Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Dólar atinge a menor cotação desde 2008, abaixo do piso defendido pela Fazenda; governo pode anunciar medidas depois do carnaval

04 de março de 2011 | 22h 30

BRASÍLIA - Preocupado com a nova rodada de valorização do real, que ontem atingiu o menor valor desde agosto de 2008, o governo prepara novas medidas na área cambial, segundo informou ao ‘Estado’ uma fonte do Ministério da Fazenda. O ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, discutiram o assunto nos últimos dias e novas iniciativas já estão praticamente prontas pela área técnica do governo.

Segundo a mesma fonte, há grande chance de ela sair logo depois do carnaval. "Será uma medida forte", disse. Para enfrentar a valorização da moeda brasileira, o governo já elevou duas vezes o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investimentos estrangeiros em renda fixa (hoje está em 6%), alterou normas de forma a limitar a aposta dos bancos na alta do real, voltou a colocar swaps cambiais reversos (instrumentos equivalentes a compras de dólares no mercado futuro) e também criou o leilão a termo de câmbio, que é uma operação feita em um dia com entrega em data futura.

Entre as medidas possíveis de serem utilizadas para enfrentar a "guerra cambial", evitar a valorização do real e garantir a competitividade do setor exportador brasileiro está a compra de moeda estrangeira por meio do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O governo tem autorização para operar com o FSB, mas ainda não acionou as compras. 

Quarentena. Outra possibilidade que já foi mencionada por fontes do governo seria a adoção de medidas de controle cambial, como uma elevação brusca da alíquota do IOF no ingresso de capitais no País até a opção de maior rejeição pelo mercado externo, que é a imposição de uma quarentena para o ingresso de capitais. Existe uma preocupação do governo de deixar claro que ele não pretende criar qualquer dificuldade à saída de capitais estrangeiros.

Ontem, o dólar fechou negociado abaixo de R$ 1,65, o mais recente piso informal que vinha sendo defendido de forma bem sucedida pelo governo.

A cotação de fechamento no balcão foi de R$ 1,644, queda de 0,42% sobre a cotação de anteontem. Na semana, a queda acumulada é de 1,14%. Vale lembrar que o Banco Central atuou fortemente nesta semana para conter a escalada do real, usando as três modalidades de intervenção (compras à vista, swaps reversos e leilões no mercado à termo).

O movimento de perda de valor do dólar ocorre em vários lugares do mundo por conta da baixa taxa de juros e da emissão de moeda nos Estados Unidos. Assim, muitas empresas nacionais têm buscado captar recursos no exterior, o que ajudou a inflar os números do fluxo de dólares no primeiro bimestre de 2011 - no total, o fluxo cambial em janeiro e fevereiro, faltando um dia para fechar o resultado do mês passado, superava os US$ 20 bilhões. 

Além disso, o Brasil tem sido um dos destinos preferidos do capital estrangeiro por conta de seu crescimento econômico ser um dos mais fortes do mundo e pelas perspectivas relativas aos grandes eventos como Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, além da exploração do petróleo na camada pré-sal.

Também não se pode desprezar o efeito que o processo de alta dos juros em curso pelo Banco Central poderá vir a ter. Desde a alta do IOF para investimento estrangeiro em renda fixa, esse segmento teve uma diminuição significativa nos fluxos para o País. Contudo a alta da Selic em tese tende a diminuir o peso do tributo e a atrair mais capital para especular com os títulos do governo.

 

Fonte: Fabio Graner, de O Estado de S.Paulo

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