Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Entrevista exclusiva de Eike Batista: "Vamos ver quem vai rir por último"

O empresário Eike Batista falou à DINHEIRO sobre o tombo no valor de mercado das suas empresas listadas em bolsa

O empresário Eike Batista reuniu os analistas de mercado na segunda-feira, dia 18 de abril, para anunciar o relatório da consultoria americana DeGoyler & MacNaughton, especializada em avaliar reservas de petróleo. A ideia era celebrar o aumento das reservas prováveis da OGX, principal empresa de Eike, mas os analistas interpretaram de maneira diferente e mandaram vender as ações. Como resultado, os papéis da petrolífera caíram mais de 17% e afetaram outras empresas do grupo. Em um dia, o patrimônio do empresário encolheu US$ 3 bilhões.

Na entrevista a seguir, Batista fala sobre as expectativas de mercado e critica a falta de conhecimento dos analistas:

DINHEIRO - O valor de mercado das suas empresas listadas em bolsa caiu R$ 12 bilhões na segunda-feira, dia 18. Quanto o senhor perdeu pessoalmente?

EIKE BATISTA - Meu patrimônio encolheu de US$ 35 bilhões para US$ 32 bilhões. Mas não dá para dizer que essa foi a perda, porque as ações subiram no dia seguinte.

Qual a sensação de ver seu dinheiro encolher tanto?
Isso faz parte do dia-a-dia do mercado. E ainda é mais que os US$ 30 bilhões da revista Forbes (risos).

As ações da OGX caíram devido a um relatório da consultoria DeGolyer & MacNaughton que alterou as estimativas das reservas de petróleo da empresa. O senhor concorda com essa avaliação?
Veja bem, essa consultoria é a mais conservadora do mundo e ela partiu de dados antigos. Ela considerou nossa situação em 31 de dezembro, e desde então nós já perfuramos mais 15 poços de petróleo em nossa área de exploração na Bacia de Campos. Além disso, ela considerou um índice de recuperação de 25%, que é um dado de 30 anos atrás. Hoje, o índice de recuperação é de 44%.

O que esse índice significa?
Que há 30 anos uma empresa que descobrisse 1 bilhão de barris poderia extrair 250 milhões. Hoje, essa mesma empresa conseguiria extrair 440 milhões de barris. Ninguém entendeu quando a DeGoyler, que nós contratamos, aliás, disse que nossas reservas subiram de 6,7 bilhões para 10,8 bilhões de barris.

Esse é o potencial total?
Não, esse é o potencial “extraível”, para usar uma palavra de fácil compreensão. O potencial total, e essa conta ninguém fez, é de 30 bilhões de barris.

O senhor acha possível retirar tanto petróleo assim?
Sim, pois as condições em que nós trabalhamos são excepcionais. Ao anunciar os resultados da DeGoyler, eu disse que a Mãe Natureza gostava muito da OGX. Nossas jazidas não estão em águas ultraprofundas, e devido às condições geológicas o leito rochoso está fragmentado. E vamos ganhar muito dinheiro com isso.

Por quê?
Nosso óleo é mais barato de extrair e tem menos elementos contaminantes, ou seja, ele tem maior valor no mercado. Além disso, nosso custo de extração é menor. O custo de produção operacional direto, em águas rasas, é menos de US$ 7 por barril. O custo total,  incluindo a amortização dos investimentos é de menos de US$ 16 por barril, bem abaixo do custo da Petrobras, porque ela opera em águas ultraprofundas.

Até agora a OGX não produziu nem um barril. Quando os senhores vão começar?
Já estamos em testes de longa duração, e devemos começar a produzir em outubro deste ano.

Com tantas notícias positivas, como o senhor explica a queda de mais de 17% no dia 18 de abril?
A resposta é simples. Os investidores venderam porque foram mal-informados, venderam porque havia um papel carimbado por um analista dizendo “venda”. O investidor médio ouve seu analista como ouve seu médico, sem contestar. Tenho pena do pequeno investidor que vendeu com base nas recomendações.

Faltou informação aos analistas? Há uma má vontade do mercado em relação ao senhor ou às suas empresas?
O que faltou aos analistas foi competência. Eles não entenderam a história. Vou conversar com os dirigentes dos bancos cujos analistas recomendaram a venda das nossas ações. Vou perguntar “como um profissional supostamente competente divulga informações erradas?” Os executivos vão culpar os analistas, mas eles contrataram esses analistas.

Os analistas erraram, portanto?
Os erros foram maciços e prestaram um desserviço aos pequenos investidores. Vou frisar, não existe uma companhia exploradora de petróleo tão bem-sucedida no mundo quanto a OGX. Inicialmente nossa projeção era que cada um de nossos poços produzisse de cinco a dez mil barris por dia, mas nos testes de longa duração estamos descobrindo que nossa produção é de 40 mil barris por dia. Ou seja, esperávamos ter de cavar de 15 a 20 poços para produzir 100 mil barris, mas agora fazemos isso com três poços. É um aumento brutal de produtividade, reduz brutalmente seu custo de capital na parte submersa.

E os analistas não reconhecem isso?

Não. Que interesse eu tenho em promover um negócio, reunir milhares de sócios internacionais, fundos soberanos, gente seríssima e decepcioná-los? Temos uma perspectiva de dez anos de crescimento à nossa frente, não faz sentido decepcionar o mercado agora. Nós, na OGX, fazemos o contrário da prática do mercado. O que você mais vê são executivos promovendo as ações, contando apenas as melhores histórias, para tentar valorizar os papéis o quanto antes. Nós, aqui, fazemos o oposto disso. Somos conservadores e tentamos, o tempo todo, surpreender o acionista com notícias melhores do que ele esperava. Esse é o nosso credo, aqui. O analista tem de usar o dado real para analisar a empresa.

É possível reverter essa visão incorreta que os analistas têm das suas empresas?
Nessas horas só citando Jesus Cristo: conheça a verdade, pois a verdade vos libertará. Os bancos adoram volatilidade, mas vamos ver os dados da OGX e analisar os resultados daqui a algum tempo. Vamos ver quem vai rir por último, para variar.

 

 

FONTE: Isto É DINHEIRO

Por Cláudio Gradilone

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Comentário de Bruno Monteiro em 21 abril 2011 às 10:13

Acho exclente que o Brasil tenha empresarios como o EIKE e realmente a especulacao contra o Brasil e tremenda, tem gente que faz relatorio atras de uma mesa la no Hemisferio Norte e nao sabe nossa realidade.

 

Somos um pais rico e temos tudo pra dar uma grande virada, se tornar uma potencia mundial que distribui renda.

 

Que consigamos seguir um padrao escandinavo de riqueza revertida pra educacao e tecnologia , o Pre Sal e uma grande chance pra nos.

 

Temos um pais contratado nos proximos 1o anos, eu que trabalho com comercio exterior percebo o entusiasmo de quem vem de fora visitar o Brasil que e muitas vezes maiores que a nossa confianca.

 

BRUNO MONTEIRO

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