Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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#Freethenipple: movimento na web apoia direito da mulher mostrar os mamilos em público

Cena do filme “Free the Nipple”, da cineasta e fundadora do movimento, Lina Esco ©Reprodução

Como já diria o garoto que virou meme na internet, mamilos são um assunto muito polêmico. Tanto que eles ganharam até um movimento em sua defesa, o “Free the Nipple” (liberte o mamilo), que, em linhas gerais, luta pelo direito das mulheres de ficarem sem sutiã em público, seja para amamentar um bebê ou não. Em bom português a questão é: por que os homens podem andar por aí sem camisa e exibir o corpo nas redes sociais e as mulheres não?

O debate já circula no meio feminista há alguns anos, mas ganhou novo fôlego graças a alguns acontecimentos envolvendo nomes bastante populares do mundo da moda e do showbizz nas redes sociais. O primeiro (e mais comentado) deles diz respeito à política de conteúdo impróprio do Instagram, que deletou as contas da cantora Rihanna e das modelos Anja Rubik e Kendall Jenner em uma espécie de surto de “mamilofobia” – nas fotos de Anja e Kendall, elas estavam na passarela com uma blusa transparente. Nem a diretora criativa da “Vogue” Grace Coddington escapou. Ela teve sua conta suspensa depois de postar uma ilustração dela mesma de topless numa cadeira de praia em sua foto do perfil.

Depois de todos esses eventos, Scout Willis, filha de Bruce Willis e Demi Moore, chamou atenção ao circular sem blusa e bem à vontade pelas ruas de Nova York no último mês de junho, fato que ela fez questão de documentar pelo Twitter – rede social com uma política, digamos, mais liberal com relação à nudez feminina do que Instagram e Facebook, por exemplo. O Twitter não tirou a imagem nem seus reposts do ar.

No início de julho, foi a vez da top Cara Delevingne demonstrar o seu apoio. Ela compartilhou com seus quase seis milhões de seguidores no Instragam uma foto “censurada” do seu peito nu ao lado do de um amigo sem a mesma censura.

Em entrevista ao portal “BBC Newsbeat“, o co-fundador do Instagram Kevin Systrom defendeu a política da rede social. Segundo ele, os termos de uso devem ser cumpridos tanto pelas celebridades quanto pelos milhões de usuários anônimos, para garantir que o ambiente seja o mais seguro possível para jovens e adultos. Para quem ainda não teve curiosidade de ler, as diretrizes do Instagram afirmam: “Lembre-se de que nossa comunidade é diversa, e que suas publicações estão visíveis para pessoas de a partir de 13 anos de idade. Enquanto respeitamos a integridade artística de fotos e vídeos, precisamos manter nosso produto e seu conteúdo de acordo com a nossa classificação na App Store para nudez e conteúdo adulto. Ou seja, não publique nenhum tipo de conteúdo de nudez ou adulto.” O FFW procurou a assessoria de imprensa do Instagram no Brasil para comentar o assunto, mas ainda não teve retorno.

Mas se o controle do Instagram é grande, a criatividade das pessoas também é. Para burlar as regras da rede social, foi criado o Tata Top, biquíni que imita o mamilo. Entre as pessoas que ajudaram a divulgar o produto está a top Suki Waterhouse – outro nome forte do universo fashion que quer que as mulheres tenham o mesmo direito já conquistado pelos homens (sim, isso também foi uma conquista deles feita no início do século passado!). A peça feminista e divertida também é beneficente, pois parte da renda obtida com suas vendas é revertida para instituições de pesquisa sobre o câncer de mama.

Além da equidade de gêneros, do empoderamento feminino sobre seu próprio corpo e da censura arbitrária aplicada pelas redes sociais, está a questão-chave do movimento, segundo a cineasta e fundadora do “Free the Nipple”, Lina Esco: trata-se apenas de mamilos e não há nada de pornográfico neles – ou, pelo menos, não deveria haver. “O mamilo é a primeira coisa que vemos quando nascemos”, afirmou ela ao site “Ryot”. “Ele nos nutre. Quando foi que se tornou algo tão mau?” Bem, pelo menos em Nova York ele não é tão assustador assim, como Miley Cyrus, outra entusiasta estrelada do assunto, fez questão de deixar bastante claro com o seu tuíte:

 ”Feliz Natal! Obrigada NY por ser um dos poucos estados a libertar o mamilo” diz o tuíte da cantora ©Reprodução

Enquanto nos Estados Unidos é proibido andar por aí com o peito nu em 35 estados (na Louisiana, por exemplo, a desobediência à regra pode condenar a mulher a três anos de cadeia), no Brasil a prática é ilegal em 100% do seu território – o artigo 233 do Código Penal considera crime qualquer ato obsceno em público e o topless pode ser interpretado como tal. As maiores questionadoras dessa restrição por aqui estão entre as frequentadoras das praias cariocas, que querem tomar sol sem a parte de cima do biquíni, como já é comum em países europeus desde os anos 1960 – década em que o movimento feminista viveu um de seus auges. No final do ano passado, inclusive, foi organizado um “toplessaço” na praia de Ipanema para chamar atenção das pessoas e da mídia acerca do tema, mas, por enquanto, os mamilos continuarão “presos” e cobertos por sutiãs, biquínis, maiôs e blusas – a menos que sejam levados a uma praia de nudismo.

Apesar de tanto o Instagram quanto as leis de diversos países não darem sinais de que irão mudar em breve para atender o desejo das 117 mil seguidoras do @freethenipple no Twitter, o debate parece que não esfriará tão cedo. Especialmente se celebridades do calibre de Lena Dunham, Miley Cyrus, Rihanna, Cara Delevingne e Suki Waterhouse continuarem aderindo e libertando pouco a pouco seus mamilos não apenas das roupas, mas principalmente do preconceito e do machismo ainda tão presentes em nossa sociedade.

“‘Scout Willis protesta contra a exclusão do Instagram da Rihanna e  parece muito bem enquanto faz isso’. LIBERTE O MAMILO” diz o post feito por Rihanna ©Reprodução

http://ffw.com.br/noticias/

por Mariana Pontual | Gente

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