Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Consumo está na rota dos desequilíbrios da economia

O Brasil tem aquilo que quase todos os países não têm no momento: demanda de consumo." A afirmação do economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, registrada em reportagem do Valor (24/7), deixa claro que o atual impulso de consumo dos brasileiros, alvo de várias críticas, é na verdade cobiçado por quase todos os países do mundo.

A China, por exemplo, tenta há tempos transferir o motor de sua economia do comércio internacional para as vendas ao mercado interno. O objetivo foi explicitamente externado no último plano quinquenal, anunciado há pouco mais de um ano, mas a transição está longe de ser concluída. Nos Estados Unidos, a economia capenga, apesar de todos os estímulos fiscais e monetários injetados, porque o consumo interno ainda não se recuperou dos excessos do passado. Não se pode negar que a vida da zona do euro seria bem melhor com um consumo mais aquecido.

Já no Brasil, o consumo em alta é motivo de preocupação e debate a respeito de sua duração e das distorções que produz. Ainda assim continua crescendo, alimentado pelo desemprego em patamares historicamente baixos e pelo aumento dos salários, que mantêm a confiança do consumidor em níveis elevados.

Nesta semana saíram dados que indicam que o fôlego do consumo está longe do esgotamento. Os indicadores do mercado de trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, apesar de alguma desaceleração, o emprego continua firme e os salários em expansão.

Em junho, foram criados 120,44 mil novos postos de trabalho em termos líquidos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do MTE, somando 858,3 mil novos postos em todo o país no semestre, apesar de o ritmo ser mais lento em setores como a indústria de transformação. Quatro de cinco regiões metropolitanas pesquisadas estão com mais empregos do que há um ano, segundo pesquisa parcial divulgada pelo IBGE ontem.

Além disso, a expansão salarial continua vigorosa, ainda em reflexo do aumento do salário mínimo, da redução da inflação e do desemprego. Depois de ter subido 6,4% em maio em comparação com igual mês de 2011, os salários de admissão tiveram reajuste real de 6,1% em junho e de 5,9% no semestre, segundo o Caged. Nos dados do IBGE, o aumento do rendimento médio real do trabalhador desacelerou em todas as regiões em junho, em comparação com 2011, mas continua crescendo.

Há ainda o crédito, que mesmo tendo arrefecido alimenta o consumo. Dados divulgados ontem pelo Banco Central indicam maior oferta de crédito novo. Depois de terem caído 4,5% em maio sobre abril, as concessões de crédito para pessoas físicas aumentaram 6,4% em junho. A inadimplência das pessoas físicas recuou ligeiramente para 7,8%, o que abre espaço para novos endividamentos.

Com esse combustível, o consumidor brasileiro vem mantendo o comércio aquecido. O comércio varejista ampliado cresceu 5,8% de janeiro a maio e 5,3% em 12 meses, apesar do recuo de 0,8% das vendas de veículos e autopeças no período. Já o comércio restrito saltou 9% no acumulado de janeiro a maio e 7,3% em 12 meses. Alguns itens avançam mais, mesmo sem incentivo tributário, como é o caso das vendas de equipamentos e materiais de informática e escritório, que subiram 28,1% no acumulado do ano.

A expansão da venda desse tipo de produto revela um outro aspecto do mercado brasileiro atual, que é a expansão de outros tipos de despesas, como acesso à internet, TV a cabo, celular, financiamento imobiliário, educação privada e passagens aéreas.

Se, como disse o economista Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard, em passagem pelo Brasil nesta semana, as nações que crescerão mais nos próximos anos serão as mais voltadas ao mercado doméstico (Valor 23/7), por que se critica tanto a expansão do consumo no Brasil? Até o Fundo Monetário Internacional (FMI) endossou essas críticas na avaliação do país feita no âmbito do artigo IV do estatuto do organismo.

O principal problema é o desequilíbrio da economia. Enquanto o consumo cresce, o investimento fica para trás no Produto Interno Bruto (PIB). A indústria não consegue atender a demanda por falta de competitividade e o consumo acaba incentivando as importações. O governo está acordando agora para esse desequilíbrio e promete incentivar os investimentos com um pacote de medidas no próximo mês. Resta esperar que acerte o alvo.

fonte:http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/7/27/...

Exibições: 104

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço