Sempre afirmo que ninguém é pago para ser ingênuo ou para trabalhar em um mar de rosas, com abundância de dinheiro e de pessoas talentosas. Portanto, um gestor com um mínimo de competência administrativa e
senso da realidade não pode preparar seus processos contando com os
melhores profissionais, pois a probabilidade de que não conte com
mão-de-obra extremamente qualificada é muito grande.
O gestor precisa estudar, com o auxílio de RH, os perfis que realmente terá à disposição (em função do mercado e do salário que a empresa pode pagar) e preparar o trabalho para ser feito com garantia
de qualidade mesmo com uma equipe muito ruim. E, o melhor, sem
queixas!
Como se gerencia um grupo ruim? Missão impossível? Longe disto. Em primeiro lugar, o gestor deve estudar detalhadamente o mercado e compreender com clareza quem terá à disposição. Se não for "o time dos
sonhos", precisa arrumar em seus processos:
1. Treinamento forte.
2. Padrões documentados.
3. Supervisão excelente.
4. Automação (toda que for possível).
5. Inspeção rigorosa.
Todos estes cinco itens serão planejados em função dos perfis reais e não em função de perfis sonhados, mas inexistentes. Eles amenizarão o fato do gestor ter uma equipe ruim. A falha não reside no fato de não
termos pessoas talentosas e automotivadas à disposição, mas no fato de
não reconhecermos e não nos prepararmos para esta realidade.
Sonhar ou reclamar certamente não são bons negócios e não resolvem absolutamente nada. Ter funcionários muito jovens e/ou mal pagos e/ou com perfis fracos não é desculpa para equipes de baixa performance.
Muitos gestores são preguiçosos e procuram o atalho, isto é, não
preparam planos de treinamento, não escrevem procedimentos, não mapeiam
processos, não desenvolvem (estes, sim) supervisores excelentes, não
estudam automação nem implantam inspeção rigorosa.
Não tem paciência para isso. Preferem a zona de conforto onde acusam a empresa e RH de não contratarem as melhores e mais talentosas pessoas.
O gestor precisa viver um paradoxo: ter um grupo ruim (exagerando na expressão) e, mesmo assim, ter a capacidade de organizar o trabalho para suavizar esta ruindade e obter resultados. Se não fosse assim,
para que seriam necessários os gestores?
Paulo Ricardo Mubarack - Consultor de Gestão, Qualidade, Administração de Pessoas, RH, ISO9001 e Autor do Livro empresas nuas
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