Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Estilistas baianos revelam inspirações e anseios antes da temporada nacional

Faltam  duas semanas para o início da temporada de moda desse ano no Brasil e os estilistas baianos que desfilam lá fora já estão finalizando os looks que vão apresentar nas passarelas do São Paulo Fashion Week, Casa de Criadores e Dragão Fashion.

O CORREIO conversou com Vitorino Campos, Gefferson Vila Nova, Aládio Marques, Jeferson Ribeiro e Carol Barreto. Os criadores revelaram os temas das coleções, as expectativas  em participar das semanas de moda nacionais e seus  planos para depois do desfile.

Com a cena  local meio parada,  a maioria espera ganhar mais visibilidade após  participar de eventos com alcance de mídia nacional e até internacional  e  buscar novos mercados.

Aos 26 anos, Vitorino Campos
vai desfilar pela quinta vez na
principal semana de moda do Brasil

Vitorino Campos
Vitorino Campos, 26 anos, segue para sua quinta participação no São Paulo Fashion Week - a edição de Verão 2015 começa dia 31 - mantendo os mesmos objetivos de quando lançou sua marca, há seis anos: ter qualidade e inovar sempre. “Para a próxima estação, vamos trabalhar com muitas texturas, trazendo inovações nas composições dos looks”, antecipa.

Segundo o estilista, a nova coleção, O Buraco Negro, acompanha o DNA já conhecido da marca. “Procuramos trabalhar com formas retas e leves, mas pensadas para a suavidade do Verão”.  Um dos desafios de Vitorino, que hoje pode ser encontrado em 30 pontos de venda em todo o país,  é  manter a identidade e, ao mesmo tempo, conseguir atender a um público diverso. “Com pesquisas frequentes sobre o mercado nacional, desenvolvemos uma coleção comercial extensa para atender todo o Brasil. Sempre focando no bom acabamento das peças”,  revela.

Após a temporada de moda, o estilista pretende fazer viagens de pesquisa, seu combustível criativo.

 

Gefferson Vila Nova volta a desfilar na Casa de Criadores.
Visibilidade trouxe convite para vender em
um site de Londres

Gefferson Vila Nova
Aos  31 anos, dez deles dedicados às agulhas e linhas, o designer de moda Gefferson Vila Nova já fez de tudo na área. “Passei pelo estilo da IO e, durante três anos, estive à frente do estilo da Úrsula Felix Black e Green Label”, conta o estilista especializado em alfaiataria feminina e moulage.

Atualmente, divide o tempo entre o Senai, onde leciona, e a criação da próxima coleção, Punks From Paradise, que vai apresentar em abril na Casa de Criadores, em São Paulo. Será a segunda vez de Gefferson na semana de moda lançadora de talentos. “Vou fazer uma continuação ‘dos corpos que se movimentam’, porém acrescentei a essa coleção as aves do paraíso e suas plumagens, numa referência ao dimorfismo sexual significativo.

As plumas das aves são bastante importantes nas sociedades nativas da Nova Guiné como símbolo de estatuto social, liquidifiquei tudo isso”, explica o criativo. Gefferson vê no evento um espaço para ter seu trabalho conhecido. “Foi através deles que a equipe do (site de vendas londrino) etinniico.com chegou ao meu trabalho, além de outros compradores e possíveis investidores e marcas que trabalham com equipe de criação”, avalia.

“Graças a Deus, o André Hidalgo é um pai para os novos designers. E tive a sorte de trabalhar com a dupla de stylings Juliano Pessoa e Zuel Ferreira. Nossa! Eles cuidaram de tudo com muito carinho. Tive também o Max Weber assinando o make no Inverno e essa dobradinha vai se repetir no Verão”, antecipa.

Aládio Marques buscou inspiração nas ilustrações
científicas de Ernst Haeckel para criar a
coleção que desfila em abril

Aládio Marques
A voz mansa de Aládio Marques não denuncia a inquietação do estilista de 25 anos, que nos últimos três anos vem dialogando com a moda  de diversas formas. Aládio é designer de sapatos, faz roupas masculinas descoladas e vestidos de festa classudos.

Suas criações estão à venda na Mesckla, Evidence e CR Su Misura; no Espaço Mauro Freire, em São Paulo; e na La Posh, em Porto Alegre. Desde que ganhou o concurso Novos Talentos, do Shopping Barra, não parou um minuto. Do desfile vencedor veio o convite para o Dragão Fashion, do qual vai participar pela segunda vez, em abril, com uma coleção inspirada nas ilustrações científicas de Ernst Haeckel.

“O recorte temático são as gravuras que ele fez de algas marinhas e de seres que descobriu, o que influenciou na cartela de cores, que vai dos tons neutros aos mais quentes, e na escolha dos tecidos, trabalhando a leveza e a fluidez das algas através do cetim de seda, crepes e organzas, além de um jacquard estampado em dourado, remetendo aos desenhos que a luz faz no mar ao pôr do sol”, revela.

Com a visibilidade que o evento cearense alcança, Aládio pretende chegar a Minas, Rio, Pernambuco e Ceará. “A marca estará numa vitrine com visibilidade nacional e até internacional. Além de torná-la mais conhecida entre os consumidores, auxilia na intermediação com os lojistas que ainda não conheçam meu trabalho, influenciando positivamente nos negócios e novas parcerias”, avalia.

Carol Barreto vai falar da diáspora africana
no desfile de estreia no Dragão Fashion

Carol Barreto
Carol Barreto, 34 anos, driblou a falta de mão de obra qualificada em Salvador de um jeito criativo. Professora do curso de design de moda da Unime, convidou os alunos para participar da confecção dos looks do desfile que vai apresentar no Dragão Fashion mês que vem e, de quebra, deixou a turma afiadíssima.

Quem conhece Carol não se surpreende com a solução. Prática e teoria sempre exigiram dela a preferência, coisa que tira de letra. A estilista também não teve dificuldade em escolher o tema da coleção, batizada de Fluxus. Decidiu falar da diáspora africana no Atlântico.

A vontade veio depois que desfilou no Senegal. “Na convivência com negros norte-americanos e de outros países, percebi uma linguagem estética de resistência aos padrões ocidentais que mantém singularidade e similaridade. A gente se vê parecido, mesmo sendo diferente”, explica Carol, que também é professora do Bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade da Ufba e tem o olhar apurado para o outro.

Na sua pesquisa, ela aliou o registro fotográfico feito por J.D.‘Okhai Ojeikere das tranças africanas na Nigéria com o trabalho da designer Ju Fonseca com cordões elaborados com linha de seda. “A gente já vinha trabalhando essas tranças de cordão que agora são o centro do styling da coleção”, revela Carol.

A politização do corpo e o direito de usá-lo são defendidos por Jeferson Ribeiro

Jeferson Ribeiro
Na moda há dez anos como professor e estilista, Jeferson Ribeiro, 28, acabou se  revelando bom de parcerias.  Vai para sua segunda participação no Dragão Fashion levando consigo marcas que estão apostando em seu trabalho, como a Renauxview - que desenvolveu dois jacquard -, a Werner Tecidos - que forneceu as sedas e as estampas exclusivas criadas por ele -, além da baiana A&T Joias, que confeccionou um colar que é peça-chave no desfile.

Jeferson também montou uma equipe com dois designers, dois stylists, três costureiras e uma modelo de prova. Tudo isso para falar de um assunto difícil e oportuno em tempos de violência. “O tema é a politização do corpo e o direito de usá-lo para nos expressar”, define. A inspiração veio de Vilanova Artigas, um dos pais da arquitetura moderna paulista, e do guerrilheiro baiano Carlos Marighella. “Cada um usou suas habilidades para alertar o povo contra a ditadura”, explica. Batizada de Líbelo, “o primeiro documento de acusação o de defesa contra algo”, a coleção vai mostrar o corpo requerendo respeito através de formas que causem inquietação.

“Também desenvolvi duas estampas, uma de flores queimadas e outra inspirada em corrimãos”, conta o estilista (e padeiro), que pretende levar suas referências locais para fora daqui. “Teu muito do que eu sou nessa coleção. Quero fazer o mundo conhecer o padeiro que modelava na massa quando era criança”, revela Jeferson.

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