Jeans Levi's 501 já se aproxima dos 140 anos; veja outros exemplos de grande longevidade no mundo do consumo
É de se supor que Adolf von Baeyer, um cientista alemão de respeitabilíssimas casaca, calvície e barba branca, não ficasse muito à vontade em um blue jeans. Mas o berlinense Von Baeyer tem seu lado pop: foi a síntese do índigo – um corante azul que no passado era extraído apenas de uma planta – que deu ao cientista o Nobel de Química de 1905. O modelo do jeans 501, registrado por Levi Strauss em 20 de maio de 1873, que levava o corante desenvolvido pelo alemão, completa mais um ano de vida neste mês – e segue sendo confeccionado segundo os moldes do modelo original.
O exemplo do Levi’s 501 – que fez Eddie Murphy em “Um Tira da Pesada” e Tom Cruise em “Top Gun”, dois personagens vestidos pelo modelo, terem uma improvável ligação com um vencedor do Prêmio Nobel de Química – é um dos exemplos de longevidade na indústria do consumo. Ele não é, contudo, caso isolado.
Adolf Von Bayer, criador da versão sintética do corante índigo, usado no jeans 501: o modelo podia não agradar ao alemão, mas ele e Tom Cruise viriam a ter algo em comum
Está nas mãos da Hindustan Unilever, uma subsidiária da Unilever, o Pears Soap, sabonete encontrado no Reino Unido que ostenta o posto de marca registrada mais antiga do mundo. O início de sua produção, em 1789, coincide com o ano de deflagração da Revolução Francesa. Menos incendiária, mas não menos engajada, foi a campanha lançada na rede social Facebook entre dezembro de 2009 e janeiro de 2010 para que a fabricante desistisse das mudanças na fórmula do produto, que tem hoje 222 anos de idade. Dado o alarido, a empresa informou na ocasião que devolveria ao Pears uma fórmula “muitíssimo próxima da original”.
O sabonete britânico foi a inspiração para a criação de um exemplo de longevidade nacional, o Phebo. Como seu modelo estrangeiro, o Phebo nasceu transparente e com formato oval. O sabonete foi desenvolvido por dois primos portugueses em Belém do Pará, passou às mãos da multinacional Procter & Gamble na década de 1980 e está sob o guarda-chuva da Granado desde 2004. Antes de ficar com o Phebo, a empresa, nascida em 1870, já tinha um ícone feito em casa: o centenário polvilho antisséptico Granado, surgido em 1903.
A sobrevivência de marcas brasileiras por tanto tempo é mais que digno de nota: é uma anomalia estatística. Em São Paulo, segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), uma em cada quatro pequenas empresas deixa de existir depois de um ano de vida. Quase 60% já não estão mais em operação depois de cinco anos de surgimento. Faltam espírito empreendedor e planejamento para que os novos negócios tenham melhor sorte, avalia a entidade.
O Sebrae ainda estava a mais de um século de ser criado quando, no Ceará, foram sorvidas as primeiras doses de Ypióca, aguardente que é também o nome de sua fabricante. A empresa é uma das mais antigas em operação no País, continua a ter na bebida seu carro-chefe e – feito ainda mais raro – permanece nas mãos da mesma família fundadora. No mundo etílico desponta outra centenária empresa familiar. O Grupo Thoquino, fabricante do conhaque de alcatrão São João da Barra, abriu suas portas em 1908. Faz mais de cem anos que o afamado “conhaque do milagre” é feito exatamente da mesma forma.
Ortodoxo como Maizena e Minancora, só um freudiano
Em 1981, o escritor Luis Fernando Veríssimo criou o personagem Analista de Bagé, tão fiel seguidor dos ensinamentos de Sigmund Freud que se declarava “freudiano de carregar bandeirinha”. Havia outras matizes dessa devoção. “Mais ortodoxo que caixa de Maizena” dá ideia da ferrenha dedicação do analista a seu mestre – e do quanto essa marca está encrostada no imaginário nacional. No Brasil, a Maizena, marca de amido de milho que se confunde como sinônimo do produto, está desde 1874. Sempre com a caixa amarela.
“Mais ortodoxo que pomada Minancora” era outro dos adágios a que apelava o personagem. A pomada surgiu em 1915 e é usada para fins tão distintos quanto a eliminação de espinhas, o tratamento de frieiras e a eliminação de odores indesejáveis dos pés. Com quase um século de fórmula imaculadamente mantida, a Minancora só se diferencia da sua versão do passado na roupagem: em 1992, a embalagem de metal foi substituída por uma de plástico.
A ortodoxia não é sinônimo de imortalidade. O Analista de Bagé considerava-se também “mais ortodoxo que Caximir Buquê”, em referência à linha de desodorantes, talcos e sabonetes Cashmere Bouquet, criada nos Estados Unidos em 1872. Os produtos chegaram ao Brasil em 1946 e se tornaram populares nas décadas seguintes. Nada que lhes garantisse sobrevida: a Colgate-Palmolive, dona da marca desde sua criação, tirou o Cashmere Bouquet do mercado brasileiro em maio de 2009.
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No mundo da MODA, podemos dizer que a Marca é 50% da venda garantida.
Quem nunca teve uma calça Levi's?
Quem já não quis comprar algo da Nike ou Adidas?
Atualmente o que mais se ve é jogador com T-shirt do Armani Exchange ou Abercrombie!
No mercado nacional no passado tivemos marcas que encantavam:
Jeans da Gledson,ou Yes Brazil,calça de Lycra da Inega e outros.
Qual produto permanece tanto tempo na moda quanto uma calça jeans?
Quem já não teve calça jeans com goma,amaciada,stonada,resinada,lixada,esmerilhada ou tinturada?
É o produto camaleão.
Entra coleçao,sai coleção, e ele está lá com outra aparência,mas está!
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