Comentário: Não chegamos à uma situação tão trágica como a da Argentina ou Venezuela- nem de perto. Mas estamos deixando de eliminar nossos gargalos. Quando dos últimos apagões, ficamos sabendo que só 30% do dinheiro destinado à manutenção dos sistema elétrico foi aplicado. Formação de quadrilha não combina com boa gestão
Para sustentar expansão, Fundo indica mais investimentos públicos e novas reformas estruturais para eliminar gargalos de infraestrutura
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 2,5% para 1,5% o crescimento previsto para o Brasil em 2012, resultado bem pior que o do ano passado, quando a expansão ficou em 2,7%. O governo negou essa possibilidade até há pouco tempo, mas foi forçado a rever suas estimativas.
O novo cálculo do Ministério do Planejamento indicou crescimento de 2%. O Banco Central, poucos dias depois, divulgou projeção ainda menor, de 1,6%, muito próxima daquela já apontada pelas instituições do mercado financeiro. Para o próximo ano, o FMI prevê recuperação moderada, com alta de 4% no Produto Interno Bruto (PIB).
A curto prazo, o Fundo recomenda um forte superávit primário nas contas públicas. Não é o caso, segundo o Fundo, de se reduzir o superávit como vem sendo discutido em Brasília. Para este ano, o Fundo projeta resultado primário de 2,7% do PIB, inferior ao compromisso inicial de 3,1%. Para sustentar a expansão a médio prazo, porém, o País precisará de novas reformas estruturais. Isso deve incluir um programa para eliminar gargalos da infraestrutura.
As concessões ao setor privado para obras em rodovias e ferrovias são um passo na direção correta, segundo o Fundo, "mas também é necessário aumentar o investimento público". A recomendação de reformas é dirigida também a outros países da região, na nova edição do Panorama Econômico Mundial.
No cenário apresentado pelo Fundo, o desempenho brasileiro é inferior ao de outros países sul-americanos, como Chile (5%), Colômbia (4,3%), Peru (6%) e Equador (4%). Esses países também cresceram mais que o Brasil em 2011 e devem manter bom ritmo de expansão em 2013, exceto se houver piora considerável no mercado global de commodities.
Essa piora pode ser provocada por uma deterioração da economia chinesa, grande consumidora de matérias-primas. O Brasil, com uma pauta de produtos básicos mais diversificada, será, nesse caso, menos prejudicado.
Estímulo. O FMI reduziu de 3,4% para 3,2% neste ano e de 4,2% para 3,9% em 2013 o crescimento projetado para a América Latina. Mas a notícia pior é outra. Países latino-americanos, segundo os autores do Panorama Econômico Mundial, têm hoje menos espaço para políticas de estímulo, no caso de piora do cenário global. Precisam fortalecer de novo seus orçamentos, para restabelecer a capacidade de reação. Com menor espaço fiscal, os latino-americanos devem usar a política monetária como primeira linha de defesa contra um choque externo.
O Brasil começou a afrouxar essa política em agosto do ano passado, ao iniciar o ciclo de cortes dos juros básicos. Mas essa mudança foi insuficiente para estimular o crescimento. A transmissão dos efeitos da nova política monetária tem sido lenta no sistema financeiro. O relatório menciona o aumento da insolvência, após anos de expansão do crédito, como a causa - ou uma delas - dos escassos resultados com a baixa dos juros.
Numa entrevista coletiva, o economista Thomas Helbling, um dos coordenadores do estudo, acrescentou um detalhe importante: as alterações na política brasileira coincidiram com uma desaceleração global mais forte do que se previa.
De modo geral, os países latino-americanos foram pouco afetados pela insegurança financeira na Europa. Os danos com a recessão europeia também foram limitados, porque só 10% das exportações da região se destinam à Europa. Nova retração dos EUA seria muito mais desastrosa, segundo o Fundo.
O Fundo chama a atenção, também, para duas outras limitações. A inflação permanece acima das metas centrais em muitos países latino-americanos e a diferença entre crescimento efetivo e potencial está esgotada, ou quase. Isso torna recomendável nova rodada de reformas e de investimentos para ampliar a capacidade produtiva.
Os comentários mais negativos são sobre a Venezuela e a Argentina, os países com maiores pressões inflacionárias. A inflação venezuelana chegou a 26,1% no ano passado, deve ficar em 23,2% neste ano, e subir para 28,8% em 2013. No caso da Argentina, o documento cita os números oficiais (9,8% em 2011, 9,9% em 2012 e 9,7% em 2013), mas chama a atenção para a qualidade duvidosa desses dados.
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