Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Importação ameaça pequenas empresas

As pequenas e médias autopeças são as mais afetadas com a crescente importação, sobretudo de países asiáticos. Mesmo assim, trabalhadores de montadoras e grandes indústrias também temem a desindustrialização. Diante do cenário de insegurança, metalúrgicos realizaram ontem protesto na Rodovia Anchieta, em São Bernardo. O ato, com a participação de 15 mil trabalhadores, segundo o comando da Polícia Militar, teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade civil para os impactos causados pela balança comercial desfavorável; com a moeda brasileira mais valorizada do que o dólar, a exportação é desestimulada. Só no último ano, 103 mil vagas deixaram de ser geradas.

O protesto conjunto entre centrais sindicais prevê a discussão do cenário industrial. Trabalhadores reivindicam nova política industrial, que freie o ritmo das importações. "Toda a cadeia industrial do País perde, principalmente, postos de trabalho, com a importação de peças. Quanto menor a empresa, mais rápido vagas serão fechadas, já que o lucro será menor", diz o diretor de comércio exterior da regional do Ciesp de São Bernardo, José Rufino Filho.

O coordenador técnico do Dieese Fausto Augusto Junior, da subseção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, diz que as autopeças, diante das montadoras, enfrentam a alta rotatividade de trabalhadores. "Isso nos preocupa e é por isso que temos de olhar esses dois mundos separadamente."

No caso das montadoras, o cenário é mais favorável. O setor fabricou 1,71 milhão de unidades de veículos no primeiro semestre - 4,1% mais do que no ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Além disso, o setor contratou pelo 24ª mês seguido.

Nem mesmo os balanços positivos deixam os trabalhadores mais aliviados, que reclama do aumento das importações. Entre janeiro e maio de 2008, foram licenciados 142 mil veículos importados. Neste ano, foram emplacados 320 mil automóveis, conta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre. "A cada veículo importado, deixam de ser gerados 29 postos de trabalho no País", diz o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. A Anfavea afirma que os importados correspondem a 22,8% do total comercializado no País.

Para Rufino, do Ciesp, o maior problema para a indústria brasileira não é a importação, mas o alto custo de produção no País. "O que pesa no bolso das indústrias nacionais são os impostos e encargos trabalhistas pagos aos colaboradores. O custo da produção no País é mais elevado do que em outros países", diz. "Empresas têm que arcar com as altas cargas tributárias e encargos trabalhistas, além do custo elavado das matérias-primas. Não temos como nos comparar com a China. O trabalho lá é semi-escravo."

 

Negociação salarial promete ser mais acirrada

A continuidade na evolução da renda média do trabalhador metalúrgico - que em 2010 obteve o maior reajuste em dez anos, entre as montadoras, de 10,8% - irá depender de nova política industrial no País e tende a ser mais acirrada. A tese é do coordenador técnico do Dieese Fausto Augusto Junior, da subseção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, acrescentando uma que renda maior não está garantida. Isso dependerá dos rumos da indústria nacional.

Os metalúrgicos da região, da base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que engloba Diadema, São Bernardo, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, ganham R$ 3.700 em média - a segunda maior renda no Estado. A região conta com 146 mil metalúrgicos.

Apesar de ter um dos maiores salários do País, os trabalhadores estão preocupados com a reorganização do setor a longo prazo. "Seremos produtores de automóveis ou importadores? Esse é o desafio, e não é para agora, quando as decisões começam a ser tomadas, e sim daqui dez anos, para não acontecer o que houve na década de 1990, quando fábricas saíram do País e plantas foram fechadas", aponta Junior.

NOVOS SALÁRIOS - Hoje, pela manhã, a Federação dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT/SP dará o primeiro passo passo na campanha salarial deste ano, com a realização de plenária estatutária na sede da federação, em São Bernardo.

Na ocasião, serão definidas as principais reivindicações da categoria, cuja data-base é 1º de setembro. Estarão presentes dirigentes e presidentes dos 14 sindicatos metalúrgicos filiados à federação em todo Estado, que representam 250 mil trabalhadores dos setores automotivo, autopeças, forjaria, parafusos, fundição, máquinas, eletroeletrônicos, trefilação, lâmpadas, material bélico, estamparia, entre outros.

"O cenário deste ano é diferente do de 2010. Hoje, a inflação está um pouco maior, mas a economia está aquecida, as empresas estão mantendo investimentos, apesar da entrada dos importados", explica o presidente da Federação, Valmir Marques, o Biro Biro.

Presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, sinaliza que, mesmo com um cenário mais delicado, não significa que a categoria não lutará por melhores salários e condições de trabalho. "Agora é o momento de avançar."

 

Protesto visa atenção do governo para nova política industrial

Estudar junto ao governo medidas que freiem a entrada de importados no País é o desejo dos sindicalistas e trabalhadores ao promover a manifestação na Rodovia Anchieta, ontem pela manhã.

Encabeçado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à Central Única dos Trabalhadores) e pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes (da Força Sindical), o ato contou com o apoio de diversos setores (como têxtil e bancário), além dos metalúrgicos de Guarulhos e São Caetano.

A solicitação pela audiência com a presidente Dilma Rousseff pesou mais do que a liminar do Tribunal da Justiça, que proibia a interdição da rodovia.

O documento determinava que o ato não poderia ser realizado na faixa de rolamento, nos acessos, nos acostamentos, nas pontes e nos viadutos da via, sob pena de multa de R$ 1 milhão. "Isso não nos impede de fazer o movimento. Temos a liberdade de expressão e vamos ser orientados pelo policiamento. Não estamos aqui para prejudicar o cidadão comum, muito menos para fazer baderna. Estamos apenas lutando por mais postos de trabalho e por uma indústria sólida", enfatiza o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre.

O dirigente sindical disse que vai recorrer contra a multa determinada pelo Tribunal de Justiça. "Essa foi uma atitude isolada da Justiça. Nunca temos problemas", diz.

 

 

FONTE: http://www.dgabc.com.br/News/5898434/importacao-ameaca-pequenas-emp...

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