Geotêxteis Biodegradáveis

[Elisângela Ferrante]

Apesar de serem pouco conhecidos, estes materiais são importantes elementos em obras do tipo “solução verde” e onde se necessita a fixação e o crescimento de coberturas vegetais naturais em taludes de terra.

Sabe-se que obras de reforço com geossintéticos são dimensionadas para durar por mais de 120 anos. No entanto, em algumas aplicações tais como as de controle de erosão superficial, esta alta durabilidade pode se tornar prejudicial, quando necessita-se do crescimento de algumas espécies vegetais, necessárias para o controle superficial da erosão de taludes, tanto para aterros quanto para configurações de cortes de terra.

Os geotêxteis biodegradáveis são fabricados para ter uma vida relativamente curta. É proposto para estes materiais funcionarem como um agente inibidor de erosões superficiais devido as chuvas torrenciais. Esta vantagem deverá funcionar eficientemente até que as raízes das coberturas possam se fixar, estabelecendo estes vegetais definitivamente na superfície do solo. Esta cobertura verde deverá se desenvolver antes da degradação natural da matriz do geotêxtil.

Existem vários tipos estruturas fibrosas que podem ser utilizadas como geotêxteis biodegradáveis. Dentre muitas, cita-se as mantas à base de celulose (papel, papelão, etc), redes aleatórias de fibras de jutas, matrizes à base de palha de côco, fibras de sisal, etc. É possível se fazer também matrizes tecidas, distribuídas de forma lógicas, em geotêxteis biodegradáveis mas de uso e desempenho pouco conhecido quando comparado com estas fibras naturais organizadas aleatoreamente. A durabilidade média destes materiais, geralmente, situa-se em torno de dois anos.

Nota-se aqui mais uma forma inteligente de aplicação dos geotêxteis, desta vez tendo como matéria prima materiais naturais. É incrível como a degradabilidade destes materiais está associada com o desenvolvimento das coberturas vegetais, onde suas sementes ou enxertos vegetais são inseridos dentro da manta natural. A funcionalidade deste sistema está intimamente ligada com o correto dimensionamento da cobertura vegetal, relacionando a velocidade de degradação da matriz natural do geotêxtil com o tempo de fixação das raízes dos vegetais germinados na mesma.


Fonte:
Marcelo Ferreira dos Santos - Consultor em Engenharia Civil e Doutor em Geotecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV - Minas Gerais – Brasil). Também possui um Máster in Business Administration (MBA) na área da Construção Civil pela UNIFACS.