Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Hora de apostar na bolsa?

Fonte: Correio Braziliense

O ano foi difícil para quem aplicou na bolsa de valores, que já veio de um 2010 insosso, com um reles ganho de 1,04%. Até a sexta-feira, o Ibovespa, índice que reúne as principais ações negociadas no pregão paulista, acumulava queda de 16,48% em 2011, depois de derrapar até os 25% negativos. Mas dezembro chegou e trouxe uma semana melhor para os investidores — a valorização foi de 5,45%, atenuando o desempenho amargo de 2011. Até a possibilidade do tradicional rally de fim de ano, em que as ações costumam ter ganho expressivo, já está sendo cogitada por parte dos analistas, antes totalmente descrentes. É preciso, no entanto, colocar o pé no chão e não se empolgar com as altas recentes e a possibilidade de ganho a curto prazo, alertam os especialistas.

O cenário externo que lançou a bolsa no vermelho não mudou, dizem eles. Para zerar as perdas no ano, o Ibovespa precisa de alta de 19,7% até o último dia do pregão. "Continuo pessimista", afirma o economista-chefe da Corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. Para quem está pensando a curto prazo, nos próximos três ou quatro meses, ele avisa: a volatilidade deve continuar. Isso quer dizer que o eventual ganho de 5% de uma semana pode virar perda de 10% na seguinte. O diretor da Título Corretora, Márcio Cardoso, reforça: "Quem compra hoje para vender amanhã é especulador e não investidor. Bolsa é para longo prazo, e não para o dinheiro da pinga".

A vibração dos mercados na quarta-feira passada chamou a atenção, depois que os principais bancos centrais do mundo resolveram, conjuntamente, reduzir custos nas operações de entrada e saída de divisas na Zona do Euro, para garantir a liquidez de recursos na região. O resultado foi a melhor semana das bolsas europeias desde outubro de 2009. A Bovespa foi na onda e ainda surfou, no dia seguinte, nas medidas do Ministério da Fazenda para incentivar o consumo e o investimento de estrangeiros em ações. A decisão pela redução da tributação dessas operações e de alguns produtos quebrou uma sequência de desvalorização de semanas seguidas. Daí a empolgação dos investidores.

Mas, por enquanto, avisam os analistas, nada foi alterado no problema central: o enorme endividamento de países como Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália. De concreto, só a intenção dos agentes políticos de não permitir a quebradeira geral. Contudo, diante da recessão mundial que avistam, os analistas esperam um primeiro semestre de 2012 complicado. Mas para o fim do ano que vem e de 2013 as expectativas mudam, já que as ações continuam baratas.

"A valorização elevada em determinados dias decorre da alta volatilidade. Se há ganho expressivo súbito é porque houve perda anterior maior. É uma mistura de pânico e euforia, própria de investidor que não sabe o que fazer", observa o analista da corretora Ativa, Pedro Azzam. "Por isso, numa situação dessas, o melhor é não fazer nada", aconselha André Mello, analista sênior da TOV Corretora. Em outras palavras: quem está dentro não se mexe e quem está fora assim deve continuar. A não ser que esteja disposto a correr risco alto.

Papéis baratos
A agência internacional de notícias Reuters fez uma pesquisa com 22 analistas, estrategistas e gestores de fundos na semana passada, que projetaram, na média, o Ibovespa entre 61.500 e 70.000 pontos até o fim de 2012. Considerados os 57.885 pontos do fechamento do índice na sexta-feira, a valorização esperada será de 6,2% a 21% em relação ao patamar atual. Comparada com aplicação de renda fixa, na casa de 9% a 10% líquidos ao ano, não chega a ser um prêmio tão bom para o tamanho do risco. "Em 2012, o investidor estará de olho nas eleições norte-americanas e no estrago na Europa, em quanto os Estados Unidos vão diminuir o consumo e em que medida a China será afetada pela crise global. Tudo isso congela os investimentos das empresas e influi na cotação das ações", destaca Azzam.

Se a bolsa é um negócio arriscado a curto prazo, para quem estiver pensando em 2013, o prognóstico é mais animador. Nesse horizonte mais longo, diz Vieira, há espaço para ganhar um bom dinheiro, porque os papéis negociados na bolsa brasileira estão baratos. "Se a economia reagir, os investidores estrangeiros voltam rapidamente. As ações no Brasil foram as que mais caíram entre os países emergentes", lembra.

Cardoso avalia que o quadro externo continua ruim, mas que as cotações atuais das ações no Brasil e no exterior já incluíram a precificação de todos os fatos negativos até agora. O mercado sempre antecipa fortemente o movimento que está por vir. Mas a eventual deterioração da economia chinesa e o aprofundamento da crise europeia para países como França, e até mesmo Alemanha, ainda não foram considerados. "Se nada disso ocorrer, avalio que os preços estão atraentes para o investidor de longo prazo", afirma o diretor da Título Corretora.

Sem piora do quadro atual, o mercado espera que as ações deslanchem a partir do segundo semestre de 2012. Quem pensa em aplicar na bolsa pode estar concluindo, com razão, que o melhor é esperar para comprar as ações lá na frente. Mas o mercado acionário não funciona assim. Quando todos acreditam que haverá uma alta em determinado momento, é comum a antecipação de compra, o que pressiona os preços para cima. "Quando chegar lá na frente, as ações já estarão num patamar tal que o retorno não será tão atraente em relação ao que conseguiria se houvesse entrado antes", pondera Cardoso.

Para quem tem receios, mas quer apostar, a recomendação é a de sempre: alocar apenas pequena parte das economias em ações e, neste momento, nos papéis voltados para o consumo interno, com maior propensão de ganhos. O setor elétrico também entra nessa carteira. "Um mix de papéis é sempre importante", recomenda Mello, da TOV.

 

 

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