o plano diretor da cidade impedia imóveis residenciais no bairro. Em 2008, tudo foi resolvido. O sucessor de Setim, Leopoldo Meyer, que tinha sido seu secretário de obras, mudou o zoneamento, permitindo a construção de prédios.
O deputado, então, passou os terrenos para o nome de sua empresa, a Carioca Participações. E deu o último lance de seu plano: conseguiu financiamento do Minha Casa Minha Vida, programa do governo federal, para construir o Residencial Primavera, com 128 apartamentos de dois quartos, no local onde, quinze anos atrás, havia um pântano.
Com a venda dos apartamentos, no ano passado, ele lucrou 12 milhões de reais, em uma valorização de 8 233% desde a compra do terreno. Setim está em campanha para voltar à prefeitura e ter acesso a novas e lucrativas informações privilegiadas.
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Como os políticos são engenhosos para a corrupção.
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