Indústria acumula estoques e dá sinais de desaceleração
Ayr Aliski - O Estado de S.Paulo
O acúmulo de estoques e o ritmo de produção abaixo do verificado no ano passado são apontados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) como novos indicativos de desaceleração do setor.
Sondagem feita pela entidade mostra que o indicador de produção atingiu em julho 50,4 pontos, patamar acima do registrado no mês anterior, mas ainda assim abaixo dos 53,4 pontos registrados no mesmo período do ano passado.
No caso dos estoques, o indicador ficou em 53,9 pontos, ante 51,3 pontos há um ano.
A sondagem industrial da CNI considera uma escala entre zero e 100 pontos, na qual valores acima de 50 pontos significam evolução positiva, estoque acima do planejado ou utilização da capacidade instalada acima do usual. Leituras abaixo da marca de 50 pontos indicam retração.
Sinais de desaceleração. Ainda que o indicador de produção tenha ficado acima dessa marca, para a CNI a sondagem permite identificar que aumentam os sinais de desaceleração na indústria.
A entidade destaca que dos 26 setores da indústria de transformação pesquisados, 22 operam com atividade abaixo do usual.
Um dos problemas envolve os estoques elevados. "Como esses estoques precisam ser desovados, a produção industrial não deve crescer.
Falta crédito. Soma-se a isso o cenário desfavorável às vendas, pois tanto o mercado externo como o interno estão desaquecidos, os juros e a inflação estão em alta e há escassez de crédito", avaliou o economista da entidade Marcelo de Ávila.
O uso da capacidade instalada de produção atingiu no mês passado o patamar de 75%, ante 74% em junho.
O indicador de "utilização efetiva", que segue o critério de pontos, ficou em 45,1 em julho, ante 44,7 em junho, ambos na faixa "negativa" do levantamento.
Para a Confederação Nacional da Indústria, além de a pesquisa reforçar a indicação de que a atividade industrial segue abaixo do usual, os dados repassados pelos industriais reforçam a percepção de que o setor está desacelerando.
De acordo com a entidade, as pequenas empresas apresentam queda na produção; as médias, estabilidade; e as grandes apontam crescimento.
Universo da pesquisa. Na elaboração da sondagem, foram consultadas 1.892 empresas, sendo 988 pequenas, 638 médias e 266 grandes. As informações foram coletadas entre os dias 1.º e 16 de agosto.
As expectativas dos empresários, entretanto, ainda são positivas, embora não tanto quanto no mês anterior.
O setor continua confiante na demanda do mercado interno, no número de empregados e nas compras de matérias-primas para os próximos seis meses.
Para agosto, as expectativas dos industriais estão na faixa "otimista" (acima de 50 pontos) em relação à demanda (61,3 pontos), compras de matérias-primas (57,6 pontos) e número de empregados (53,2 pontos).
As expectativas dos industriais em relação à exportação (49,1 pontos) , no entanto, estão na faixa classificada como "pessimista" .
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