Em entrevista com especialista e executivos, discutimos a relação da geração Z com o mercado de trabalho e as profissões do futuro.
Desinteressada, sem ambição e egoísta. Esses são alguns adjetivos que foram usados para definir a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) no mercado de trabalho durante debate recente nas redes sociais.
Em entrevista ao IT Forum, Luana Castro, gerente executiva da divisão de tecnologia do PageGroup, afirma que quando se fala dessa geração, automaticamente é observada uma mudança significativa em relação à visão que essas pessoas têm em relação ao trabalho, o que não significa que eles não possuam ambição.
Segundo dados da pesquisa Global Talent Trends 2023, sete em cada dez pessoas escolheriam a saúde mental e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal ao invés do sucesso profissional. Luana aponta que “o trabalho não está mais em primeiro lugar. O trabalho é o meio, não o fim. Essa geração vê o trabalho como meio para proporcionar outros tipos de propósitos pessoais”.
Dessa forma, a gerente executiva acredita que há uma diferença significativa no que se refere a relação de trabalho da geração anterior, já que enquanto eles valorizavam o propósito da empresa, a nova geração, distanciando-se dessa abordagem, redefine o propósito em termos pessoais e valores.
Antes, a busca por empresas com propósitos alinhados era predominante, refletindo a importância de encontrar significado no trabalho. No entanto, a geração atual, ao invés de se moldar ao propósito da empresa, busca organizações que possam contribuir para o alcance de seus próprios propósitos de vida.
A mudança de foco para valores pessoais destaca uma geração que procura não apenas um emprego, mas uma trajetória profissional que se alinhe com seus objetivos e valores individuais.
A empresa é agora avaliada não apenas pelo produto ou serviço que oferece, mas por sua capacidade de ser um parceiro no percurso do indivíduo em direção aos seus objetivos pessoais.
Essa transformação na abordagem reflete uma nova era, onde a ambição não se limita apenas à progressão de carreira dentro da empresa, mas se estende à busca por realizações pessoais. Essa geração busca não apenas um emprego, mas um caminho que harmonize com seus propósitos de vida, marcando uma mudança profunda na relação entre indivíduo e trabalho.
E isso se entrelaça com uma solicitação cada vez mais comum: a flexibilidade do trabalho. Gabriel Gatto, especialista em RH, afirma que a flexibilidade deixou de ser um diferencial e vem se tornando uma exigência, alegando que o modelo híbrido veio para ficar.
Segundo ele, a exigência do retorno ao presencial não é algo aceito com facilidade, já que o perfil do profissional da geração Z é questionador. Dessa forma, é necessário que haja uma razão para o retorno presencial. “Os jovens não veem mais sentido em irem para empresa trabalhar em algo que facilmente fariam em casa”, aponta o especialista.
Além do aspecto flexível, a remuneração assume um papel central, não apenas como meio de superar a concorrência salarial, mas como a chave para atingir metas pessoais. A nova geração busca empregadores que não apenas ofereçam salários competitivos, mas também oportunidades de crescimento.
Gatto afirma, ainda, que o perfil desses jovens se difere por serem mais ativos e preocupados com o que a empresa está devolvendo para a sociedade. “Essa geração foca na cultura inclusiva, na sustentabilidade. Em como as empresas lidam com questões sociais também”, aponta.
Em contrapartida, essas são demandas percebidas pelas companhias, já que segundo estudo da PageGroup, 54% dos empregadores entendem a necessidade de se ajustarem para um novo tempo.
Diante disso, conversei com Rachel Soares Garcia, diretora de RH da Accenture no Brasil e com a Giovana Veccio, gerente de recrutamento da Accenture, para discutirmos sobre quais métodos vêm sendo implementados na empresa para atender as demandas dessa geração no mercado de trabalho.
Garcia aponta que vê como positiva toda essa movimentação das novas gerações, que é através dessa insurgência que as mudanças são realizadas. Para ela, a Accenture está na vanguarda dessas mudanças.
“Nós estamos comprometidos em garantir um ambiente inclusivo para todos, independentemente de sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão”, afirma a diretora. Para além do discurso, Veccio afirma que existem políticas de inclusão e debate para diversos grupos minoritários, além de priorizarem o tema de ESG.
Além disso, Rachel aponta que a flexibilidade de horários e programas de capacitação profissional também são preocupações da empresa. Entendendo que há uma constante necessidade de atualização no mercado de tecnologia, a Accenture investe em capacitação para que o profissional adquira novas habilidades e possa avançar em novas funções, desde que isso esteja alinhado ao seu plano de carreira.
Ao falar em carreira, Alexandre Mendonça, gerente de recrutamento da Robert Half, afirma que a geração Z vem investindo na área de tecnologia. “Antigamente ouvíamos que os jovens queriam ser advogados, médicos. Hoje em dia eles querem ingressar na área de TI”. E é com essa crescente demanda que Isabela Castilho, CEO da Rocketseat, teve que lidar.
Segundo a executiva, houve um aumento significativo de alunos na escola de programação para desenvolvedores durante a pandemia. O perfil desses alunos? Jovens entre 18 e 30 anos.
Com base nesse crescimento, Mendonça acredita que o desejo de ingressar na área de tecnologia pode estar atrelado ao salário competitivo e possibilidade de trabalhar na modalidade remota. Além disso, a constante evolução tecnológica é atrativa para uma geração que busca se reinventar constantemente.
Quando questionado sobre as profissões na área de tecnologia que os jovens deveriam considerar, o gerente da Robert Half foi enfático. “Tudo que envolva dados vai estar presente nas profissões do futuro, mas mais especificamente: especialista em segurança da informação, IOT, Salesforce, Machine Learning e cientista de dados”.
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