Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Haviam me falado de um país chamado Brazuela.
Um lindo país, repleto de riquezas naturais, água, solo fértil e sol a vontade.
O povo que lá habita, simpático, trabalhador e de boa índole.
Consultei a Wikipédia e o Google Earth sobre ele.
Descobri também que o grande problema deles é que não estavam acertando na escolha de seus governantes.
Escolhi a cidade de San Pabluela, por ser a mais importante economicamente, o que me daria uma boa noção do resto do país, pensei.
Passaporte renovado, visto autorizado, lá fui eu para Brazuela.
Seriam uma rápida viagem de apenas uma hora de voo.
Quando o avião se aproximava do Aeroporto Internacional de San Pabluela, o piloto avisou, que devido ao congestionamento de aeronaves no pátio, ficaríamos voando, aguardando vaga e autorização para pouso.
Uma hora depois, recebemos autorização para pouso. 
Chovia bastante em San Pabluela
Tão logo o avião pousou e saiu da pista, parou. 
De novo, a voz do piloto ao microfone avisou: “Senhores passageiros, ficaremos parados neste local, aguardando indicação da torre de controle da posição de estacionamento da aeronave”.
Vinte e cinco minutos depois, recebemos enfim, autorização para estacionar a aeronave. Mas como todos os Fingers estavam ocupados, seríamos levados de ônibus ao terminal.
Como a escada coberta, não estava disponível por um defeito na roda, disponibilizaram uma aberta mesmo. 
A aeromoça do nosso avião, muito solícita, emprestava um guarda chuva para o passageiro descer e ir até o ônibus, que era prontamente devolvido ao avião por um funcionário da INFRUELA (Empresa Brazuelana de Infraestrutura Aeroportuária), que infelizmente já estava todo molhado.
Enfim, chegamos ao terminal. 
Por enquanto já contabilizávamos uma hora de voo, uma hora de sobrevoo (ainda bem que devia ter terminado a gasolina senão ainda estaríamos voando), vinte e cinco minutos aguardando vaga e meia hora para chegarmos ao terminal.
Entrei em um saguão enorme, totalmente cheio de gente. 
Era a polícia federal onde deveríamos mostrar nossos passaportes. 
Curioso que tinha uma fila separada, completamente vazia, onde dizia “Brazuelanos”. Estranho pensei, será que ninguém quer voltar?
Enfim, uma hora depois, consegui mostrar meu passaporte e ser devidamente autorizado a entrar no país.
Agora, pensei, pegar minhas malas, ir para o hotel, tomar um banho e conhecer este maravilhoso país.
Ao chegar no local das esteiras, a multidão era tão grande que imaginei estarem distribuindo automóveis de graça.
Ao menos não levou muito tempo. 
Quarenta minutos depois estava com minhas malas. 
Fiquei muito feliz, pois a fila de pessoas reclamando perda de bagagem era enorme.
Segui para a alfandega.

Passei pelo Duty Free, e me impressionei com a quantidade de carrinhos com bagagens estacionados fora. 
Parecia o estacionamento de um shopping center na véspera do natal.

Bem três horas e trinta e cinco minutos depois de um voo de apenas uma hora, estava dentro do país. Bastava pegar um taxi e ir para o hotel. 
Afinal, Einstein tinha razão. 
O preço não foi caro, se considerar o desespero em que me encontrava.

Enfim, cheguei no hotel, tomei uma ducha, e como era de manhã cedo, combinei com um taxista para fazermos um excursão pela cidade.

Saímos então.

Me chamou atenção os buracos no asfalto. 
Mas o taxista falou para não me preocupar, pois os carros Brazuleanos tinham suspensão muito resistente.

O transito estava insuportável mas o taxista era jovem e bom papo. 
O nome dele era Huguito Chavez.

Me contou que era Venezuelano e lá no seu país, quem não bajulava o partido político do Gran Capitán já falecido Hugo Chavez, não se dava bem. 
Por isto seus pais lhe deram este nome.

Perguntei-lhe por que havia saído de lá?

Ele me disse que o país estava quebrado. 
Que o Gran Capitán, para conseguir se manter no poder, passou a fazer política populista as custas do dinheiro público. 
Quebrou até a PDVSA, a companhia petrolífera estatal da Venezuela.

Hoje no seu país falta de tudo. 
Até de papel higiênico.

E o atual presidente Nicolás Maduro, só falta distribuir este produto para a população, como medida populista.

Até o mesmo agasalho, com as cores da bandeira da Venezuela  que seu antecessor usava, passou a vestir.

Neste momento o transito fluiu e passamos em frente ao Palácio de Convenções do Anhembí.

Estava ocorrendo uma mega manifestação popular. 
Como não entendo bem a língua, Huguito me disse que estavam protestando contra a perda de indústrias têxteis e confecção e de empregos, devido a maciça importação de produtos Chineses. 
Estava acontecendo lá, uma feira só de produtos têxteis Chineses.

Reclamavam que o Governo Federal não estava se importando com isto.
Que era muito caro produzir no país. 
E que, além disto, as pessoas estavam viajando para comprar roupa nos Estados Unidos, roupa chinesa, e entravam na Brazuela dizendo que era tudo "Objetos de uso Pessoal".




Mas segundo ele, logo, estas pessoas que estavam sendo demitidas, não encontrariam emprego em outros setores.

Disse que devia ser um tremendo “pé frio”, pois o governo da Brazuela, amigo de cama, mesa e banho do da Venezuela e de Cuba, estava copiando tudo que Hugo Chavez fez.

Até a Petrozula, empresa estatal de petróleo Brazuelana, estava no caminho da PDVSA. Faltava pouco para quebrar, de tanto que era “usada” para fins políticos.

De repente, passamos por um monte de barracas coloridas. Parecia um acampamento de jovens.

Eram milhares de pessoas acampadas na rua. 
Perguntei o que era aquilo.

Me respondeu que um cantor famoso vinha se apresentar no sábado e estes jovens estavam acampados lá, para garantir lugar privilegiado na fila de entrada.

Mas hoje é terça-feira, e são 10:30hs. 
Estes jovens não estudam, não trabalham, não tem casa, não tem família. 
A polícia permite, perguntei?
Pão e Circo amigo, ele respondeu.

O governo para garantir votos dos jovens e encobrir suas artimanhas, além de distribuir benesses, até incentivava a vinda destes artistas.

Estamos destruindo esta geração. 
Imagine como ficará este país dentro em breve, disse ele.

Continuamos nossa visita a San Pabluela
Passamos por diversos lindos monumentos, todos pichados e por viadutos imensos, faltando pedaços.

Demos uma volta na região central. 
Tudo muito deteriorado. 
Que pena. Construção belíssimas naquele estado, pensei.

Passamos por um local chamado Cracolandia. Fiquei assustado. 
Um monte de pessoas deitadas no chão, ou andando pelas ruas como zumbis, absolutamente drogadas.

Bem, voltamos ao hotel. 
Combinei com Huguito para me levar à um restaurante a noite, onde havia combinado um jantar com um amigo.

No quarto do hotel, assisti a um noticiário na televisão, onde se denunciava que o Ministério da Saúde, por falta de seringas descartáveis, estava recomendando reutilizar estas seringas até oito vezes. 

Mas descartável, não quer dizer, usar e descartar? 

Huguito tinha razão. 
Me lembrei do que me contou, sobre falta de papel higiênico.

Reutilização de seringas descartáveis na rede pública

No horário combinado, ele estava no saguão me aguardando. 
Passei-lhe o endereço e partimos. 
No meio do caminho passamos por uma multidão de jovens todos sentados em barzinhos ou em rodinhas no meio da rua, praticamente interrompendo o transito dos automóveis.

Curioso, perguntei do que se tratava. 
Respondeu que estávamos em frente a uma universidade.

Universidade, perguntei? Como assim? 
Aqui nas universidades não tem salas de aula, professores e outras coisas triviais de toda universidade?

Respondeu que sim, mas que poucos assistiam as aulas. 
Iam lá para passar o tempo, beber, conversar com os amigos e paquerar.
Engoli em seco.

Chegamos ao restaurante. 
Paguei ao Huguito. 
Ele me perguntou se queria continuar a excursão no dia seguinte?

Não Huguito, vou trocar minha passagem. Ia embora no dia seguinte. 
Mas já, questionou?
Já vi demais, respondi.

Entrei no restaurante e lá estava meu amigo Lulito, já me aguardando.
Nos cumprimentamos e perguntou-me: Está gostando da Brazuela?

Lulito, estou pasmo. Vocês estão destruindo este país tão lindo.

Como é possível um país tão cheio de recursos naturais, solo fértil, clima ameno, sol em abundância, ter tanta miséria, tanto descaso?

Estão destruindo a próxima geração. 
Os jovens não estudam, não trabalham, conceito de família se extinguindo.

Lulito, se San Pabluela é o centro econômico da Brazuela, imagine o restante do País.

Lulito, isto aqui é um “Castelo de Cartas”. Com um sopro, se desfaz. 

Estão vendendo ilusão ao povo.

Vocês vão se transformar em uma Venezuela. 
Para isto, só falta seu Presidente passar a se vestir com um agasalho com as cores Verde e Amarelo da bandeira.

Aliás pergunto, na vossa bandeira está escrito “Ordem e Progresso”. 
Ordem de quem, pois progresso não vi nenhum?

Agora entendo, porque a fila de Brazuelanos no aeroporto estava tão vazia.

ACORDA BRAZUELA

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